domingo, 13 de dezembro de 2009

Elas vêm aí: Ilhas Ecológicas para todos e de "Borla"




Participei no passado dia 10, a convite do deputado municipal do BE, Miguel Pinto, em debate sobre a alteração ao regulamento de recolha de resíduos sólidos no Concelho de Oeiras. Fui convidado enquanto utilizador do sistema, sendo os restantes membros do painel, um especialista em temas ambientais e recolha de RSU da Quercus e ainda uma antiga técnica ambiental que em tempos efectuou um estágio na CMO na área da sua especialidade.

Este debate foi promovido face à proposta (aprovada pelo IOMAF e "PSD-Oeiras") do executivo da CMO em alterar o Regulamento Municipal de Resíduos Sólidos (ver
Acta aqui) no que concerne à obrigação dos promotores imobiliários em incluírem nos seus projectos e em todos os edifícios os compartimentos privativos para recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU) as vulgarmente chamadas casas-do-lixo, porque, e alegam, a estratégia da câmara passa por instalar em todas as novas urbanizações Ilhas Ecológicas e alterar progressivamente o sistema de recolha selectiva de RSU porta-a-porta para um sistema de contentores enterrados. Ou seja, a ser aprovada a proposta em Assembleia Municipal, a partir de agora todas as novas edificações passarão a ter contentores colectivos em vez de casas-do-lixo. Ou seja, o "lixo vai voltar para a rua".

Ficou claro que a CMO tem dos melhores técnicos ambientais do país mas que estão vergados às decisões dos políticos.

Ficou claro que o retrocesso que a alteração que a CMO propôs em assembleia irá enviar definitiva e irremediavelmente o nosso Concelho para os últimos lugares do ranking da eficiência da recolha selectiva de RSU e para os primeiros lugares nos Concelhos que mais gastarão de recursos com o sistema.

Para termos uma pequena ideia do despesismo que se anuncia, e refiro-me apenas à alteração do sistema de recolha porta-a-porta via casas-do-lixo em unidades residenciais, o custo da instalação e manutenção de um grupo de Ilhas Ecológicas daria para substituir durante largas dezenas de anos os pequenos contentores que cada uma das casas-do-lixo comporta.

Ficou claro também que a CMO (já foi a referência) está claramente em contra-ciclo com o que de melhor se está a fazer nesta área (ver aqui as conclusões de um caso de sucesso (
CM Maia) apresentado em seminário da Sociedade Ponto Verde realizado este ano em que os responsáveis da CMO, convidados como oradores, primaram pela ausência sem aviso). Também a CM Lisboa, mais um bom exemplo, está neste momento, freguesia a freguesia, a implementar o sistema porta-a-porta com tremendo sucesso e a fazer eco desse sucesso na comunicação social.

Nada faz sentido neste momento em Oeiras nesta área. Avançam com alguns argumentos na defesa do sistema retirados do problema que criaram no Alto de Algés. Estes argumentos constantes na acta da reunião foram referidos no debate e provocaram, mais uma vez, sorrisos na assistência e painel de participantes. Fala-se em roedores, problemas nas fechaduras, problemas nos acessos, reclamações dos moradores, e um novo... os marginais e sem abrigo que invadem as casas-do-lixo...

Ficou claro que não existem quaisquer estudos de base que sustentem esta decisão da CMO, estudos que a Quercus tem solicitado mas nunca facultados.

Ficámos a saber que grandes interesses económicos se movem nesta área a quem interessa que a ineficiência na recolha de RSU e reciclagem se agrave.
Espero que a Quercus dê a dimensão a este caso que ele merece.


Uma referência ao sr Vereador Carlos Oliveira quanto às suas intervenções reproduzidas na acta da reunião de câmara sobre o tema. Excelentes argumentos e conhecimentos técnicos. Esperamos todos que os estudos que solicitou à CMO sejam facultados e divulgados para esclarecimento de todos nós.

Por último. Existe uma referência por parte do sr Presidente ao grupo de moradores por mim liderado na contestação ao disparate que fizeram no Alto de Algés pelo facto de - alguns de nós - termos dado a cara no apoio a uma candidatura à presidência da CMO que não a sua. E...? Que esperava? Um apoio à sua?...Quer saber quantas vezes no decorrer do processo os seus serviços, de forma activa e não reactiva, nos contactaram para tentar resolver o problema ou simplesmente dialogar? Nenhuma!

Quer saber quantos responsáveis partidários locais de todas as outras forças quiseram inteirar-se do problema, visitaram o bairro e nos deram a sua opinião? Todos! E ainda faltavam muitos meses para as eleições.


Bom, faço aqui a devida correcção: - fomos visitados no Alto de Algés pelo PSD. O "PSD-Oeiras" não conhece o tema, não nos visitou e por isso, porque pouco percebe de reciclagem, recolha de RSU (..., etc) aprovou a proposta da CMO.

Nada me move contra o sr Presidente da CMO. Tem feito coisas muitos boas no nosso Concelho e outras muito más. Tem um vice-presidente que só consigo avaliar pela forma positiva como conduziu as reuniões de câmara e as intervenções que fez na assembleia municipal (as poucas que assisti) na ausência do presidente e uma equipa de vereadores muito fraca. Perdeu uma oportunidade para renovar a sua equipa numa altura em que a sua intervenção estará condicionada pelo processo por todos conhecido.

Aproveito para citar uma frase da Paula Teixeira da Cruz adaptando-a ao que se passa na gestão da CMO e quanto ao que esta dá mostras cada vez mais e mais: "uma incompreensão absoluta do Poder e para que serve o Poder: para servir. "

E por hoje fico-me por aqui.

10 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Caro João Salgueiro;

Parafraseando a canção, "It's nice to have you back where you belong". ;)

E também é bom que nos traga um assunto da maior importância para todos nós munícipes do concelho de Oeiras.

As fotos que usou são de um local próximo da minha rua e embora não retratem uma situação diária é mais frequente do que seria desejável.

Conforme referi num artigo, muitos moradores não colaboram e não procedem de forma civíca mas a CMO parece não dispor de autocarros em número suficiente para fazer a recolha do lixo das ilhas ecológicas.

Lamenta-se que esteja a haver um retrocesso na recolha dos RSU nos bairros já equipados com 'casas do lixo'.

Resta uma pergunta: A quem aproveita a mudança?

Anónimo disse...

É este o tal concelho modelo da propaganda elitoralista e populista ?

Anónimo disse...

De «Borla»???!!!
Sabem quanto custa cada conjunto de 4 ilhas ???
Façam contas...
Quem é que vai aumentar o pé-de-meia no estrangeiro, quem é???!!!

Anónimo disse...

""O "PSD-Oeiras" não conhece o tema, não nos visitou e por isso, porque pouco percebe de reciclagem, recolha de RSU..."
Informe-se melhor sobre quem o visitou e vai reparar que está equivocado. A cara que viu só apareceu porque foi levada e elucidada por alguém, quer em relação aos lixos quer em relação a tudo o resto. De Oeiras, "esse(a)" PSD não percebe nada. Talvez de Bruxelas..... E mesmo assim tenho dúvidas......

O Nome Não Interessa disse...

Caro João Salgueiro,
A CMO "mexeu-se" porque aqui foi escrito que a colocação de moloks e ilhas em substituição das casas do lixo era ilegal, pois estas fazem parte do RM de Resíduos Sólidos e os outros sistemas não! Ainda bem que os "técnicos" da CMO vieram ao OL ver/ler a cagada que fizeram. Não foi apresentado nenhum estudo e proponho que os senhores voltem a uma sessão pública da Câmara e peçam à Sra. Vereadora Madalena Castro os "tais" estudos, ainda que já não seja ela a vereadora do pelouro. Quanto à crítica ao PSD Oeiras sabe bem que a mesma é injusta, foi o PSD Oeiras que foi ao Alto de Algés. As fotos tiradas na época, Agosto/Setembro, não mentem, até estão no Facebook de Isabel Meirelles. A vereadora do PSD é que não esteve na reunião, como não esteve na votação do Orçamento e GOP, num profundo desrespeito em quem nela votou, em quem nela acreditou. Vir agora dizer que quem votou foram os vereadores suplentes/substitutos é de muito mau gosto. Para quem tanto critica Isaltino Morais e a sua gestão, quem tanto critica a nomeação de Pedro Simões para a Parques Tejo, não abdica do lugar que tem na Universidade Atlântica, cujo accionista maioritário é a Câmara Municipal de Oeiras... Força, João Salgueiro, você e o seu grupo de cidadãos têm sido incómodos para o grupo de incompetentes e "yes man" e "yes lady" de técnicos superiores que se deixam ultrapassar por políticos ainda mais incompetentes, que apenas mudam de sistema de deposição e recolha por mudar, por pura teimosia.

Anónimo disse...

Parabéns João... Isso é que é força e garra de leão. É um exemplo de cidadania, visto estar sempre atento aos problemas da sua freguesia e não cruzar os braços. Felicito-o igualmente pela sua participação na reunião promovida pelo Bloco de Esquerda. Tudo o que se possa fazer a bem dos problemas ambientais e não só...nunca é excessivo, mas não devemos igualmente descurar o despesismo do Município, pois os dinheiros são de todos nós e nem sempre os mesmos são bem aplicados.F O R Ç A A M I G O.

Isabel Magalhães disse...

Caro anónimo [14 de Dezembro de 2009 16:52];

O seu comentário revela alguns equívocos. Independente das pessoas do PSD Oeiras que lá tenham estado, [Alto de Algés] tanto quanto sei porque também lá estive, a visita foi de iniciativa do João Salgueiro que convidou a Dra. Isabel Meirelles.

João Salgueiro disse...

Ao sr Anónimo (4 de Dezembro de 2009 16.52)

Muito lhe agradeço que me esclareça quem aqui esteve do "PSD-Oeiras". Gostaria de saber o sentido da visita dessas personagens ao bairro e apoio demonstrado e que passados uns meses votaram favoravelmente uma proposta ao lado da câmara que legitima precisamente o disparate que fizeram no Alto de Algés.

Sabe, é que cheguei há tão pouco tempo à realidade política do meu Concelho que ando um pouco confuso..."PSD-Oeiras, PSD-Algés, PSD Nacional, "projecto Grande Família IOMAF/PSD"...há coisas que por mais manuais de Ciência Política que devore não consigo lá chegar.

Já alguém me alvitrou que ando a ler os manuais errados para conseguir chegar a conclusões sobre o que se passa no meu Concelho.

Abraço e continue connosco.

João Salgueiro disse...

Amigo e anónimo das 14 de Dezembro de 2009 23:48;

Ambos sabemos que os substitutos que estiveram na reunião de câmara deveriam saber que este era um assunto que fez parte da campanha da nrº 1 da lista a que pertencem com a presença no Alto de Algés em solidariedade ao problema criado e no entanto votaram favoravelmente a proposta da CMO e que contraria as propostas do programa eleitoral que o PSD defendeu para Oeiras sobre tema.

A questão das ausências da Isabel Meirelles às reuniões/votações é algo que ela própria em breve deverá justificar.

Amigo anónimo, obrigado pelo incentivo.

O que for bom para a minha freguesia e para o meu Concelho aqui e noutros fóruns será defendido independente da cor política das propostas. O que se prever venha a ser ruinoso para nós e gerações vindouras aqui e noutros fóruns será denunciado.

Quer um exemplo da minha boa vontade?

Anuncia-se a "Red Bull Air Race" em Oeiras e Lisboa com o apoio das respectivas câmaras. Em Algés, no terrapleno, será provavelmente o local das descolagens com toda logística associada. Prevejo que seja necessário "limpar a cara" àquela zona tão mal tratada. Poderá o ser o motor para finalmente termos o terrapleno para usufruto de todos os Algesinos.

Faço votos que a CMO faça a sua parte e bem para orgulho de todos nós Oeirenses.

Forte Abraço e Boas Festas para ti Amigo "anónimo".

Mário Russo disse...

Prezada Isabel,

O porta-a-porta pode parecer uma boa solução, mas de facto não é. O problema é que as pessoas muitas vezes agem por impulso e por profissão de fé. Como acreditam defendem, mas sem fundamento nenhum que não seja fundamentalista.

Há casos na cidade do Porto (estudo de um doutoramento) em que o custo real de recolha porta a porta, de um certo fluxo é de mais de 2500 euros a tonelada, outro a 730 euros a tonelada e por aí vai.

Quem é que paga?

E onde está a educação ambiental dos cidadãos? Onde está a sua participação?

É preciso ir a casa de cada um buscar os resíduos que produzem?

É isso que está a incutir?

Quem paga são os nossos impostos e a convicção "religiosa" de uns quantos bem intencionados, mas mal informados "ecologistas".

Mário Russo