sexta-feira, 11 de julho de 2008

COISAS DE ALGÉS XII


A VIVENDA 14

Continuação de 2007, 30 de Agosto, 23 de Setembro e 27 de Outubro


A vivenda continua aqui em Algés na Rua Dr. Manuel Arriaga. Só. Tem a entrada cimentada e através dos vidros vê-se tijolo na janela. Continua com o tal painel da CMO, que reza assim:

Já serviu de trampolim para obras do prédio do lado e parte do banco da frente, com azulejos, há muito que foi destruído. Não conheço bem mas vê-se que para trás tem uma largueza – quintal, jardim.



Conheço quem, preocupado, esteja a contactar a Santa Casa de Lisboa interessado em reabilitar esta pequena vivenda conservando-lhe os seus painéis de azulejos cada vez mais picados. O destino, a utilidade seria para a comunidade, mas a Santa Casa responde sempre qualquer coisa como está a decorrer processo de obras destinado a equipamento de âmbito social.

Eu, e mais pessoas, perguntamos: será que estão à espera que de tão abandonada e vandalizada caía (como caiu de noite o Palácio da Conceição junto à marginal )? Para quê um pedido de licença de Construção? Não devia ser um pedido de obras de reabilitação ou manutenção? Porque levam 4 anos a apreciar?

Com os exemplos que todos os dias vemos nada nos admira que aproveitem o espaço para a construção de mais um prédio entalado, acompanhando os dois ou três andares dos outros e que o quintal/jardim sirva para expandir a área de construção, nesta zona que já está densa.


Acesso ao quintal


Quintal na fachada posterior


Mas este, infelizmente, não é caso único. Estão a degradar - eu digo de propósito - muitos prédios pequenos e vivendas. Com o argumento de que os proprietários não têm meios, que as rendas não compensam, para se proceder a tempo e horas, a obras de manutenção, etc. depois é só cair e logo surge um modernaço feito por uma firma de construção. Eu sei pouco sobre isto, mas lá que deve haver uma lógica...



A "Vivenda 14" no "Google Earth"

Texto: Maria Clotilde Moreira / Algés; Fotos: © Isabel Magalhães; Foto "Google Earth" cedida por J. A. Baptista

8 comentários:

Miguel Múrias Mauritti disse...

É curioso que em nenhum momento de todo este processo, a SCML tivesse informado sobre qual o fim específico que pretende dar ao imóvel. Ficou-se apenas com um genérico "Social". E essa informação deve ser pública. Eu pelo menos, estou interessado em saber qual o fim que a instituição pretende dar ao nº 14. É um direito que me assiste. E um direito que deve ser satisfeito pela SCML. Afinal de contas - há quem pareça querer esquecê-lo - a SCLM é uma instituição pública. Não é nenhuma empresa privada que não precisa de dar "cavaco" do que faz.

Anónimo disse...

Sempre que passo nessa rua, fico a contemplar os paineis de azulejo. Não consigo ver quem foi o autor, mas são de uma leveza de pintura, muito bonitos. Pelas fotografias vê-se que já começaram a danificá-los. O IPAR não poderá intervir nesta situação?

Isabel Magalhães disse...

Os paineis estão muito altos e não consegui identificar assinatura ou marca da fábrica. Um deles, pelo menos, tem uma faixa que me parece ser 'Fábrica Sant'Anna'. O painel do banco poderá ser 'Viúva Lamego'.
Tirei algumas fotografias em cima dos muros, numa posição um bocado instável, e o resultado não foi dos melhores. Razão porque não publico mais fotos dos paineis. Logo que possível farei nova tentativa.
Se tiverem curiosidade em conhecer trabalhos das duas cerâmicas que menciono basta 'googlar'. :)

Anónimo disse...

É muito triste observar repetidamente em exemplos que sucedem e parecem infindáveis a degradação do património histórico do Concelho de Oeiras que, e também de forma recorrente, parece propositada; para tão só e apenas dar lugar à especulação imobiliária sempre fomentada por pessoas sem escrúpulos que apenas têm por objectivo a realização de capital. É preciso não esquecer que as gerações vindouras formam-se como pessoas e como portugueses através da percepção que têm da identidade nacional impressa nos mais variados exemplos patrimoniais espalhados pelo pais. Uma moradia com um painel de azulejos valioso pode parecer irrelevante, mas tem um peso patrimonial inquestionável, ao qual, talvez, só daqui por muitos séculos lhe seja dado o devido valor. Entretanto, e culturalmente, os jovens vão-se degradando cada vez mais ao mesmo tempo que vão conspurcando o espaço público, já que os seus valores morais são opacos e nulos, tal facto pode ser comprovado por estes dias através da invasão selvagem que diariamente acontece no Jardim de Algés, onde escumalha e muita delinquência se estende na relva, degradando-a, e deixando restos de alimentos e dejectos diversos, isto claro, nos intervalos do que se diz ser um “concerto”… que exemplo poderão estas crianças ter quando quem as deveria educar e preparar as presenteia com estes tristes e caros “espectáculos”? Uma questão pertinente e que traz à “baila” uma outra interrogação não menos perspicaz e preocupante: onde pára afinal a autoridade neste pais??!!

Raul Diogo

Unknown disse...

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Parabéns pelas fotos e pelo post, Isabel, e parabéns Clotilde pelo texto.

Este é sem dúvida mais um daqueles casos em que se está à espera que a 'casa venha abaixo...'

É pena.

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Isabel Magalhães disse...

J;

O mérito é da Clotilde Moreira. Ela é que trouxe a lume a história da 'Vivenda 14'. Eu só lá levei a digital... ;)

Isabel Magalhães disse...

Caro 'Dafundíssimo';

Não me diga que é 'mandatário'...!

;)

Unknown disse...

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É verdade, Isabel.

Ainda não esqueci a veemência com que a Clotilde apareceu a defender este caso, que até me fez meter num comboio e ir ao local tirar fotografias para o post de Agosto 2007, entusiasmo que não esmoreceu e ela mantém como se vê.

Assim se defende o Património !
Oeiras agradece !!

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