quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Projecto de Urbanização da Ex-Fundição de Oeiras

Parecer da Quercus


A área objecto de intervenção encontra-se definida no Plano Director Municipal de Oeiras como “área industrial”.

A reconversão desta área em consequência da desactivação da Fundição de Oeiras implica a necessidade de se proceder a uma alteração de usos. No entanto, esta operação deveria ter sido objecto de um Plano de Pormenor que procurasse uma articulação entre a realidade de uma antiga zona industrial com a sua envolvente, e nomeadamente com as áreas habitacionais já existentes, fixando cedências para equipamentos colectivos e zonas de espaços verdes.

O projecto agora em apreciação prevê, pelo contrário, um enorme aumento do índice de construção (1,84 cerca do triplo permitido no PDM para o Aglomerado Urbano em que se insere), permitindo ainda a construção em altura para níveis muito superiores aos existentes na envolvente. Se a envolvente apresenta cérceas não superiores a 6 pisos, o projecto prevê uma maioria de lotes com 10 pisos e ainda duas torres com 25 pisos, consubstanciando assim uma barreira e uma ruptura no continuum paisagístico e urbano.

À área de construção prevista encontra-se associado ainda um nível de ocupação extraordinariamente elevado para uma zona que conhece já hoje graves constrangimentos de circulação.

Com efeito, aos 466 fogos para habitação e ao hotel com 125 quartos - , correspondentes, grosso modo, a 4000 moradores -, acrescerá ainda uma vasta zona comercial, que inclui uma grande superfície (centro comercial e/ou hipermercado), e mais de 4500 novos lugares de estacionamento. Será, assim, de esperar um acréscimo de mais alguns milhares de pessoas, para além dos referidos 4000 moradores, circulando diariamente pela zona.

As soluções para a circulação de transportes colectivos afiguram-se pois manifestamente insuficientes face ao volume de tráfego e ao tipo de ocupação e de procura previstos. O interface proposto não conseguirá dar resposta ao enorme afluxo de pessoas e de veículos. E as áreas circundantes à zona de intervenção não possuem vias com capacidade de escoamento para servir as novas áreas habitacionais, para as quais não foram previstas soluções englobando o transporte colectivo.

Merece ainda referência um outro aspecto, de não pouca importância, e que não é salvaguardado pelo presente projecto de urbanização, que é a preservação da memória histórica e cultural de uma ocupação tradicional com impacto no Concelho.
Com efeito, o projecto em causa apresenta-se desproporcionado e sem qualquer relação com o património edificado circundante, em termos que redundam em descaracterização e desfiguração da paisagem natural e construída.
Em conclusão, a solução apresentada é totalmente contrária ao que seria desejável para a requalificação de uma zona pós-industrial, a qual deveria apostar prioritariamente em equipamentos colectivos e de lazer, preservando as memórias e os vestígios da ocupação tradicional originária.

O projecto de urbanização proposto revela-se uma intrusão de densidade muitíssimo mais elevada que as envolventes, sem soluções viárias e de transporte colectivo viáveis, e que, a ser implementado, provocará sérias disfunções no tecido urbano e viário do Concelho, com impactes imprevisíveis a médio e a longo prazo no ambiente urbano e na qualidade de vida da população que habita em toda a vasta zona envolvente.


A Direcção Nacional da Quercus-ANCN

12 comentários:

Anónimo disse...

Senhores da Quercus,

Deixem-se de fundamentalismos e aceitem que o mundo mudou e vai continuar a mudar. Portugal não pode ficar arredado deste processo de desenvolvimento.

http://farm4.static.flickr.com/3182/2651064466_090ff4fe6f_o.jpg

Menina Idalina disse...

Ó anónimo, se mal pergunto, e dado que fui verificar essa foto que aqui nos deixa o link, defina lá processo de desenvolvimento Xavor.
Olhe e já agora, defina, como se eu tivesse 4 anos, isto é seja simples e claro . ( isto se for capaz)

Anónimo disse...

Eu não preciso de definir nada. Apenas dei a minha opinião em como a atitute da Quercus não faz sentido visto que não corroboram as suas afirmações com dados técnicos. A meu ver eles é que têm de provar que estão certos e que de facto este projecto não tem viabilidade. Se a menina idalina quer partir para o insulto a opção é sua mas fique já com esta citação de Jack Welch; "Arrogance is a killer, and wearing ambition on one's sleeve can have the same effect. There is a fine line between arrogance and self-confidence. Legitimate self-confidence is a winner. The true test of self-confidence is the courage to be open—to welcome change and new ideas regardless of their source. Self-confident people aren't afraid to have their views challenged. They relish the intellectual combat that enriches ideas.".

Anónimo disse...

Eu não sei inglês para entender o Senhor anónimo (embora em 1964 tenha trabalhado num Hospital de Doentes Mentais perto de Londres) Aí estes intelectuais!!!
Clotilde

Jorge Pinheiro disse...

Bom, a última coisa que um assunto tão sério merece é uma briga sem efeito útil. Cada um tem a opinião que entende e, pessoalmente, acho que muitas vezes estas organizações ambientalistas dizem aquilo que se espera que digam. Sem embargo, e como sabem, estou completamente contra o projecto com os índices previstos e no modelo escolhido. Será bom lembrar que em 2000, quando este projecto começou a ser esboçado na cabeça do Presidente da CMO, ele afirmava que esta seria a nova centralidade de Oeiras. Uma obra "pombalina" que incluía a passagem da sede camarária para aqui. Entretanto já não vem! O projecto "evoluíu" e as centralidades também!!!
A propósito, vale a pena ler (e, quiçá, publicar) a notícia do Público (Local) de 18 ou 19. A procissão ainda vai no adro!

Isabel Magalhães disse...

JP;

No dia de hoje está publicada no O.L. a terceira parte do artigo do Público (Local) pág 14 do dia 19 Agosto.

Abraço

I.

Jorge Pinheiro disse...

Cara Isabel,
Sempre atenta. Peço desculpa. Comecei por cima.
Bjs.

Isabel Magalhães disse...

JP;

Nada a desculpar. Vou tentar publicar tudo.

bj.

Menina Idalina disse...

Anónimo:
"Ich verstande sie" quero eu dizer : Já percebi.
Desculpe lá a perguntinha inocente que fez cair por terra uma opinião sem sentido da fundamentação . Eu pensava que, teria ponderado aspectos mais relevantes, que não o gosto pessoal . Assim, estamos conversados.
E já agora , não sei onde está o insulto mas percebi lindamente que a citação lhe assenta que nem uma luva . De qualquer maneira , Jack Welch nem mesmo com grande General Electric a dar-lhe apoio sócio-económico LOL.
Mais, se desejar ler vários artigos sobre a matéria em foco que levantam questões pertinentes , leia o OL em vários postes que colaboradores editaram, e o blog http://fundicaodeoeiraseseutermo.blogspot.com.

Anónimo disse...

O seu problema é não aceitar a mudança e a existência de empresas como a General Electric que acabaram com os burocratas, ou seja, pessoas como a senhora que passe-me a expressão só sabem empatar e não percebem nada de nada.

O que se passa neste caso é que existe um projecto que manifestamente vai contribuir para o desenvolvimento de Oeiras. A senhora pode vir com os pseudo argumentos que quiser mas este facto não vai poder negar.

Isabel Magalhães disse...

Ó anónimo de 20 de Agosto de 2008 22:35

Pronto... já fez a sua PUB (considere um bónus) mas para a próxima diga 'olá','viva', importam-se?'... essas coisas que as pessoas civilizadas dizem quando 'entram' na casa dos outros.

NB - Votos de sucesso para o livro! ;)

Unknown disse...

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Para aqueles que se dirigem à QUERCUS neste espaço, que muito provavelmente eles NÃO LÊEM, porque não fazerem chegar as vossas dúvidas, ideias, críticas, sugestões e opiniões directamente à associação?

O link está disponível no banner lateral em "Associações Ambientalistas".

Convidamos a que nos enviem por mail - oeiraslocal.blogspot@gmail.com - quer o que escreveram quer a reposta que tiveram. Teremos todo o gosto em publicar o mail sob a forma de artigo, para divulgação e eventual debate.

Cumps

nota: Isto é válido para qualquer outro comentário no mesmo teor, em que o comentador se dirija a uma entidade citada no Oeiras Local.

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