quinta-feira, 14 de maio de 2009

Cansados

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14 Maio 2009 - 09h00
Da vida real

Greves, despedimentos, desemprego. Processos judiciais contra gestores que ontem eram apontados e referenciados como exemplos de sucesso. Notícias de burlas e corrupção. Os mercados em rally. As entidades de supervisão em causa. O anúncio de alteração de leis penais sob o efeito de casos concretos (outra vez).

A Bela Vista a arder na fogueira de ausência de políticas de acolhimento e integração. Indícios de pressões sobre magistrados confirmadas pela instauração de um processo disciplinar. O silêncio do ministro da Justiça e personalidades com responsabilidades envolvidas em nebulosas. A linguagem que acompanha estas questões está ao nível das mesmas.

O que se passa connosco é dramático, porque o problema não se limita ao económico, o que por si sempre seria muito grave: o bloqueio, o descrédito e a falência institucionais cada vez mais se assemelham a muros que o cidadão não consegue transpor. É difícil resolver o mais pequeno problema no Portugal disfuncional de hoje e o País vai-se rendendo a um fatalismo tal que mais se assemelha a coma colectivo. Como se o futuro fosse uma circunferência fechada a cadeado e todos estivéssemos muito cansados desta ausência de perspectivas aliada a dificuldades constantes; tão cansados que não conseguimos reagir. Há um para quê quando se vê tanta impunidade por tanto lado.

Mas não é impossível reestruturarmo-nos numa lógica de aceitação de menos dinheiro, mais solidariedade e maior solidez no nosso desenvolvimento, com mais tolerância que é sempre difícil de pedir em concreto e sobretudo em situações de crise.

Que capacidade para nos reinventarmos vamos nós ter? Passa necessariamente por um debate alargado sobre o humanismo, para que se não repitam as desgraças e os horrores que normalmente surgem em época de depressões. Há pedagogia a fazer.

O Ocidente deixou de ter o monopólio de um modelo de desenvolvimento económico que exportou, mas, no preciso momento em que ele entra em contracção, não pode perder a bandeira de defesa dos direitos, liberdades e garantias, do humanismo que lhe permitiu viver mais de meio século em paz. Mas isso implica resistência a tentações imediatas de encontrar bodes expiatórios e a consciência de uma reserva que retome princípios que foram sendo sacrificados. Não podemos dar-nos ao luxo de estar cansados. Há que reagir. Todos os dias, mas também nas eleições. Comecemos pela Europa. A sério.

3 comentários:

Só uma sugestão disse...

Ora aqui está alguém que pensa pela sua cabeça e seria a candidata vencedora para o concelho de Oeiras.

Os munícipes de Oeiras bem precisavam de um politico assim .
Também não é pedir muito .....

A imitação contrafeita (Lenita) por muito que pinte o cabelo nunca lhe chegará aos calcanhares.

Isabel Magalhães disse...

O eleitorado de Oeiras é difícil de entender. Só assim se percebe a vitória do iomaf quando já havia mais do que suspeitas do que está agora a saber-se no julgamento.
Também não sei a que se deve a demora de notícias do PSD mas certamente haverá razões...

Anónimo disse...

A Dra Paula Teixeira da Cruz poderia ser uma candidata capaz de vencer o isaltino.

O candidato do PSD/Oeiras só pode ser uma piada para desocupados ao serviço do Iomafia & Cª Lda.