terça-feira, 19 de maio de 2009

Verdade e consequência

Opinião






00h00m
1. Na entrevista que concedeu, no passado fim-de-semana, ao diário "Público" e à Rádio Renascença, Manuela Ferreira Leite apresentou-se com um novo "look": mais modernaça na indumentária, mais solta, menos rígida, com um discurso mais fluente, menos ríspida nas respostas. Bom sinal: a líder do PSD apreendeu com os tremendos erros de comunicação que os seus mais directos conselheiros lhe impingiram, propositadamente ou não, no início da empreitada.

Durante a conversa com os jornalistas Manuela Ferreira Leite deixou no ar uma pergunta de enorme relevância que passou praticamente despercebida. A dada altura, questionada sobre os investimentos anunciados pelo Governo para ultrapassar a crise, a líder social-democrata disse o seguinte (cito para evitar interpretações dúbias): "É estranho que o Governo tenha anunciado tantas medidas, tantos milhões que vão surgindo sem necessidade de fazer um orçamento rectificativo. O orçamento não estava preparado para este tipo de medidas, logo, se elas estão a surgir, quer dizer que não estão a sair do orçamento, se não ele tinha que ser corrigido. Portanto, são capazes de estar a sair da Segurança Social. Se for isso que está a acontecer, pode-se violar o princípio da relação de confiança com os cidadãos se não se lhes assegurar uma pensão na sua velhice. Tal seria dramático".

(Aconselho nova leitura da frase na íntegra para se perceber a gravidade da acusação.)

Portanto: Manuela Ferreira acha (ou, no mínimo, desconfia) que o Governo nos anda a enganar a todos e, simultaneamente, a hipotecar a reforma dos cidadãos portugueses. Que o Executivo de José Sócrates tenha deixado passar em claro tamanha pancada pode revelar uma de duas coisas: distracção (hipótese muito pouco credível) ou interesse em deixar que o vento leve, rapidamente e em força, as palavras de Manuela Ferreira Leite.

Convinha sabermos tudo o que há para saber sobre esta matéria. Porque das duas uma: ou o que Ferreira Leite diz é verdade e é grave, ou é mentira - e aí passamos a ter o direito de não dar grande crédito ao que diz a líder do PSD. Haja quem nos esclareça.

2. Rui Rio vai lançar por estes dias o cartaz da sua recandidatura à Câmara do Porto. Slogan : "Com os dois pés no Porto". A frase é boa. E má. Boa, porque mata dois coelhos de uma só cajadada: dá uma (merecida) bicada em Elisa Ferreira (a candidata do PS à autarquia também se candidata ao Parlamento Europeu) e afasta do eleitorado a ideia de que, se a vida correr mal a Manuela Ferreira Leite, Rio troca a Invicta por Lisboa. Má, porque obrigará a Rio a um gigante flique-flaque, caso o partido suspire em uníssono por si para suceder a Ferreira Leite.

1 comentário:

O Amigo das Verdades disse...

A propósito de verdade e consequência:
Alguém se lembra do ex-comandante da Policia Municipal de Oeiras, Dr.Rui Manuel Querido Duque?
O que fez de grave?
O que de mais grave, fez Isaltino?
E, o que de ainda mais grave, fez o José Ministro?
Onde pára o Dr. Rui Duque?
Voltará para a CMO com Isaltino no poder, Vs. derrota de Ministro em Mafra?
Como foi possível apagar uma nódoa neste concelho?
A meu ver, apaguemos as três nódoas, e para isso é necessário perder Oeiras, perder Mafra e levantar um processo crime e disciplinar ao Rui.
Assumamos a verdade e a respectiva consequência.

O Amigo das Verdades pois as consequências já as tem