segunda-feira, 18 de maio de 2009

Nenhuma gota de Chuva se julga culpada pela inundação


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A campanha eleitoral já começou.

Em ano de três eleições, pensar em Portugal tornou-se desagradável, desencantado, triste e perigoso. Criou-se entre os portugueses uma leve sensação, incómoda, que nada irá mudar. Estamos condenados a sermos medíocres, pobres, corruptos, megalómanos e fatalistas.

Os políticos, esses alvos da nossa desconfiança, vão-nos dando razões para alimentar essa sensação. Mas, também quem nos mandou delegar apenas neles o nosso destino?

O PS mostra-se como um poço de virtudes e um reservatório de homens honestos e bons sempre a pensar no melhor para Portugal, dedicados à causa pública e prontos a servir. Uma “ alegre” poesia tecida no interesses dos mesmos.

O PSD fala verdade a mentir, e quer ser alternância para que tudo fique na mesma usando os mesmos de sempre.

O CDS é PP, é Portas desde as feiras até aos submarinos.

O PCP mantêm - se igual a si próprio e fiel às suas cassetes.

O BE consegue o milagre de o Zé não fazer falta a não ser ao Costa.

E aquilo que vemos que nos deixa estupefactos, é que nesta crise que nos assola, com o desemprego a aumentar em flecha, nenhum deles quer efectivamente discutir Portugal as soluções, os caminhos e as éticas.

Prendem-se como sempre no “sound-byte” no cartaz propagandístico, como se o político fosse um sabonete. Prendem-se nas minudências colaterais e fúteis que na realidade só servem para manipular.
Porém, aquilo que nos é dado observar, cada vez mais, é a capacidade de os “políticos” se orientarem utilizando os cargos públicos como trampolim da sua ambição.

O Silva Lopes mesmo com 77 anos, sempre a pedir a baixa dos salários, junta agora às suas reformas e indemnização por sair de um Banco, a nomeação como administrador da EDP - Renováveis. Nós, pobres cidadãos de segunda juntamos a factura da electricidade mais cara da Europa.

O Vítor Constâncio mantém-se de pedra e cal mesmo sabendo que falhou nas funções de supervisão do sistema financeiro sendo principescamente bem pago. O trabalhador mais competente e zeloso é premiado com o desemprego e muitas vezes sem direito ao respectivo subsídio.

O Dias Loureiro continua impune como Conselheiro de Estado sendo que o PR diz que nada pode fazer. Claro que pode. Pode dizer que não confia nele. Ser claro transparente. Mas eles lá continuam a justificar o injustificável e todos nós a pagar a fraude do BPN. Mas não há dinheiro para alterar o cálculo do subsídio de Desemprego de modo abranger mais pessoas.

O caso “Freport” continua a corroer o Primeiro-ministro, o PS e o sistema Judicial. Quatro anos de inoperância da investigação tendo sido preciso uma polícia estrangeira alertar para o facto. Mas, o PM mantém a tese da cabala e arrasta a situação quando podia resolver em três dias o assunto dando luz verde às suas contas bancárias e dizendo “quem não deve não teme”.

A imoralidade da unanimidade do acordo que os deputados conseguiram em relação ao valor do financiamento dos partidos com dinheiro vivo, é absolutamente pornográfica. Quando toca ao vil metal a dialéctica torna-se unânime e o consenso um bem democrático.

Mas, os nossos pequeninos partidos, cheios de políticos pequeninos, acham que política é esgrimir frases publicitárias sonantes e isso basta para serem eleitos. Foi o bastante no passado... Porque carga de água se há-de mudar, pensará o mais inocente?

Pois pensem que devemos mudar porque em 35 anos de democracia apenas nos foi devolvido a hipocrisia, a mediocridade, a dissimulação e o aumento da pobreza. Esperança passou a ser apenas uma palavra vã em desuso, honestidade um comportamento disfuncional e a integridade uma excentricidade.
Devemos mudar porque este vosso comportamento é insustentável.

E quem de vós nos devolve a esperança?

Quem de vós nos devolve a capacidade de acreditar e contribuir para um projecto? Nenhum de vós, por mais duro que seja reconhecer esta afirmação aos olhos dos fundamentalistas partidários.

Está na altura de perceberem que se vos acabou a impunidade e a imunidade.

Nós habitamos o mundo e o mundo é a nossa tarefa. Recusamos que a solidariedade fique circunscrita às poeiras da memória, os sonhos restritos a bens de consumo e os afectos aquecidos no micro-ondas.

E sabem que mais, devolve-me a esperança acreditar que nas nossas mãos está o nosso futuro. Se não houver futuro, se não tivermos futuro, seremos como dizia o outro, "cadáveres adiados que procriam". Nós precisamos do futuro como do ar que respiramos. Transforma-se o mundo em nós e fora de nós. E nesta mudança dos tempos e das vontades temos de participar.

Não podemos participar apenas através do voto de 4 em 4 anos e/ou da militância partidária. A nossa cidadania pode-se exprimir de muitas formas independente da vossa oligarquia politico-partidária incontrolável.


"Às vezes lavando as mãos sujamos a consciência ".

11 comentários:

João Salgueiro disse...

BRILHANTE!

Isabel Magalhães disse...

TERRIVELMENTE VERDADEIRO!

Clotilde Moreira disse...

É verdade. Temos todos, todos os dias de ajudar a construir o Futuro.
Clotilde

Anónimo disse...

Caramba!!!!

Mesmo vai a pena lá ir, nem que seja para pôr uma cruz...em todo o Boletim de Voto.

Anónimo disse...

Uma cruz em todo o boletim invalida o voto, é um voto NULO, coisa totalmente diferente do voto em branco que é um voto válido e que pode significar não estar de acordo com nenhum candidato

Viking disse...

Sangue, Suor e Lágrimas

Um bem-haja para Adriano Moreira que disse um pouco do muito que devia ser dito...
Foi na televisão, num programa onde se falou bem e sem politiquices “show off” e mentiras inflamadas da caça ao voto. Falou-se sério e com responsabilidade.
Uff !! Que ar fresco se respirou ontem á noite…

Realmente precisamos que nas campanhas eleitorais nos digam a verdade, doa a quem doer, e não as costumeiras promessas que ficam sempre na gaveta pois não são exequíveis. Mas dizer a verdade significa perder as eleições portanto… Mentimos….
A verdade também significa carácter, valores e responsabilidade, quem diz a verdade é sério, assume e compromete-se…. Já quem mente… tanto faz…. Já começa mal desde o principio….

Foi dito também que o povo não saberia seguir um líder que dissesse a verdade, que nos contrariasse, pois acho o contrário, o que precisamos neste tempo de crise é um líder que nos ponha no lugar, com pulso firme e convicções, que conte a verdade, seja transparente e nos mobilize seja lá para onde for…
Os Portugueses também não se têm portado muito bem, gastam dinheiro que não têm, compram por comprar, compram mal, compram caro por vaidade, vivem acima das suas possibilidades. Á uma crise de valores, mostra-se mais do que se têm, trabalha-se menos e com menos seriedade, não se têm responsabilidade civil activa, é o deixa andar….

Sangue, suor e lágrimas é o que está para vir, com ou sem líder que nos avise e mobilize para passar por cima e com esperança.

E vocês? O que fizeram pelo vosso país hoje?

O Cu de Oeiras disse...

O drama da oposição: a ética, essa desconhecida.
Os vícios do regime fazem tudo parecer normal. O drama da oposição é não haver ninguém que pareça poder fazer melhor que Sócrates, apesar deste já ser suficientemente mau.
Por favor, que se apresente quem não tem rabos-de-palha.
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“… Em Março de 2006, menos de dois anos após ter saído do Governo e antes dos três anos previstos na lei, Ferreira Leite era administradora no Banco Santander. Em 2007, ganhou quase 83 mil euros em salários …”
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Há o dever de votar. Porém, cansei-me do voto útil e de ser forçado a escolher o mal menor.
Não contem comigo enquanto não houver renovação.

Boavida

Anónimo disse...

«O BE consegue o milagre de o Zé não fazer falta a não ser ao Costa.»


Esta é divinal!

Viking disse...

A mudança deve ser de ambas as partes, penso eu...

Logo não deixarei de votar e de lutar pelo meu país, mesmo não vendo de momento alternativa ao Eng. Sócrates.

Baixar os braços é que não...

GIGI disse...

Há gente honesta, trabalhadora que se tiver mais alguns votos do que aqueles que têm tido pode pelo menos evitar que os "socrates" & Cia façam o que querem. Votem!

GIGI

Anónimo disse...

O sistema é o que temos!As pessoas têm de fazer opções e mostrar o que pretendem.Será que o futuro de Portugal não passa por um sistema político Presidencialista? Acabar com esta treta de Governos? Ter alguém a quem se peça responsabilidades?Nessa altura, além de candidatos apoiados por partidos, podiam concorrer outras pessoas. Sugestão: petição on line para mudarem a constituição da república das bananas.De qualquer dos modos nestas próximas eleições vou votar na Susan Boyle. Vou-lhe dar uma oportunidade!