INDIFERENÇA
É preocupante a indiferença, o alheamento, que se verifica a cada passo. Cada vez mais se acentua o desinteresse pelos outros, pelo que é da comunidade, pelo que é público. Cada um vive no seu metro quadrado, alheado do que o cerca. Só desperta, só age, quando directamente algo lhe diz respeito ou afecta. E nem sempre reage da maneira mais correcta. Julga-se o centro do mundo, com todos os direitos possíveis e imagináveis e poucos ou nenhuns deveres. As mais elementares noções de civismo encontram-se banidas ou foram esquecidas, se alguma vez foram aprendidas e interiorizadas. Há, portanto, um défice de sentido dos outros e do que é público. É bem verdade que, por escassez de modelos, a pedagogia do exemplo perdeu eficácia…
E este quadro reproduz-se até aos níveis mais comezinhos do quotidiano.
Ainda na tarde do 19, na rua D. João I, em Oeiras, no populoso Bairro Velho da Medrosa, o lixo depositado num contentor entrou em combustão. O cheiro e o fumo não permitiam que a situação passasse despercebida. Mas as pessoas passavam no passeio, entravam nos prédios e ninguém tomava qualquer iniciativa. Num murete, ali perto, até um grupo de jovens se sentou a presenciar a “cena”, como se se tratasse de um espectáculo! Nem o facto de haver automóveis estacionados perto que, na eventualidade de o fogo aumentar, poderiam ser afectados, inquietou e fez mover, os… espectadores.
Só depois de farto tempo passado, uma senhora e um jovem seu familiar tiveram o expediente de, acarretando sucessivos garrafões de água, pôr termo ao fogo. E mais ninguém se moveu…
O contentor era da Câmara e os automóveis não lhes pertenciam. Tanto fazia que ardessem como não. Mas se não houvesse contentores, todos bradariam contra os serviços; se fossem os seus próprios carros molestados, também protestariam por ninguém ter tomado uma iniciativa e por os Bombeiros não terem acorrido!...
O individualismo e o egoísmo que se vivem, presentemente, são sintoma de uma doença grave. Era já tempo de rectificar o percurso.
Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com
É preocupante a indiferença, o alheamento, que se verifica a cada passo. Cada vez mais se acentua o desinteresse pelos outros, pelo que é da comunidade, pelo que é público. Cada um vive no seu metro quadrado, alheado do que o cerca. Só desperta, só age, quando directamente algo lhe diz respeito ou afecta. E nem sempre reage da maneira mais correcta. Julga-se o centro do mundo, com todos os direitos possíveis e imagináveis e poucos ou nenhuns deveres. As mais elementares noções de civismo encontram-se banidas ou foram esquecidas, se alguma vez foram aprendidas e interiorizadas. Há, portanto, um défice de sentido dos outros e do que é público. É bem verdade que, por escassez de modelos, a pedagogia do exemplo perdeu eficácia…
E este quadro reproduz-se até aos níveis mais comezinhos do quotidiano.
Ainda na tarde do 19, na rua D. João I, em Oeiras, no populoso Bairro Velho da Medrosa, o lixo depositado num contentor entrou em combustão. O cheiro e o fumo não permitiam que a situação passasse despercebida. Mas as pessoas passavam no passeio, entravam nos prédios e ninguém tomava qualquer iniciativa. Num murete, ali perto, até um grupo de jovens se sentou a presenciar a “cena”, como se se tratasse de um espectáculo! Nem o facto de haver automóveis estacionados perto que, na eventualidade de o fogo aumentar, poderiam ser afectados, inquietou e fez mover, os… espectadores.
Só depois de farto tempo passado, uma senhora e um jovem seu familiar tiveram o expediente de, acarretando sucessivos garrafões de água, pôr termo ao fogo. E mais ninguém se moveu…
O contentor era da Câmara e os automóveis não lhes pertenciam. Tanto fazia que ardessem como não. Mas se não houvesse contentores, todos bradariam contra os serviços; se fossem os seus próprios carros molestados, também protestariam por ninguém ter tomado uma iniciativa e por os Bombeiros não terem acorrido!...
O individualismo e o egoísmo que se vivem, presentemente, são sintoma de uma doença grave. Era já tempo de rectificar o percurso.
Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com
O Oeiras Local agradece ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol.
Foto: Oeiras Actual
1 comentário:
Caro Amigo Jorge;
"O individualismo e o egoísmo que se vivem, presentemente, são sintoma de uma doença grave. Era já tempo de rectificar o percurso."
Não sou péssimista mas acho que há tendência a piorar...
Um []
I.
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