terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vitalício, hoje, só como alcunha - Opinião - DN

Vitalício, hoje, só como alcunha - Opinião - DN


Vitalício, hoje, só como alcunha

por FERREIRA FERNANDES



Hoje
Ângelo Correia, o último dos ingénuos (e isso, claro, é elogio), interrogado sobre as pensões vitalícias dos ex-políticos e actuais gestores de empresas, quase se engasgou perante a hipótese de ficar sem aquela verba de arredondar o fim do mês (no caso dele, 2200 euros). Aquela pensão é, disse, um "direito adquirido". Adquê?, espanto-me eu. Em Outubro de 2011, direito adquirido pertence à família de ceroula, é termo que nos é muito chegado mas que caiu em desuso. Entre as catástrofes que nos acontecem, incluindo o fim dos direitos adquiridos, acontece-nos também termos de perder a ilusão de que os direitos adquiridos eram direitos e adquiridos. Mesmo os funcionários públicos mais angélicos já sabem que os 13.º e 14.º meses, para o ano e para o ano a seguir, já eram (e até suspeitam o mesmo para os anos seguintes aos a seguir). Os únicos crentes num mundo imutável parecem ser os ex-políticos gestores de topo: acreditam na pensão vitalícia. Homens de demasiada fé! Hoje, para muitos, pode mudar-se do emprego certo para a indigência, e só não se podia, para uns poucos, mudar de pensão vitalícia, é? Pois não é. Seria se aos políticos que mandam lhes interessassem mais os políticos que mandaram do que lhes interessa continuarem a mandar. Ontem, quando havia (ou se julgava haver) margem de manobra, podia ser-se corporativamente generoso. Infelizmente para Ângelo Correia, hoje os que mandam têm, mesmo, de parecer justos.

3 comentários:

Leite Pereira disse...

Falta de pudor do Sr. Ângelo Correia que além da pensão vitalícia referente a 15 anos de serviço(!!!) ainda recebe vencimento de gestor.
O meu caso: funcionário público aposentado no topo da carreira fico sem metade do subsídio de Natal deste ano, e nos próximos sem a totalidade do subsídio de férias e de Natal , com menos 10% do vencimento mensal e desconto de mais 1,5% para a ADSE. Não recebo mais nenhuma subvenção e repito trabalhei 36 anos não estive com o rabo sentado todo o dia no Parlamento nem tão puco acumulei outros empregos.Se este senhor tivesse alguma vergonha estava calado, pois há muita gente que via passar muito mal pelo que alguns como eu ainda nos podemos sentir priveligiados.Estes tipos causam-me revolta.

Isabel Magalhães disse...

Revolta, descrença, desânimo...

Leite Pereira disse...

Gostaria de saber se estes senhores que ao fim de 15 anos tiveram direito a subvenção quanto descontaram para a ADSE. Seria o mesmo de um funcionário público que só se reforma ao fim de 36 anos ou descontavam 2,5 o desconto dos funcionários públicos? É que se o desconto era igual ao dos funcionários públicos a injustiça ainda é maior.