sábado, 12 de julho de 2008

Projecto de Loteamento da Fundição de Oeiras

2008/7/4
joaocarloscneves@gmail.com

Caros amigos,

Segue em anexo um arquivo contendo um artigo de jornal e várias imagens de maquetas e desenhos do projectado loteamento da Fundição de Oeiras, que vos peço o favor de publicarem no blogue.

Este projecto está a consulta pública até dia 12 de Junho, Espero que esta informação possa contribuir para tornar ainda mais clara o carácter monumental e desajustado deste projecto e para que se possa perceber o efeito, que eu diria devastador, que este irá ter nas nossas vidas, caso não consigamos impedir a sua implementação nos moldes aqui apresentados.

Moro em Nova Oeiras desde que nasci e sinto este projecto como uma verdadeira descaracterização desta área e de toda a paisagem envolvente.

Para além da demolição da fundição e da construção de prédios e torres de grande volumetria (2 delas com 25 andares) bem documentada nas imagens, o projecto prevê o arranjo das zona envolventes com viadutos de atravessamento da linha férrea - um deles a começar no acesso Sul da Alameda Conde de Oeiras e outros a passar por baixo da ponte do comboio - um silo auto a implantar no velho picadeiro com - entre outras nefandas consequências - o abate de um enorme plátano, quiçá já centenário, a destruição da pequena ponte que atravessa a ribeira da laje junto à entrada principal do parque de Oeiras e que liga duas rotundas menores - cada qual do seu lado da ribeira - para dar lugar a uma majestática e hiperbólica rotunda, entre outras pequenas-grandes alterações e inovações.

Parece-me que este projecto, a ir avante, representa por um lado a destruição de uma memória importante do que foi e do que é Oeiras, de uma paisagem característica de horizontes relativamente desafogados, de um certo modo de estar que contribui para enformar as vivências, a história, o modo de olhar as coisas, o carácter de quem aqui vive sendo portanto um bem moral, interior de cada um – pelo que será aqui infligido um importante dano não patrimonial -, mas, também e objectivamente, representa uma marcada degradação da qualidade de vida das pessoas que aqui vivem e das que poderão para aqui vir viver, com a deterioração da qualidade ambiental resultante do aumento do fluxo automóvel e de pessoas, uma vez que partimos de uma situação em que já ultrapassámos o limite do número de pessoas e tráfego que esta área pode comportar para que se possa viver com qualidade de vida.

Por estas razões penso que é importante que todos façam ouvir a sua voz, dirigindo-se à Câmara Municipal de Oeiras, até dia 12 do corrente, e inscrevendo o que se lhes aprouver dizer sobre este assunto, para que tal possa ser tomado em consideração no momento da apreciação do projecto pela Assembleia Municipal.

Julgo mesmo que teria todo o cabimento a formação de um grupo de acompanhamento deste projecto com o objectivo de impedir a sua realização nos moldes expostos e de minimizar os impactos sobre a zona, sempre numa perspectiva positiva e construtiva sem, no entanto, esquecer os fins em vista. Sabem, por acaso se já existe um grupo com estas características? Caso já exista semelhante grupo de pessoas eu teria muito gosto em integrá-lo. Caso contrario tentarei eu mesmo essa iniciativa.

Parabéns pelo blogue e obrigado pela vossa atenção.

Cumprimentos,

João Carlos Neves






9 comentários:

Anónimo disse...

Este é sem dúvida o maior escândalo prestes a acontecer no Concelho de Oeiras! É a vergomha das vergoinhas, inqualificável. Remeto as conclusões desta problemática para o post mais em baixo referente à moradia dos azuleijos que, tal como os da Fundição de Oeiras, são um património valiosissimo do nosso Concelho e mesmo de Portugal.

Raul Diogo

Anónimo disse...

Viva o Isaltino Morais e quem o apoiou.

Haveis de morrer enterrados em betão armado, sem ruas para andar, nem ar para respirar. Porque eu daqui piro-me para a minha terrinha.

Anónimo disse...

Salvaguardando o tal património da F.O. qual é o problema de levar a efeito um projecto tão bonito? Só gostava de saber onde é que os distintos anónimos morariam se não se construisse nada no concelho, concerteza nalguma caverna paleolítica ou noutro buraco qualquer

Jorge Pinheiro disse...

Já foi aqui abordado este tema. Tb. moro em Nova Oeiras há 45 anos. Considero um escândalo a actual circulação no chamado Largo da Estação, a acumulação de camionetas e de táxis,um pandemónio no atravessamento de peões, uma estação da Galp ilegal e perigosa, bem como a inexistência de um silo automóvel no "picadeiro", única forma de tentar limitar o estacionamento caótico que assola NO. Se para ter isto é preciso fazer uma urbanização na Fundição, não sei. Seria bom que fosse assumido como um projecto público e não servir de contrapartidas para mais uma especulação imobiliária, ainda por cima com elevada cércea. Preferiria, obviamente, um jardim sem estátuas. Quanto à Fundiçâo, e com excepção de uns azulejos e da sede que vai ser conservada, o resto são um conjunto de barracões em avançada decadência, cuja utilidade cultural tem sido mais que duvidosa. No resto, não consigo concordar com o imobilismo preconizado por este post, embora esteja inteiramente disponível para acções positivas. Só mandar abaixo não é o meu estilo!

Jorge Pinheiro disse...

Em complemento, e como seguramente é do seu conhecimento, existe uma associação de moradores de NO, particularmente activa e que tem todo o interesse em receber novos contributos. Contactos: amnovaoeiras@sapo.pt ; reuniões todas as 4ª feiras, pelas 10h no Centro de Juventude (perto da igreja de NO). Apareça e será muito bem-vindo.

Jorge Pinheiro disse...

Ainda complementando, fui averiguar e informo: não vai haver atravessamento subterrâneo de carros par NO; vai apenas haver uma passagem pedonal por cima da linha; a bomba de gasolina (que já ia explodindo outro dia) vai sair; vão ser criados cerca de 1000 novos lugares de estacionamentono silo e na Fundição; vai haver um interface subterrâneo de acesso de peões à estação da CP que evita o atravessamento do Largo, quer para NO, quer para a nova estação de camionagem; a camionetas vão passar a ter a sua estação na placa por cima do silo que serà estacionamento; vão ser reorganizadas as rotundas de acesso à Marginal, juntando as 2 actuais e alargando a ponte. Tudo isto parece bom para NO. Falta só saber se a Estrada de Stº António será aberta no sentido Carcavelos-Estação de Oeiras, evitando a entrada de trânsito de mera passagem dentro de NO. É esta a situação. Claro que vai ser uma maçada com obras; mais um pavor de gente; carros a despejar para a A5 e Marginal... Mas este projecto já está em curso há cerca de 8 anos! Só perceberam agora?!

Unknown disse...

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Já aqui referi e repito para quem ouve/lê mal.

Entre as 8h. e as 9h. da manhã, a rotunda da feira de Carcavelos - único acesso à auto-estrada e à Marginal - já está entupida com pára-arranca na ordem dos 15-20 minutos. E AINDA NÃO FOI CONSTRUÍDA NEM HABITADA A NOVA URBANIZAÇÃO...!!

Prevêem-se ca. 3500 habitantes. Número acrescido pelo grande movimento gerado pela zona comercial que será construída.

Pergunta-se: POR ONDE VÃO CIRCULAR ESTAS CENTENAS MAIS DE CARROS ?! PELAS VIAS JÁ CONGESTIONADAS ?! PELO AR ?!

Para bom entendedor... porque parece que há quem ainda não tenha percebido que aqui não estamos contra a construção de coisa nenhuma, mas alertamos para os riscos e inconveniente de construção mal planeada e feita sem ordenamento. Construção que trás mais prejuízo que melhoria das condições de vida aos munícipes.

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Morador NO disse...

A questão é precisamente como a descreve José António. O problema central é um problema da qualidade de vida dos moradores da zona e arredores que irá, obviamente, piorar, já que partimos de uma situação em que a pressão populacional e de tráfego automóvel já ultrapassou os limites do aceitável.

Estão previstos mais de 4500 novos lugares de estacionamento, sobretudo subterrâneos - já que os hoje existentes ao longo das vias serão eliminados com o alargamento das mesmas - 466 fogos de habitação e 125 quartos de hotel - correspondentes, grosso modo a 4000 moradores - que representam 50% da área de construção, sendo os restantes 50% destinados a comércio e serviços - incluindo uma grande superfície - pelo que não seria inesperado um acréscimo de mais alguns milhares de pessoas, para além dos referidos 4000 moradores, circulando diariamente pela zona.

Depois há as questões que se prendem com a descaracterização e desfiguração da paisagem natural e construída. Este é um projecto verdadeiramente monumental e sem qualquer relação com o património edificado circunstante em que há um efectivo exagero, um excesso de construção – de tal modo que não são mesmo respeitados as percentagens mínimas destinadas a espaços verdes e equipamentos de utilização colectiva exigidos por lei. Além disso, na tentativa de acomodar o tráfego acrescido verifica-se a amputação de uma porção do parque municipal – em que o portão principal junto à ribeira da Laje, do lado de Oeiras, recua 33 metros na direcção da ponte ferroviária, para dar lugar a uma hiperbólica rotunda de 3 faixas que atravessa a ribeira - e o consequente abate, tanto aí como na Rua da Fundição de Oeiras e Estrada da Medrosa, de numerosas árvores, todas elas, no mínimo, cinquentenárias; o fechar dos horizontes e a asfixia daí resultante; o alargar de estradas, que passam, sistematicamente, de 2 para 4 faixas; a implantação de novas e enormes rotundas, por todo o lado dificultando ou impedindo a circulação a pé, já que o actor principal passará, necessariamente a ser o automóvel.

Morador NO disse...

Gostaria ainda de chamar a atenção para o facto do projecto de loteamento da fundição de Oeiras - processo nº 67/2007 – se encontrar em discussão pública até dia 23 de Julho de 2008 – e não até dia 12 como foi afirmado -, podendo ser consultado no balcão de atendimento do edifício principal da Câmara Municipal de Oeiras, entre as 09:00 e as 17:30.

Julgo que é muito importante que o maior número possível de pessoas consulte o processo e inscreva a sua opinião no livro existente para o efeito, bem assim como sugestões e todas e quaisquer questões que queira ver esclarecidas, questões essas a que a Câmara será obrigada a responder por escrito.

A título de exemplo, importa, nomeadamente, indagar:
1 - Qual o mecanismo que torna possível construir com um índice de construção de 1,85 quando o PDM estipula 0,48 para esta zona?
2 - Porque não foi apresentado o necessário e importantíssimo estudo de impacte ambiental exigido por lei?
3 - Quais os motivos de força maior que justificam o desfigurar da paisagem natural e construída e o descaracterizar duma zona importante da história recente de Oeiras com a consequente degradação da qualidade de vida dos habitantes da vasta zona envolvente?
4 - Por que razão se encontram apenas disponíveis para consulta, no âmbito da discussão pública em curso, os volumes 9º, 10º e 11º do processo 67/2007 e não a totalidade dos volumes do referido processo, tal como é exigido por lei?

E já agora consultem o blog "http://fundicaodeoeiraseseutermo.blogspot.com" em que se debaterá este tema e se tentará dar conta das notícias que forem surgindo sobre o mesmo.