terça-feira, 22 de julho de 2008

Projecto de Loteamento da Fundição de Oeiras

Vista aérea actual: Google Earth

Vista aérea antiga, emoldurada: Fotografia exposta na FO, obtida por José António Baptista em 15 SET 2007, 09:44 no decorrer da visita guiada realizada pela 'Espaço e Memória'. (A foto tem data provável da década de 50 - o bairro velho da Medrosa já existia, vê-se a espreitar no canto superior esquerdo a seguir ao quartel)



Da caixa de comentários

A questão é precisamente como a descreve José António. O problema central é um problema da qualidade de vida dos moradores da zona e arredores que irá, obviamente, piorar, já que partimos de uma situação em que a pressão populacional e de tráfego automóvel já ultrapassou os limites do aceitável.

Estão previstos mais de 4500 novos lugares de estacionamento, sobretudo subterrâneos - já que os hoje existentes ao longo das vias serão eliminados com o alargamento das mesmas - 466 fogos de habitação e 125 quartos de hotel - correspondentes, grosso modo a 4000 moradores - que representam 50% da área de construção, sendo os restantes 50% destinados a comércio e serviços - incluindo uma grande superfície - pelo que não seria inesperado um acréscimo de mais alguns milhares de pessoas, para além dos referidos 4000 moradores, circulando diariamente pela zona.

Depois há as questões que se prendem com a descaracterização e desfiguração da paisagem natural e construída. Este é um projecto verdadeiramente monumental e sem qualquer relação com o património edificado circunstante em que há um efectivo exagero, um excesso de construção – de tal modo que não são mesmo respeitados as percentagens mínimas destinadas a espaços verdes e equipamentos de utilização colectiva exigidos por lei. Além disso, na tentativa de acomodar o tráfego acrescido verifica-se a amputação de uma porção do parque municipal – em que o portão principal junto à ribeira da Laje, do lado de Oeiras, recua 33 metros na direcção da ponte ferroviária, para dar lugar a uma hiperbólica rotunda de 3 faixas que atravessa a ribeira - e o consequente abate, tanto aí como na Rua da Fundição de Oeiras e Estrada da Medrosa, de numerosas árvores, todas elas, no mínimo, cinquentenárias; o fechar dos horizontes e a asfixia daí resultante; o alargar de estradas, que passam, sistematicamente, de 2 para 4 faixas; a implantação de novas e enormes rotundas, por todo o lado dificultando ou impedindo a circulação a pé, já que o actor principal passará, necessariamente a ser o automóvel.

Publicada por Morador NO em OEIRAS LOCAL, Segunda-feira, Julho 21, 2008 3:32:00 AM


Este comentador foca o cerne da questão com muita concisão e perspicácia. Diz o essencial e diz aquilo em que as pessoas devem reflectir para compreender qual é o verdadeiro problema - que não a construção mas as consequências que daí advêm.

5 comentários:

Anónimo disse...

Este assunto é muito grave para se brincar. Mas qualquer dia só de escafandro se vive em Oeiras: com o peso do betão esta orla maritima vai afundar-se.

E faltarão assim tantos escritórios, casas? Porque é que o Municipio não informa de quantas casas estão vazias? Se contabilizassemos as casa vazias, as que estão em construção, as que estão já previstas construir nem com uma invasão do Átila conseguiamos enchê-las. Então se não são precisas porque se continua nesta loucura? Será a força de quem vende betão e os respectivos acessórios? Claro que o local da Fundição deve ser reabilitado mas assim???
Clotilde

Jorge Pinheiro disse...

Independentemente de questões altamente discutíveis quanto aos barracões da Fundição e a memória do local ou do respectivo valor patrimonial, a verdade é que em termos de carga demográfica e acessibilidades a coisa é alucinante.
Já fui consultar o processo e coloquei as minhas questões (no caso da Associação de Moradores de Nova Oeiras.
Principais problemas:
- o trânsito até pode melhorar nas rotundas (e são 6 novas ou a recriar) locais, mas a montante e a juzante nada se passa. Ou seja, os acessos de e para o concelho de Cascais, Marginal e A5. Logo o pandemónio vai aumentar. Cada vez há mais "ilhas" em Oeiras que não comunicam entre si. O trânsito inter-Oeiras já está impraticável. Como será depois? Curioso é que o processo diz que daqui a 20 anos se revê...!
- O índice de connstrução para a zona é 0,49, segundo o PDM. Ali é de 1,89, alegando-se uma excepção legal pelo interesse turístico!!!
- Dois prédios de 25 andares são um aborto e um atentado visual que vai poluir Oeiras para todo o sempre. O arquiteto Sua Kay sonha fazer um arranha-céus de 40 andares no meio do Alentejo... Fez 2 de 25 em Oeiras. Vai no bom caminho!
- Finalmente, onde estão os princípios da sustentabilidade pregados efusivamente na Agenda Oeiras 21+ aprovada pela CMO em 27 de Março?
Enfim, a única coisa que não me preocupa é a venda das casas. O Espírito Santo faz milagres!
jp

Unknown disse...

.

Cara Isabel,

O visitante/comentador Morador NO parece-me de facto 'pôr o dedo na ferida'.

Só um aparte:
A foto antiga da Fundição é um fascínio, não é?
Conheço gente que conheceu aquela zona assim, quase sem prédios.
Com um clique para ampliar, vê-se bem que a passagem na estação era ainda aérea, feita por sobre os carris.

.

Anónimo disse...

Caros, há boas notícias. Por favor leiam a notícia sobre este assunto em http://dn.sapo.pt/2008/07/22/nacional/exercito_veta_projecto_para_fundicao.html

Isabel Magalhães disse...

Caro André Silva;

Grata pelo link.

(Dizem que não há coincidências mas parece que o 'nosso' O. Lopes estaria a tratar do assunto em simultâneo. ;)