Este é insuspeito ou será que também é comunista?
domingo, 2 de Março de 2008
A avaliação dos professores
Como se pode avaliar professores, quando o Estado sistematicamente os "deseducou" durante 30 anos? Como se pode avaliar professores, quando o ethos do "sistema de ensino" foi durante 30 anos conservar e fazer progredir na escola qualquer aluno que lá entrasse? Como se pode avaliar professores, se a ortodoxia pedagógica durante 30 anos lhes tirou pouco a pouco a mais leve sombra de autoridade e prestígio? Como se pode avaliar professores, se a disciplina e a hierarquia se dissolveram? Como se pode avaliar professores, se ninguém se entende sobre o que devem ser os curricula e os programas? Como se pode avaliar professores se a própria sociedade não tem um modelo do "homem" ou da "mulher" que se deve "formar" ou "instruir"?
Sobretudo, como se pode avaliar professores, se o "bom professor" muda necessariamente em cada época e cada cultura? O ensino de Eton ou de Harrow (grego, latim, desporto e obediência) chegou para fundar o Império Britânico e para governar a Inglaterra e o mundo. Em França, o ensino público, universal e obrigatório (grego, latim e o culto patriótico da língua, da literatura e da história) chegou para unificar, republicanizar e secularizar o país. Mas quem é, ao certo, essa criatura democrática, "aberta", tolerante, saudável, "qualificada", competitiva e sexualmente livre que se pretende (ou não se pretende?) agora produzir? E precisamente de que maneira se consegue produzir esse monstro? Por que método? Com que meios? Para que fins? A isso o Estado não responde.
O exercício que em Portugal por estúpida ironia se chama "reformas do ensino" leva sempre ao mesmo resultado: à progressão geométrica da perplexidade e da ignorância. E não custa compreender porquê. Desde os primeiros dias do regime (de facto, desde o "marcelismo") que o Estado proclamou e garantiu uma patente falsidade: que a "educação" era a base e o motor do desenvolvimento e da igualdade (ou, se quiserem, da promoção social). Não é. Como se provou pelo interminável desastre que veio a seguir. Mas nem essa melancólica realidade demoveu cada novo governo de mexer e remexer no "sistema", sem uma ideia clara ou um propósito fixo, imitando isto ou imitando aquilo, como se "aperfeiçoar" a mentira a tornasse verdade. Basta olhar para o "esquema" da avaliação de professores para perceber em que extremos de arbítrio, de injustiça e de intriga irá inevitavelmente acabar, se por pura loucura o aprovarem. Mas loucura não falta.
domingo, 2 de Março de 2008
A avaliação dos professores
Como se pode avaliar professores, quando o Estado sistematicamente os "deseducou" durante 30 anos? Como se pode avaliar professores, quando o ethos do "sistema de ensino" foi durante 30 anos conservar e fazer progredir na escola qualquer aluno que lá entrasse? Como se pode avaliar professores, se a ortodoxia pedagógica durante 30 anos lhes tirou pouco a pouco a mais leve sombra de autoridade e prestígio? Como se pode avaliar professores, se a disciplina e a hierarquia se dissolveram? Como se pode avaliar professores, se ninguém se entende sobre o que devem ser os curricula e os programas? Como se pode avaliar professores se a própria sociedade não tem um modelo do "homem" ou da "mulher" que se deve "formar" ou "instruir"?
Sobretudo, como se pode avaliar professores, se o "bom professor" muda necessariamente em cada época e cada cultura? O ensino de Eton ou de Harrow (grego, latim, desporto e obediência) chegou para fundar o Império Britânico e para governar a Inglaterra e o mundo. Em França, o ensino público, universal e obrigatório (grego, latim e o culto patriótico da língua, da literatura e da história) chegou para unificar, republicanizar e secularizar o país. Mas quem é, ao certo, essa criatura democrática, "aberta", tolerante, saudável, "qualificada", competitiva e sexualmente livre que se pretende (ou não se pretende?) agora produzir? E precisamente de que maneira se consegue produzir esse monstro? Por que método? Com que meios? Para que fins? A isso o Estado não responde.
O exercício que em Portugal por estúpida ironia se chama "reformas do ensino" leva sempre ao mesmo resultado: à progressão geométrica da perplexidade e da ignorância. E não custa compreender porquê. Desde os primeiros dias do regime (de facto, desde o "marcelismo") que o Estado proclamou e garantiu uma patente falsidade: que a "educação" era a base e o motor do desenvolvimento e da igualdade (ou, se quiserem, da promoção social). Não é. Como se provou pelo interminável desastre que veio a seguir. Mas nem essa melancólica realidade demoveu cada novo governo de mexer e remexer no "sistema", sem uma ideia clara ou um propósito fixo, imitando isto ou imitando aquilo, como se "aperfeiçoar" a mentira a tornasse verdade. Basta olhar para o "esquema" da avaliação de professores para perceber em que extremos de arbítrio, de injustiça e de intriga irá inevitavelmente acabar, se por pura loucura o aprovarem. Mas loucura não falta.
6 comentários:
a sinhora se ai picado
O Senhor Comentador revela o segredo do sucesso da manifestação do PCP
Foi um êxito a manifestação convocada pelo Partido Comunista Português no sábado passado. Nada menos que cinquenta mil pessoas e sem a ajuda da APU nem da CDU nem dos verdes nem nada. Só comunistas. Os observadores políticos acharam que o sucesso do PCP deveu-se ao protesto estar dirigido contra a política social de educação, saúde e emprego do governo. Eu discordo completamente. E a minha discordância tem bases sociopolíticas rigorosas. A quantidade de autocarros estacionados perto da terminal de comboios de Santa Apolónia fez-me pensar que muito boa gente comunista não vive Lisboa. Depois, reparem no percurso. O ponto de encontro foi na janota praça do Príncipe Real. Todos juntos desceram a tradicional rua do Século até ao belo palácio Ratton que alberga o não menos badalado Tribunal Constitucional. Ali exibiram os seus cartões partidários. Logo continuaram a descer pelo pitoresco Bairro Alto, que por acaso está cheio de tascas e restaurantes para todos os gostos e bolsos. Chegaram ao memorável Largo do Carmo, ao lindamente restaurado Chiado com os seus afamados cafés onde se destaca a Brasileira. Não esqueçamos as livrarias, abertas aos sábados das quais se distingue a Fnac com os seus preços populares. A seguir continuaram a descer até ao Rossio que dispensa apresentações. Repeti o verbo “descer” porque mostra a delicadeza do Comité Central ou do comité organizador de protestos do Partido. Seja quem for, preocupou-se que os manifestantes não tivessem que galgar para cima o caminho da revolta. Galgaram sempre para abaixo. E sempre num dos mais belos passeios que alguém pode dar por essa maravilhosa Lisboa. Eis, meus amigos, o segredo do sucesso da manifestação. O PCP inaugurou o protesto turístico. Gostaria que a próxima manifestação em Lisboa fosse em Alfama, onde há umas tasquinhas muito jeitosas. Fora isso, tudo bem.
nem mais, sr. anónimo. nem mais!
grande pc, que até conseguiu mobilizar o ppd, o cds, alguns ps, bloqueiros e por aí.
aida dizem que eles estão mortos. Ca ganda capacidade de mobilização, sobretudo comparada com outras de hà pouco tempo.
FB
Não ligando às picardias dos posts atrás e voltando ao Vasco Pulido Valente, até pode concordar-se com o que diz; agora uma coisa é certa: não apresenta no seu texto qualquer modo de resolver os problemas que, felizmente, reconhece existirem na Educação.
Confesso uma coisa: não percebo como pode alguém dizer que afinal não é a Educação o motor do progresso dos países e o maior garante da igualdade entre os cidadãos. O que será então, Sr. Valente?
Pena o vídeo do Professor Marcelo do último fim de semana não estar disponível. Era só para fazer calar uns quantos...
O «Sr. Valente» não apresenta soluções nem lhe compete fazê-lo. Quem ganha ordenado de Miinistro é que o deve fazer. Não será?
O «Sr. Valente» não apresenta soluções nem lhe compete fazê-lo. Quem ganha ordenado de Miinistro é que o deve fazer. Não será?
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