terça-feira, 1 de dezembro de 2009

InCúria Báquica dos condomínios de luxo

O grão-mestre da (In)Cúria Báquica, sr. Isaltino Morais, resolveu aprovar na Quinta de São José de Ribamar, em Algés, antigo convento do século XV, um condomínio de luxo com investimento de 20 milhões de euros.

O convento era dos frades arrábidos, da serra da Arrábida, no século XV e os documentos mais antigos mostram o convento dando directamente sobre o rio Tejo. Da estrutura conventual ainda existe uma igreja, o claustro e dois jardins: um com peças tropicais como o dragoeiro e um jardim geométrico francês.

Isaltino Morais, "aquecido" pela prova do vinho, quando os vereadores Isabel Meirelles e Amílcar Campos salientaram o "atentado patrimonial" e a "falta de espaços verdes na zona", disse:

- "Estes dois são uns empatas. Deviam pôr os olhos no Marquitos e nos restantes vereadores meus amigos. E quem é amigo de Isaltino nunca fica a perder..."

17 comentários:

Anónimo disse...

Grande Obra esta do nosso Autarca. São exemplos como este, feitos deste calibre que me fazem ter orgulho de ser Municípe de Oeiras.
O Vinho de Carcavelos encontrava-se em vias de desaparecer, extinção mesmo, e não estamos a falar de algo menor, estamos a falar de um património cultural e pilar base da identidade da nossa terra. Se não fosse o Isaltino Morais este vinho hoje não existiria. Assim é que se gere o património.
Um brinde aos salvadores!

Raquel

atascadotijoao disse...

Segundo rezam os arautos da construção que dizem, que quem almoçar ou jantar ai pela zona e meter uns quantos portos velhos, não tem problema de construir qualquer coisinha !

Os 3 Mosqueteiros de Oeiras disse...

Só com muito Carcavelos no bucho é que a Raquel nos convence que "estamos a falar de um património cultural e pilar base da identidade da nossa terra" salvo pelo nosso distinto edil. Lê-se em "Memórias da linha de Cascais", escrito em 1943 : "Aqui há um século a grande riqueza de Oeiras estava na vinha, cepa rica que dava um néctar semelhante ao do Douro.Os campos vizinhos cobria-se de vinhedo bastos, que alastravam a sua mancha preciosa de Paço de Arcos a Carcavelos. Mas veio a filoxera e o desastre vinícola foi total. Só em Carcavelos, por milagre de difícil explicação, a filoxera não destruíu inteiramente as cepas de duas quintas,a dos condes da Lapa e a de Paulo Jorge, quintas onde ainda hoje se produz o vinho de Carcavelos. Cansados de lutas contra o inimigo terrível,arruinados, desesperados, os proprietários da região entregaram por fim as suas terras à cultura de cereais..."
Raquel, à boa maneira estalinista, cheia de Carcavelos até ao pescoço, tentando reescrever a história em favor do seu amo ? Modere-se senhora!

Isabel Magalhães disse...

Tenho que dividir isto em duas partes:

1. A criatividade da "Tiazoca" a quem tiro o meu chapéu.

2. A aprovação do condomínio.

Trata-se de uma propriedade privada. A CMO não pode comprar tudo. Qual seria a alternativa? Deixar ao abandono?



NB - Não estou a esquecer o impacto ambiental, a densidade populacional, o aumento da dificuldade nos acessos em vias já problemáticas e mais detalhes inerentes mas gostaria de ler outras ideias.

Os 3 Mosqueteiros de Oeiras disse...

O Convento de S.José de Ribamar
A CMO não pode comprar tudo mas deve respeito à sua história. Beckford em 1787, no seu livro "Viagens de Portugal" refere-o com destaque.
Em 1595 suplicava-se o socorro de almas caridosas perante a iminente ruína do convento, construído pelos franciscanos da Arrábida em terrenos doados por D.Francisco de Gusmão. Embora fraca a obra concitava a admioração dos devotos, devido à fama dos santos varões. Os frades orgulhavam-se de possuir no seu relicário uma imagem tida como o verdadeiro retrato de S.José, pai de Jesus Cristo, para os menos informados. A fama desta imagem dava prestígio ao convento com gente de Lisboa indo visitar o retrato e reis concedendo privilégios ao convento.
E muito mais haveria para dizer hoje que estamos numa de recordar convidamos os leitores do blog OL a referirem-se à obra "Memórias da Linha de Cascais" de Branca Colaço e Maria Archer.
CONCLUINDO: Fazer condomínio AQUI??? Valha-nos Deus!
Esta Câmara está dominada por falsos gnósticos, só assim se justifica esta falta de respeito pelas memórias do cristianismo quando comparada, por exemplo, com a reverência temerosa da evolução apócrifa, supostamente darwiniana ou semelhante, preservada no famoso castro de Leceia, objecto de sumptuosos orçamentos camarários.
Opções, claro está!

Isabel Magalhães disse...

Mea culpa!

No ponto 2. onde se lê:

Trata-se de uma propriedade privada. A CMO não pode comprar tudo.

faltam, obviamente, as aspas já que se trata de uma declaração do sr presidente da CMO, transcrita do artigo "Reunião de Câmara" a págs. 3 do Jornal de Oeiras de 1.12.2009.


Quanto a mim, a minha formação e experiência profissional (de mais de duas décadas) é, também, na área do "Turismo" donde que o assunto "Património Monumental e Artístico" não me é estranho nem desconhecido. Tive até a sorte de ter sido aluna do saudoso Professor António de Melo Moser com quem muito aprendi.

A obra "Memórias da Linha de Cascais" de Branca Colaço e Maria Archer - que com muita tristeza não possuo mas por cuja reedição pugno - tem sido várias vezes referida neste espaço.

Por último, quando publico artigos ou cito fontes não implica apenas que concorde, ou discorde, ou "assim-assim" mas também a vontade de trazer esses assuntos a debate.

E vem isto a propósito de alguns comentários anónimos, - presumivelmente de pessoas que me conhecem - que ficam indignadas e/ou surpreendidas e me "brindam" com a tal frase "isto nem parece seu".

Aproveito, mais uma vez, para agradecer a todos os que, de forma civilizada, contribuem para manter o "Oeiras Local" vivo e de boa saude.

Continuem connosco.

IM

Isabel Magalhães disse...

Ressalvo:

"saúde".

Os 3 Mosqueteiros de Oeiras disse...

Sra. D. Isabel Magalhães

Brevemente lhe faremos chegar exemplar fotocopiado desta obra, pela consideração que nos merece.
Ainda segundo a mesma obra, por instâncias dos frades arrábidos, antigas pontes como a de Algés, Cruz Quebrada, Lª Pastora e Laveiras foram construídas pela Câmara de Lisboa. Foram todas simultâneas e construídas antes de 1608, no auge do prestígio do convento.
Em meados do sec.XVII era tão grande o renome do convento que,procurando asilo seguro contra a cólera do príncipe usurpador, nele se refugiou o capitão da armada que se recusou a conduzir à ilha do exílio o rei D. Afonso VI.

Isabel Magalhães disse...

Caros "Os 3 Mosqueteiros";

Sem saber a quem me dirijo, Atos? Portus? Aramis? quiça o 4º Mosqueteiro, D'Artagnan "lui-même"? quero agradecer a consideração e o excelente presente de Natal que se propõem enviar-me.

Como dizia Oscar Wilde, que não me canso de citar, "Sou uma pessoa de gostos simples, basta-me o melhor". E, para mim, o melhor são os livros com que me enriqueço.

Saudações das minhas.

IM

Anónimo disse...

Aqui a dona de cima gosta de citar frases feitas, é esses livros que compra no quiosque lá da esquina? depois é só soltar umas máximas e temos uma dona cheia de cultura! Olhe dona Isabel, eu não preciso de livrinhos desses, sou uma mulher que lê por gosto e que se informa por convicção. Era bom que respondesse aos leitores e não os ignorasse porque agente não é parva, apesar de sermos do povo.

Raquel

Clotilde Moreira disse...

Parabéns Tiazoca. Conforme já escrevi e tenho dito é pena que a CMO não tenha acautelado aquele espaço para outros fins. A densidade daquela zona torna problemática a mobilidade.

Tenho as Memórias a Linha. Isabel vai ter oferta de uma cópia; não sabia que não tinha pois podia ter feito uma cópia.

Sobre o tal de passadiço há largos anos que ouvi na sala de onde é agora o Marquês apontarem um passadiço que ia ali nascer.

Com tanta casa vazia, com tanta construção a emergir com a natalidade a baixar...
será que vamos ser invadidos pelos Hunos?

Clotilde

AFS disse...

Isabel,

Nem parece seu... e ainda bem ;)

Concordo, como aliás já tinha referido no artigo de Fevereiro de 2009. Nem tudo pode ser público, infelizmente.

É claro que quanto aos acessos, aumento da densidade populacional, etc, é verdade que virá agravar.

Um aparte: acho muito engraçado quando vêm protestar contra o "betão de luxo". Penso sempre que se calhar era melhor que se construísse uns prédios tipo anos 70/80, cheios de azulejos e mosaicos horríveis, com varandas prontas a virar marquises. Não temos já muitos desses?

Isabel Magalhães disse...

A 'raquel' costuma ser 'surrealista' mas hoje esmerou-se. Deve ser da 'Happy Hour' com Carcavelos.

Não há pachorra!

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Já tenho dito no O.L. que nunca consegui comprar o livro da Gonta Colaço apesar de ter procurado em alfarrabistas e posto de sobreaviso os livreiros onde me abasteço.

De qq modo obrigada tb pela oferta.

Isabel Magalhães disse...

AFS;

Não me diga que não gosta de prédios com azulejos, amarelejos e verdelejos das casas de banho do lado de fora! Mas quer descaracterizar o país? E depois como é que ficava o 'kitsch' nacional? :)

oeiraslocal disse...

Ainda ninguém deu resposta às duas perguntas da Isabel Magalhães

Qual seria a alternativa?

Deixar ao abandono?

Clotilde Moreira disse...

Quando digo Betão de Luxo não é porque goste de prédios com azulejo casa de banho. Gosto de prédios com azulejos mas não é esse o meu luxo e se puxarem pela cabeça chegam lá. Senão venham tomar uma bica e eu explico.

Alternativa seria recuperar-se o edificado e aproveitar-se a largueza da quinta par usufruto e não encher de moradias. Há muita casa vazia e muitas vivendas antigas que poderiam ser recuperadas/modernizadas.

Mas compreendo que deve causar muita ansiedade ter um curso de arquitectura e não fazer uma grande obra. Dirão alguns que para manter e recuperar não é preciso curso.

Clotilde