Linguista - Universidade Nova de Lisboa
O único documento oficial favorável ao Acordo Ortográfico de 1990 (AO) que se conhece é a "Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)" (anexo II do AO). Essa Nota contém, para além de múltiplas deficiências técnicas, lacunas graves: menciona estudos preliminares que ninguém viu e que não estão disponíveis, e refere dados quantitativos que ninguém pode verificar.
A Nota Explicativa defende, nomeadamente, o baixo impacto das mudanças ortográficas através de percentagens (menos de 2% de palavras afectadas pelo AO) calculadas a partir de uma lista de 110 mil palavras (de estrutura e composição desconhecidas) pertencentes ao "vocabulário geral da língua", ignorando a) as frequências das palavras, b) as formas flexionadas das mesmas e c) a possibilidade de todas as palavras afectadas formarem combinatórias com outras, i.e., termos complexos, designações complexas, etc. É uma avaliação desprovida de método rigoroso e de base científica séria: a consideração eventual das frequências, das flexões (cada verbo tem mais de cinquenta formas distintas), das prefixações (atestadas e virtuais) e das combinatórias alterará radicalmente os números do impacto ortográfico do AO.
O Governo fez discretamente consultas em 2005, solicitando através do Instituto Camões pareceres a várias instituições: dois pareceres, o do Instituto de Linguística Teórica e Computacional e o da Associação Portuguesa de Linguística (APL), foram tornados públicos aquando da audição parlamentar de 7/4/2008. São pareceres negativos que apontam deficiências graves ao AO. A APL recomenda a suspensão do processo em curso e a não aprovação do 2.º Protocolo Modificativo. Estes pareceres foram tornados públicos, note-se, pelos autores, não pelo Instituto Camões ou pelo Governo. Um requerimento da deputada Zita Seabra permitiu recentemente o conhecimento de todas as entidades contactadas em 2005 e dos pareceres obtidos: há um parecer do Departamento de Linguística da Faculdade de Letras de Lisboa muito negativo, com as mesmas recomendações do parecer da APL, e outro da Academia da Ciências de Lisboa, defendendo a aplicação do AO, redigido por Malaca Casteleiro (MC), autor do AO (!). (...)
4 comentários:
A propósito da Lingua Portuguesa: em Oeiras temos um dialecto local. O programa Jovens em Movimento foi difundido com "n perkas u vrão + kurtido d oeiras!" escrito em cartazes, camisolas e panfletos. Na intervenção do público na reunião da CMO de 23/7 mostrei a minha discordância pois entendo que todos e muito menos as entidades oficiais não devemos entrar nesta maneira de usar a nossa língua, MAS!!!!! o Senhor Presidente disse que eu estava errada e que é necessário acompanhar (?) os jovens. Deve ser por eu ser velha que não entendo. Continuo a discordar.
Clotilde
Clotilde;
De repente lembrei-me:
"Primeiro dicionário Português-Gitonga editado pela Câmara de Oeiras"
http://www.cm-oeiras.pt/default.aspx?Conteudo=Conteudo%5COeirasActual_Noticia.ascx&idObj=28687&idCls=545&Menu=mn_10,mn_10_results
E, se for ao Google, basta escrever 'Dicionário, Oeiras' que encontra mais informação.
Agora, se um dos propósitos era ser “um instrumento importante na aprendizagem do português” parece-me que o PCMO está a entrar em incoerência...
Isabel,
então aquela frase é gitonga? ou será uns sincopados sons que alguns jovens têem na ponta dos dedos? Não me baralhe mais, olhe que estou velha!
Clotilde
Clotilde;
Não faço ideia se é Gitonga ou não... ;)
Repare no último parágrafo do meu comentário onde eu apenos foco a incoerência de, por um lado, publicar um Dicionário Português-Gitonga, “um instrumento importante na aprendizagem do português” e por outro apoiar que se use o Português assim:
"n perkas u vrão + kurtido d oeiras!"
Topas? ;)
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