sábado, 29 de março de 2008

LAVEIRAS - ESPAÇOS E MEMÓRIAS

Vista parcial de casa térrea, com portal de entrada para pátio interior



Casa de dois pisos, com portal de entrada e acesso ao pátio interior de onde se vislumbra uma escada exterior que conduz ao piso superior.
As casas em cima são representativas da arquitectura popular (saloia) e estão situadas nas imediações do Largo Conde de Rio Maior, no Centro Histórico do Lugar de Laveiras, Freguesia de Caxias. A existência de pátios e portais traduz uma expressão típica desta arquitectura e aponta para o estatuto social e económico do proprietário.
Dizem-nos os especialistas João Pedro Cabral e Guilherme Cardoso em Actas do VI Encontro de História Local do Concelho de Oeiras, já aqui mencionados, que "...o pátio constitui o centro do quotidiano da casa onde decorrem as actividades rotineiras e resguarda a intimidade do proprietário, garantindo-lhe a sua segurança." Mais adiante, dizem-nos estes conhecedores que "...a arquitectura popular é também a simbiose com a natureza, encontrando soluções para o seu enquadramento, conferindo ao espaço do aglomerado características singulares."
Que falta nos faz hoje esta perspectiva da arquitectura, diria eu!

10 comentários:

Anónimo disse...

Amigo Fernando,

Obrigado pelo seu artigo.

Este exemplo, que gentilmente nos expõe, faz-nos reflectir acerca do passado, presente e futuro dos oeirenses.

Sabe, talvez não tenha reparado, nestas fotografias ou nisto que agora lhe indícia, mas que para quem nasceu e sempre viveu, no concelho de Oeiras (leia-se, em qualquer lugar e cidade de Portugal), e vê, ao lado da sua casa, que é um destes legados de famílias ancestrais (iguais ao que aqui refere), fixadas em qualquer parte do nosso país, e apenas vê, construir, construir, construir à sua volta, e ele continua (porque a sua casa já ali existia faz séculos ou largas décadas), sem dispor de uma passeio para pedonar, apenas tem uma valeta, continua sem dispor de uma casa de banho, para se lavar e tratar da higiene, apenas tem uma pia e uma bacia de banhos. Esse cidadão, afinal questiona-se, legitimamente, acerca do que é que o progresso, ou o bem-estar no concelho de Oeiras, lhe servem afinal. Quando toda esta nova ordem de valores lhe estão vedadas por força das exisgência dessa nova ocupação e modelos urbanos, que não o servem.

Não quer um condomínio privado, mas tem o direito constitucional a uma habitação digna. Melhor, mais digna e moderna, que aquela em que viviam os seus pais e avós, há 100 anos atrás.

Sou apaixonado por casas antigas e pelo património construído, ele é parte do nosso passado, é o nosso legado. Mas tenho o direito a uma habitação igualmente digna, como a de todos os outros portugueses, e novos oeirenses.

Carlos Maria

Anónimo disse...

Há muito que não vou a Laveiras. Obrigada pelas fotos e informações.
Clotilde

Anónimo disse...

Ao Carlos e ao Fernado, eu acrescentaria uma questão, que aliás o Fernando coloca do seguinte modo: «Que falta nos faz hoje esta perspectiva da arquitectura, diria eu!».

A questão coloca em debate, a ausência de uma política municipal, coerente, que tenha por fim a requalificação urbana de todo o concelho de Oeiras.

Faz mais de 30 anos, aliás, nunca vimos nada disso traduzido na prática.

O que sabemos é que cada dia se constrói mais.

Serapião Costa

Anónimo disse...

Senhor Serapião, se está tão aflito veja o Bairro dos Pescadores, a Travessa do Rio, a Vila Alice ou a Vila Marques em Barcarena.

Zeca Diabo

Isabel Magalhães disse...

Ao ver as fotos do artigo a ideia primeira que me ocorre é a da falta de conforto de quem lá vive. Sei que para lá dos muros poderá haver um determinado número de condições básicas mas não me parece ser o caso.

Fernando Lopes disse...

Isabel, identificadas as casas como tendo interesse, compete à CMO promover junto dos proprietários a sua recuperação. Não me digam que não há dinheiro...porque até poderá ser possível recorrer aos fundos comunitários. No que respeita às habitações saloias já referenciadas e por referenciar (já dei o meu contributo)algumas estão em ruínas, outras são objecto de recuperação a cimento (reboco)ou pura e simplemente vão desaparecendo na voragem das urbanizações.

Anónimo disse...

Isabel,

Se quiser eu posso mostrar-lhe algumas dessas habitações, dentro da freguesia de Barcarena, e daí, poderá então avaliar, das pobres e sombrias condições, em que essa pessoas ainda hoje vivem (em casas com mais de 100, 200 ou 300 anos).

É fácil conservar a arquitetura dessa fachadas e habitações, mas devem acima de tudo, serem-lhes conferidas condições humanas de habitação, e isso nunca foi feito, até então pela Nossa autarquia.

Cumprimentos,

Mariano Gonçalves

Isabel Magalhães disse...

Mariano;

Por mim gostaria e penso que isso se enquadra bem na visita a realizar.
Também creio que o meu comentário não deixa dúvidas de que não tenho 'ilusões' a respeito do conforto, ou falta dele, nas habitações em questão e em muitas outras semelhantes espalhadas pelo país.

Saudações

Anónimo disse...

Isabel

Tenho imensa pena, enquanto cidadão português, nascido, criado e residente no concelho de Oeiras faz quase 60 anos, e que nunca tenha visto, ser desenvolvida nenhuma política social de habitação, focada nesses aspectos que muito bem referiu.

Ou seja, as pessoas que nasceram e vivem no nosso concelho, e que aqui sempre estiveram, tem os mesmos direitos (sobre a habitação, saúde, educação, qualidade de vida, bem-estar social e desenvolvimento, etc.) como qualquer uma daquelas que agora aqui chegou e prospera, com meios que lhe são atribuídos, e a outros negados.

Irei mostrar-lhe todos esses exemplos e factos que aqui refiro, um por um.

Mariano Gonçalves

Madness disse...

Visualizando estes diversos comentarios, vejo que ha informações que ja nao corespondem a realidade, pois o inquilino da casa a cima referida infelizmente e vergonhosamente para o estado portuges viu-se obrigado a gastar das suas poupanças de uma vida para garantir melhor qualidade de vida para a sua familia. Ja dispoe de uma casa de banho completa, e de uma casa apresentavel como apesar de pobre sempre foi!