sábado, 15 de março de 2008

UMA VIAGEM AO DÁ FUNDO

De uns pequenos passeios que dei no domingo passado e ontem (fui ver a exposição da pintura em seda na SIMECQ) ficou-me um princípio de dor pela minha impotência de travar aquilo que eu – analfabeta de progresso – considero verdadeiros horrores que estão a fazer no DAFUNDO /Cruz Quebrada.


Percorri a linha dos eléctricos (R. Direita do Dafundo – Sacadura Cabral) e entrei pelas várias ligações à Marginal - Avenida Ivens. Daquelas casas pequenas “antigas vilas” e chalets de veraneio estão a surgir grande blocos de “apartements”. E também dalgumas que restam vê-se o emparedado e as informações Venda. Na Rua Paulo Duque a Villa Louise espera que a comprem: quedando-me em frente, a olhá-la, senti que ainda se ouviam os risos e as lágrimas de quem há muito tempo sonhou dias com sol para um passeio até ao areal. Quem a adquirir não será para a restaurar, mas … Resiste - até quando - a Quinta dos Cedros que faz a ligação entre estas duas margens.


Mas a facada maior no meu coração é uma construção na Rua Policarpo Anjos de um condomínio fechado - alvará 40/2007–despacho de 26.01.2006. Dos andares superiores deve ver-se o mar (que será chamariz para a venda) e que remata a traseira em cima da linha dos eléctricos sufocando aquela artéria.


E depois ainda dizem que o Bairro Clemente é um monstro, mas o que se nota é que não lhes ficou de emenda e agora até se fala em demolir. Para quê? Para levantar um condomínio de betão e atrair gente que tem dinheiro mas não tem senso? E se um dia os Terraços da Barra vierem visitar pessoalmente o Dá Fundo?


Algumas das antigas construções parece que foram adquiridas pela Câmara de Oeiras para habitação jovem. Mas é para as recuperar com a traça como nasceram? Ou será para as demolir ou descaracterizá-las com modernices de gosto duvidoso?


Não liguem, não devo ter razão nesta minha dor. Há quem diga se todos fossem como eu, ainda estávamos na época dos dinossáurios e não tínhamos a felicidade de comunicar pela Internet.

Clotilde Moreira / Algés

3 comentários:

Fernando Lopes disse...

Olá Clotilde

Não creio que a área que refere esteja abrangida pelo Plano de Salvaguarda de Oeiras. No entanto, foi criada uma SRU (Sociedade de Reabilitação Urbana) para essa Zona.

Provavelmente o factor "privado" vai-se sobrepôr. Como é costume e ainda de lei...julgo eu.

Anónimo disse...

Amigos,

O que está a contecer, é o reverso, sustentado, e suportado pela política de ordenamento do IOMAF.

Daqui por 100 anos, farão um programa de requalificação urbana e realojamento, daqueles que, agora irão ocupar, esses apartments...

Anónimo disse...

Boa noite Clotilde. É como diz. Vivi na Cruz Quebrda 25 anos e custa ver aquele cimento todo, tirando o sol e tornando as ruas estreitas, sombrias e tristes. Com um bocado de sorte, ainda reabilitam a praia do Dafundo, e pôem os "novos reis, desculpem os novos ricos" a banhos no Dafundo!
Obrigada pela visita à Simecq. Tenho muita pena que não nos tenhamos encontrado, mas a culpa é toda minha. Não pude mesmo ir mais cedo....
Apareça sempre! Além da exposição de pintura sobre seda que termina já este Domingo, há muito para ver nesta colectividade "velhota", já com 127 anos, mas cheia de energia e vitalidade.
Um abraço