01h17m
Ana Gomes e Elisa Ferreira estão claramente na berlinda, desde que o PS decidiu que os seus candidatos a deputados não podem ser candidatos a autarquias. A menos que José Sócrates queira defender que o caso das Europeias é diferente - e que aquelas duas deputadas têm um currículo e uma experiência que o partido não pode dispensar caso o eleitorado de Sintra e do Porto não as escolha - não resta grande alternativa a uma e a outra. E a escolha, a ser feita, já só pode ser pela candidatura autárquica, rejeitando a conseguida eleição para o Parlamento Europeu. Só optando pela solução mais difícil e menos cómoda calarão as vozes críticas e repararão o erro que foi aparecerem como candidatas em duas situações distintas. Uma e outra não precisam da política. Uma outra continuarão a ser úteis ao país, independentemente de serem ou não eleitas para Sintra ou para o Porto.
Mas não se olhe para as duas como os únicos casos. Aqui mesmo ao lado, o PCP, sempre tão firme na defesa dos valores democráticos, também deveria repensar a situação de Ilda Figueiredo, candidata em Gaia e já eleita para a Europa. Estará ela na disposição de desistir do Parlamento Europeu e ir para o terreno disputar a Câmara com Menezes? E as listas de deputados comunistas terão candidatos a autarquias como normalmente acontece?
De repente, passou pelos partidos uma onda de transparência. Ainda agora, no Porto, o PSD avisa as suas estruturas centrais de que não aceitará deputados "pára-quedistas". Eles sabem do que falam: nas últimas eleições, um cidadão de Lisboa e um alentejano que mal conhecia o distrito do Porto aqui assentaram arraiais nas listas sociais-democratas. A exigência só pode ser atendida, pois Manuela Ferreira Leite foi a primeira a introduzir algumas regras nesta matéria. Mas é preciso que não haja contradições. Marques Mendes também foi elogiado quando rejeitou autarcas como Valentim Loureiro ou Isaltino Morais, mas também foi ele mesmo a abrir portas aos tais deputados "pára-quedistas". É por isso que, nomeadamente no PSD, deve ser clarificada também a posição de Paulo Rangel: eleito para o Parlamento Europeu, será que pretende manter-se ali se o partido ganhar as Legislativas, formar Governo e lhe for oferecida uma pasta? Em nome da transparência, não deve aceitar, do mesmo modo que Rui Rio já garantiu que ficará no Porto mesmo que o partido forme Governo. Mas, curiosamente, o mesmo Rio também já disse o que fará no caso - hipótese remota segundo as sondagens - de não ser eleito presidente: não ficará como vereador.
A transparência deve aliás ser exigida a todos os outros partidos. No Bloco, perspectiva-se a candidatura de Fazenda como deputado e à Câmara de Lisboa e a de João Semedo em Gaia. Quererá o BE recuar ou explicar porque concorda com as duplas candidaturas?
Seria bom que os políticos assumissem esta transparência como isso mesmo: um acto cívico em nome do reforço da democracia e não como uma habilidade conjuntural, uma táctica de momento. Todos os partidos - todos - têm as suas zonas opacas, embora julguem ser os únicos a ostentar paredes de vidro. O ideal mesmo seria que traduzissem para letra de lei a impossibilidade de alguém, ocupando um cargo, ser eleito para outro ou trocar de cargo por nomeação directa.
Ana Gomes e Elisa Ferreira estão claramente na berlinda, desde que o PS decidiu que os seus candidatos a deputados não podem ser candidatos a autarquias. A menos que José Sócrates queira defender que o caso das Europeias é diferente - e que aquelas duas deputadas têm um currículo e uma experiência que o partido não pode dispensar caso o eleitorado de Sintra e do Porto não as escolha - não resta grande alternativa a uma e a outra. E a escolha, a ser feita, já só pode ser pela candidatura autárquica, rejeitando a conseguida eleição para o Parlamento Europeu. Só optando pela solução mais difícil e menos cómoda calarão as vozes críticas e repararão o erro que foi aparecerem como candidatas em duas situações distintas. Uma e outra não precisam da política. Uma outra continuarão a ser úteis ao país, independentemente de serem ou não eleitas para Sintra ou para o Porto.
Mas não se olhe para as duas como os únicos casos. Aqui mesmo ao lado, o PCP, sempre tão firme na defesa dos valores democráticos, também deveria repensar a situação de Ilda Figueiredo, candidata em Gaia e já eleita para a Europa. Estará ela na disposição de desistir do Parlamento Europeu e ir para o terreno disputar a Câmara com Menezes? E as listas de deputados comunistas terão candidatos a autarquias como normalmente acontece?
De repente, passou pelos partidos uma onda de transparência. Ainda agora, no Porto, o PSD avisa as suas estruturas centrais de que não aceitará deputados "pára-quedistas". Eles sabem do que falam: nas últimas eleições, um cidadão de Lisboa e um alentejano que mal conhecia o distrito do Porto aqui assentaram arraiais nas listas sociais-democratas. A exigência só pode ser atendida, pois Manuela Ferreira Leite foi a primeira a introduzir algumas regras nesta matéria. Mas é preciso que não haja contradições. Marques Mendes também foi elogiado quando rejeitou autarcas como Valentim Loureiro ou Isaltino Morais, mas também foi ele mesmo a abrir portas aos tais deputados "pára-quedistas". É por isso que, nomeadamente no PSD, deve ser clarificada também a posição de Paulo Rangel: eleito para o Parlamento Europeu, será que pretende manter-se ali se o partido ganhar as Legislativas, formar Governo e lhe for oferecida uma pasta? Em nome da transparência, não deve aceitar, do mesmo modo que Rui Rio já garantiu que ficará no Porto mesmo que o partido forme Governo. Mas, curiosamente, o mesmo Rio também já disse o que fará no caso - hipótese remota segundo as sondagens - de não ser eleito presidente: não ficará como vereador.
A transparência deve aliás ser exigida a todos os outros partidos. No Bloco, perspectiva-se a candidatura de Fazenda como deputado e à Câmara de Lisboa e a de João Semedo em Gaia. Quererá o BE recuar ou explicar porque concorda com as duplas candidaturas?
Seria bom que os políticos assumissem esta transparência como isso mesmo: um acto cívico em nome do reforço da democracia e não como uma habilidade conjuntural, uma táctica de momento. Todos os partidos - todos - têm as suas zonas opacas, embora julguem ser os únicos a ostentar paredes de vidro. O ideal mesmo seria que traduzissem para letra de lei a impossibilidade de alguém, ocupando um cargo, ser eleito para outro ou trocar de cargo por nomeação directa.
1 comentário:
Aparentemente todos têm telhados de Vidro. A Ilda Figueiredo também é candidata a CM de Gaia e foi eleita pelo PCP para o Parlamento Europeu .
Transparência não é um bem a fomentar .
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