segunda-feira, 10 de março de 2008

Este é insuspeito ou será que também é comunista?




domingo, 2 de Março de 2008
A avaliação dos professores

Como se pode avaliar professores, quando o Estado sistematicamente os "deseducou" durante 30 anos? Como se pode avaliar professores, quando o ethos do "sistema de ensino" foi durante 30 anos conservar e fazer progredir na escola qualquer aluno que lá entrasse? Como se pode avaliar professores, se a ortodoxia pedagógica durante 30 anos lhes tirou pouco a pouco a mais leve sombra de autoridade e prestígio? Como se pode avaliar professores, se a disciplina e a hierarquia se dissolveram? Como se pode avaliar professores, se ninguém se entende sobre o que devem ser os curricula e os programas? Como se pode avaliar professores se a própria sociedade não tem um modelo do "homem" ou da "mulher" que se deve "formar" ou "instruir"?
Sobretudo, como se pode avaliar professores, se o "bom professor" muda necessariamente em cada época e cada cultura? O ensino de Eton ou de Harrow (grego, latim, desporto e obediência) chegou para fundar o Império Britânico e para governar a Inglaterra e o mundo. Em França, o ensino público, universal e obrigatório (grego, latim e o culto patriótico da língua, da literatura e da história) chegou para unificar, republicanizar e secularizar o país. Mas quem é, ao certo, essa criatura democrática, "aberta", tolerante, saudável, "qualificada", competitiva e sexualmente livre que se pretende (ou não se pretende?) agora produzir? E precisamente de que maneira se consegue produzir esse monstro? Por que método? Com que meios? Para que fins? A isso o Estado não responde.
O exercício que em Portugal por estúpida ironia se chama "reformas do ensino" leva sempre ao mesmo resultado: à progressão geométrica da perplexidade e da ignorância. E não custa compreender porquê. Desde os primeiros dias do regime (de facto, desde o "marcelismo") que o Estado proclamou e garantiu uma patente falsidade: que a "educação" era a base e o motor do desenvolvimento e da igualdade (ou, se quiserem, da promoção social). Não é. Como se provou pelo interminável desastre que veio a seguir. Mas nem essa melancólica realidade demoveu cada novo governo de mexer e remexer no "sistema", sem uma ideia clara ou um propósito fixo, imitando isto ou imitando aquilo, como se "aperfeiçoar" a mentira a tornasse verdade. Basta olhar para o "esquema" da avaliação de professores para perceber em que extremos de arbítrio, de injustiça e de intriga irá inevitavelmente acabar, se por pura loucura o aprovarem. Mas loucura não falta.

6 comentários:

Anónimo disse...

a sinhora se ai picado

O Senhor Comentador revela o segredo do sucesso da manifestação do PCP

Foi um êxito a manifestação convocada pelo Partido Comunista Português no sábado passado. Nada menos que cinquenta mil pessoas e sem a ajuda da APU nem da CDU nem dos verdes nem nada. Só comunistas. Os observadores políticos acharam que o sucesso do PCP deveu-se ao protesto estar dirigido contra a política social de educação, saúde e emprego do governo. Eu discordo completamente. E a minha discordância tem bases sociopolíticas rigorosas. A quantidade de autocarros estacionados perto da terminal de comboios de Santa Apolónia fez-me pensar que muito boa gente comunista não vive Lisboa. Depois, reparem no percurso. O ponto de encontro foi na janota praça do Príncipe Real. Todos juntos desceram a tradicional rua do Século até ao belo palácio Ratton que alberga o não menos badalado Tribunal Constitucional. Ali exibiram os seus cartões partidários. Logo continuaram a descer pelo pitoresco Bairro Alto, que por acaso está cheio de tascas e restaurantes para todos os gostos e bolsos. Chegaram ao memorável Largo do Carmo, ao lindamente restaurado Chiado com os seus afamados cafés onde se destaca a Brasileira. Não esqueçamos as livrarias, abertas aos sábados das quais se distingue a Fnac com os seus preços populares. A seguir continuaram a descer até ao Rossio que dispensa apresentações. Repeti o verbo “descer” porque mostra a delicadeza do Comité Central ou do comité organizador de protestos do Partido. Seja quem for, preocupou-se que os manifestantes não tivessem que galgar para cima o caminho da revolta. Galgaram sempre para abaixo. E sempre num dos mais belos passeios que alguém pode dar por essa maravilhosa Lisboa. Eis, meus amigos, o segredo do sucesso da manifestação. O PCP inaugurou o protesto turístico. Gostaria que a próxima manifestação em Lisboa fosse em Alfama, onde há umas tasquinhas muito jeitosas. Fora isso, tudo bem.

Anónimo disse...

nem mais, sr. anónimo. nem mais!
grande pc, que até conseguiu mobilizar o ppd, o cds, alguns ps, bloqueiros e por aí.
aida dizem que eles estão mortos. Ca ganda capacidade de mobilização, sobretudo comparada com outras de hà pouco tempo.

FB

Oeiras disse...

Não ligando às picardias dos posts atrás e voltando ao Vasco Pulido Valente, até pode concordar-se com o que diz; agora uma coisa é certa: não apresenta no seu texto qualquer modo de resolver os problemas que, felizmente, reconhece existirem na Educação.

Confesso uma coisa: não percebo como pode alguém dizer que afinal não é a Educação o motor do progresso dos países e o maior garante da igualdade entre os cidadãos. O que será então, Sr. Valente?

Anónimo disse...

Pena o vídeo do Professor Marcelo do último fim de semana não estar disponível. Era só para fazer calar uns quantos...

Anónimo disse...

O «Sr. Valente» não apresenta soluções nem lhe compete fazê-lo. Quem ganha ordenado de Miinistro é que o deve fazer. Não será?

Anónimo disse...

O «Sr. Valente» não apresenta soluções nem lhe compete fazê-lo. Quem ganha ordenado de Miinistro é que o deve fazer. Não será?