sábado, 4 de abril de 2009

Comédia à Italiana


Quanto mais avança o julgamento de Isaltino Morais mais os munícipes de Oeiras ficam estupefactos. Não chegava o PCMO assumir crimes, embora prescritos, e ter a lata de afirmar que os donativos de campanha ficavam nas suas contas particulares para os seus alfinetes, e foram só uns míseros € 400.000.

Para o quadro ser completo, faltava a vertente que "apimentasse" a história transformando-a numa "comédia à italiana". Assim, a entrevista de uma testemunha no processo, actual funcionária na CMO e ex- secretária e ex-chefe de gabinete do PCMO, é a cereja em cima do bolo.

Alguns dirão que "corria" à boca pequena este tipo de histórias e quem conta um conto aumenta um ponto. Portanto, nem sequer ligam.

Porém, e tendo como princípio que a vida sentimental do PCMO não me interessa nada, acho todavia relevante a dita entrevista apenas e só na seguinte medida:
  1. Paula Nunes foi secretária e chefe de gabinete do PCMO. Mas, essas funções não incluem "buscar fatos do presidente ao alfaiate, pagar facturas da água e luz, nem emprestar contas pessoais para depósito em numerário do sr. PCMO" e etc.

  2. Isto é claramente misturar o pessoal e o profissional o que resultou na "comédia italiana" a que temos assistido. O profissionalismo e competência da senhora não o descortino. Mais, como entrou na CMO com 19 anos, e aí teria de ser na carreira administrativa, o ter sido promovida com um ordenado chorudo para determinadas funções teria de obedecer a determinado perfil. Um perfil profissional mais rigoroso talvez não fosse adequado às necessidades do PCMO.

  3. Durante muitos anos, esta funcionária não questionou nada. Calou e aceitou. Mas eu não acredito que a senhora pensasse que aquelas funções eram as que correspondiam à sua categoria profissional. Não acredito que não percebesse que era imoral e eticamente reprovável um certo tipo de comportamentos, e que só o percebesse recentemente. Assim, tira fotocópias dos dossiers diz ela, para se "proteger". Isto revela que sabia muito bem o que estava a fazer e que de inocente não tem nada.

  4. Mas, se não estranho o comportamento individual de uma pessoa, o que está subjacente revela-me como a discricionariedade na autarquia na contratação de pessoal é uma forma muito usada para "presentear" amigos. É a famosa "via da cunha" (ressalve-se que nem todos os funcionários da CMO se enquadram obviamente nestes "benefícios"). E este aspecto eu acho relevante porque exibe falta de rigor, compadrio e outros etcs.

  5. Mais, o vencimento desta senhora é pago pelo erário público isto é, por todos nós, e em particular pelos munícipes de Oeiras. E eu, como munícipe, não aceito que comportamentos como os presentes sejam prática comum na autarquia ou no Estado. No País em que vivo exijo ética e transparência.

  6. O que me interessa também é que o representante do maior partido da oposição na CMO, no caso o PS, e que aceitou um lugar de vereador com funções, achava que a referida senhora era muito competente e convida-a para trabalhar com ele. E depois, acaba por confirmar, vejam o post do AFS - Triângulo de Oeiras - que foi com ela jantar ao Solplay.

  7. Já nem pergunto o óbvio, nomeadamente quem pagou o jantar e a suite mas estou estupefacta pelo facto do representante do maior partido da oposição ir jantar com uma funcionária, de quem é superior hierárquico, e que por "acaso" é testemunha chave no processo do Presidente da CMO.

  8. A oposição em vez de ter uma função fiscalizadora e de equilíbrio face a todos estes excessos, colabora com eles e alimenta-os. E o silêncio é cúmplice...

Sabem que mais...? Isto é uma "comédia à italiana" e estes três não merecem mais que a minha veemente indignação e repúdio. Esta gente não presta!

Só espero, se calhar é apenas uma esperança, que os eleitores tenham o discernimento de distinguir o trigo do joio e que com o seu voto repudiem, sem margem para dúvidas, estes comportamentos, esta forma de fazer política. Lembrem-se que eles são eleitos para serem os nossos representantes e não para usarem o cargo em proveito próprio.

18 comentários:

AFS disse...

Tiazoca,

Todos estes intervenientes são vítimas de si próprios. Paula Nunes até pode ficar bem vista numa análise superficial deste caso, ao ter denunciado as pressões de que alegadamente tem sido alvo.

Mas tudo o que é referido neste post (emprestar contas, fazer favores, ter um «emprego fantástico» desde cedo, ser cúmplice de tudo o que se passava, etc) mostra que ela é tudo menos inocente e que só denunciou o caso porque as coisas lhe começaram a correr mal.

Quanto ao ponto 8, salvo raras excepções, 'oposição' é algo que não se tem ouvido pela CMO. É um bloco iMoral.

Anónimo disse...

Que não haja ilusões. A máquina populista já está oliada. Para ganhar eleições basta ter clientela garantida (os que se sentem agradecidos e dependentes de uma ou outra maneira)mais uns pós aqui e ali, uns bons taxos, e está no papo.
Continuo sem perceber onde é que está a ou o testemunho chave.

Anónimo disse...

Não é necessário testemunho chave. A prova é essencialmente documental. O testemunho chave consiste apenas na senhora dizer que determinados cavalheiros, cujos nomes referiu, eram frequentemente vistos em determinado lugar e entregaram envelopes com dinheiro. PERCEBERAM.....E se repararam foram falados mais nomes do que aqueles que lá estão, porque não há prova documental para os outros, porque senão também lá estavam sentados. PERCEBERAM........

Anónimo disse...

Este anónimo sabe disto. Confesso que não estou habituado. Mesmo continuo INCRÉDULO.

Isabel Magalhães disse...

Tiazoca;

O seu artigo é o eco dos meus pensamentos.

Como munícipe que também sou aguardo pelo fim de algo em que já não acredito. Aliás deixei de acreditar em 2005 quando o Dr Luís Marques Mendes lhe retirou o apoio...

Jorge Pinheiro disse...

Mas divertimo-nos muito. Estamos perante palhaços ricos!

Anónimo disse...

Sabem aquele prédio que se vê de todo o lado, de Algés, de Caxias, de Lisboa, o "piriluau" o "farolo" do alto do Dafundo, esse mesmo... imaginem de quem é o último piso? É de Isaltino Morais.

Cleopatra disse...

Por detrás de um grande homem há sempre uma grande mulher.
Já sei o que há por detrás de uma porcaria de homem! Ou de um derrotado!

Jorge Pinheiro disse...

É bem dito Cleo!

Isabel Magalhães disse...

Cleopatra;

Parafraseando:

Ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher.

;)

Anónimo disse...

Essa Paula Nunes não é nenhuma santa. Era dona da Galeria de Arte Hibiscus em Lisboa e ficou a dever dinheiro a toda a gente... vendeu um quadro de um artista (Canotilho)por 2.500€ e disse ao mesmo que tinha sido por 1.500... as obras da galeria na Rua Latino Coelho tb não as pagou.... e há tanto mais, tanta gente a arder... deve ter lucrado pouco na CMO... realmente não ha nada pior que "gaja" com dor de corno...

Anónimo disse...

E por acaso, só por acaso, a senhora não terá denunciado o tio Isaltino só porque este não queria ser simpático para o novo namorado dela que por acaso tb trabalha na CMO???? só por acaso???

Isabel Magalhães disse...

Caro leitor [6 de Abril de 2009 16:10]

Já que menciona Galerias de Arte e o Joaquim Canotilho, com quem partilhei algumas exposições, quando tiver oportunidade hei-de confirmar o que aqui conta.

Não conheço a tal senhora, julgo que nunca a vi 'ao vivo nem a cores', nem o que vou escrever lhe serve de atenuante, mas salvo honrosas excepções de Galeristas e 'Marchands' HONESTOS, há por aí muita gente que faz da desonestidade modus vivendus. Ficam com as telas dos artistas, vendem-nas e não pagam, ou vendem por preço superior ao preço marcado e guardam a diferença não contabilizando esse valor na comissão combinada, pagam com cheques sem cobertura, fazem falsos avisos de transferência bancária, vendem a tela e não informam - e proíbem os empregados de dar essa informação ao artista - para que o pagamento seja protelado o mais possível...
Noutros casos mais extremos e perante artistas 'novatos' - e de boa fé - recebem o material (telas) e não passam documento comprovativo.

Anónimo disse...

Cara Isabel, realmente é lamentável que algumas galerias façam isso, eu desconheço... conheço a Paula Nunes, sei que foi desonesta com muitos artistas, com empreiteiros, empregada (e muito)...e até com que a ajudou e foi seu amigo. Tem sempre um esquema para não pagar a quem deve... Denunciou o Pres. Isaltino no momento em que começou a perder privilegios... ela participou no esquema durante muito tempo e não é parva, sabia bem o que estava a fazer... bastava dizer não! Mas lucrou muito com isso, até um dia, e ai toca a fazer denuncia... Tadinha ela que é tã0 inocente!

Isabel Magalhães disse...

Caro leitor [7 de Abril de 2009 11:47]

É mais que lamentável e eu conheço o assunto na 'primeira pessoa'.
Com excepção de entregar telas sem que me dessem um comprovativo, passei por tudo o resto...
São duas 'cavalheiras' de uma conhecida galeria do concelho de Oeiras. A par do que já denunciei também não pagam os ordenados aos empregados, não pagam o aluguer e vão abrindo sucesivas lojas - Caxias, Oeiras Parque, Centro Cívico de Carnaxide, Rua Coelho da Rocha em Lisboa, Linda-a-Velha, novamente Carnaxide...
No circuito das Artes há sempre alguém que passou pelo mesmo com as tais personagens.

Quanto à pessoa que cita é fácil perceber que a 'história' por ela contada na entrevista está, pelo menos, incompleta.

Anónimo disse...

Também fui apanhado na rede dessas «senhoras».O esquema é simples, «simpatia», muita «conversa»,vendem os trabalhos metem o dinheiro ao bolso e depois são meses e meses até que paguem quando pagam .No circuito das artes encontra-se sempre alguém que ficou a arder com elas .

Anónimo disse...

Coitadinha da Paulinha!
É uma santa é! Eu até já enderecei o processo para a sua beatificação, como Padroeira de Oeiras. Ficava a matar agora nos 250 anos!
Como andou a ser "comida" anos a fio e depois levou com os habituais patins, teve de vir fazer xinfrim para a Comunicação Social....

Anónimo disse...

Bolas... a tadinha da miuda habitava uma casinha no Alto da Barra que por sinal pertence ao PSD, mas um dia o Sr. Isaltino lá decidiu mudar de garina... é chato ser trocada assim, não se faz!!! Uma sugestão de quem se quizer divertir: vão ao site da Galeria Hibiscus e começam a contactar todos os artistas que lá aparecem como tendo exposto lá e vão descobrir que a grande maioria ficou a arder (nem obras nem dinheiro), contactem os parceiros de negócios, os supostos formadores, etc.
A mim até me parece que quando ela fala contra oSr. Isaltino, só o está a favorecer, porque quando desonesto acusa desonesto... é tipo formula matémática: (- + - = +)...