CM - 08 Maio 2009 - 00h30
Alcântara: Câmara propõe zona de recreio para parte da plataforma
A Câmara de Lisboa cedeu... mas pouco. Em causa está a polémica que envolve a triplicação do terminal de contentores de Alcântara, e em relação à qual a autarquia parecia irredutível. A verdade é que dias depois de Santana Lopes, candidato do PSD àquele município, tornar pública a intenção de pôr um travão nesse alargamento, António Costa revela que estão em cima da mesa novas negociações com a administração do porto de Lisboa e com a concessionária Liscont, do grupo Mota-Engil.
O presidente da autarquia lisboeta adiantou ontem que está a ser discutida a "redução da área disponível para a deposição de contentores", com o objectivo de libertar algumas áreas e garantir o acesso dos cidadãos ao rio Tejo. O autarca ainda não especifica a percentagem de redução em causa, mas garante que não chegará aos 50 por cento. Assegura também que a triplicação da infra-estrutura continua a ser um objectivo a longo prazo.
Ou seja, na realidade não há qualquer recuo por parte da Câmara neste processo, como explicou ao CM o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado. "O operador diz-nos que numa primeira fase não necessita de toda a plataforma, só daqui a uns vinte anos", disse. Neste sentido, avançou o responsável, "está a ser negociada uma solução que visa ocupar parte da plataforma numa zona de recreio, uma verde".
A Câmara de Lisboa prevê ainda construir um jardim junto à gare marítima de Alcântara, o enterramento da linha de comboio e que o escoamento de contentores seja assegurado através do comboio e de barcaças.
BE CRITICA "BRAÇO POLÍTICO"
O cabeça-de-lista do BE à Câmara de Lisboa, Luís Fazenda, acusou ontem o executivo de António Costa e José Sá Fernandes de ser um "braço político dos negócios do Governo" no que se refere ao terminal de contentores de Alcântara.
"A requalificação da frente ribeirinha é contrária à proliferação de barreiras físicas. O apelo do rio não pode ser o ritual Tejo pelo centenário da República. A autarquia não pode ser o braço político dos negócios do Governo com a Liscont", disse Fazenda no lançamento da candidatura do BE à Câmara e Assembleia Municipal de Lisboa.
Na opinião do candidato, a "triplicação de contentores em Alcântara e cruzeiros em Santa Apolónia aumentam as barreiras físicas [e] urbanizações densas com torres de 16 andares ou mais são um atentado à medida e à proporção da cidade e da sua respiração".
SAIBA MAIS
CONCESSÃO
O Governo alargou a concessão do terminal e contentores de Alcântara à Liscont, do grupo Mota-Engil, até 2042. A decisão foi fortemente contestada .
8,6
milhões de euros é a perspectiva de lucro anual para a administração do porto de Lisboa, gestora da zona ribeirinha, e para a Liscont. Actualmente o lucro é de 3,7 milhões de euros.
5
é o número máximo de contentores empilhados permitidos, de maneira e evitar que se crie uma parede em frente ao rio.
PETIÇÃO
Um grupo de cidadãos, liderado por Miguel Sousa Tavares, lançou uma petição à Assembleia da República contra a extensão da concessão à empresa Liscont e a triplicação do terminal.
Janete Frazão
1 comentário:
A Mota Engil, o «Coelhone», o PS, o Sóares é fixe e o povo que se lixe.
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