terça-feira, 27 de outubro de 2009

António Preto vai hoje a tribunal


26 de Outubro de 2009, 22:12
Começa esta terça-feira o julgamento de António Preto: perante o tribunal, o “homem da mala” vai responder pelos crimes de fraude fiscal qualificada e falsificação de documento – crimes alegadamente cometidos durante a campanha eleitoral para a liderança da distrital do PSD de Lisboa.

António Preto, um dos mais próximos confidentes políticos de Manuela Ferreira Leite, foi líder da distrital do PSD de Lisboa entre os anos de 2002 e 2004. E nas legislativas do mês passado, foi também eleito deputado pelo círculo de Lisboa, depois de ter integrado as listas social-democratas em oitavo lugar – facto que gerou polémica dentro e fora do partido, dada a sua dupla condição de arguido (no chamado “caso da mala”) e de candidato.

Já este mês, quando o Parlamento regressou ao trabalho, suspendeu o mandato como deputado, até que esteja terminado o seu julgamento em tribunal.

O “caso da mala”

O chamado “caso da mala” remonta ao ano de 2002 – ano em que se realizaram eleições para a distrital do PSD em Lisboa. Na altura, António Preto candidatou-se à liderança deixada vaga por Manuela Ferreira Leite, acabando mesmo por vencer as eleições.

Durante a campanha eleitoral, António Preto terá recebido cerca de 40 mil euros em notas, utilizados na altura para pagar as despesas da máquina de campanha, bem como as quotas em atraso de numerosos militantes (sempre, é claro, em troca de votos).

O dinheiro terá partido de dois empresários da construção civil – Virgílio Sobral Sousa e Jorge Silvério (também eles, arguidos no processo) – que eram também, na altura, clientes de António Preto, advogado de profissão. Ao todo, os dois empresários ter-lhe-ão entregue entre Abril e Dezembro de 2002, mais de 160 mil euros.

Preto alega que recebeu o dinheiro como honorários pagos por serviços que prestou na qualidade de advogado. Para reforçar tal argumento, invocou também um contrato de prestação de serviços, redigido depois de terem sido efectuados ao pagamentos e emitidos os recibos – facto que foi também classificado pelo tribunal como um crime de falsificação.

Ao todo, e de acordo com a acusação deduzida em 2005, o chamado “caso da mala” terá causado ao Estado português um prejuízo de mais de 37,5 mil euros.

As escutas


Estou a ver o dinheiro como nunca vi na vida! António Preto
Durante o período em que essas quantias foram entregues a António Preto, a Polícia Judiciária manteve sob escuta os telefones dos dois empresários. Na altura, as declarações obtidas permitiram ao Ministério Público formular o despacho de acusação que abriu caminho ao processo judicial.

A título de exemplo: no dia 2 de Maio de 2002, o filho do empresário Virgílio de Sousa entregou a António Preto uma mala que continha mais de 24 mil euros (em notas). Ao abrir a mala, o candidato à distrital laranja de Lisboa terá dito por telefone: “Estou a ver o dinheiro, pá, como nunca vi na vida, meu Deus”.

Dois anos depois de formulada a acusação (e de sucessivos recursos interpostos por António Preto), o julgamento arranca esta terça-feira, dirigido pelo juiz-presidente José Reis.

@Marco Leitão Silva

3 comentários:

Anónimo disse...

Não se percebe porque Ferreira Leite teimou em manter este Preto nas listas de candidatos a deputado. Porque não seguiu a linha de Marques Mendes ? Vá lá, vá lá, o Preto ao menos suspendeu o mandato de deputado coisa que não fez Isaltino.

Anónimo disse...

Preto diz-se inocente. É típico. Todos culpados e acusados de crimes dizem-se sempre inocentes. O advogado é o mesmo que defendeu Isaltino.Este advogado defendeu a tese de que em Oeiras não havia corrupção porque havia desenvolvimento. Foi comentado pelo Procurador.Há desenvolvimento e muita corrupção em Angola, em Moçambique, na Índia, no Brasil, etc.etc.Porque não havia de haver corrupção em Oeiras ?

Isabel Magalhães disse...

Resposta 12:55;

Há muitas 'coisas' nas listas que eu também não percebo. Coisas que não tenho dúvida custaram as autárquicas ou, pelo menos, um melhor lugar nas autárquicas.
Os militantes de base, como eu, sentem-se no direito de ter respostas. Já vai sendo tempo de termos respostas.