Parabéns portugueses
Por outras palavras
Manuel António Pina
A leitura da imprensa de ontem deixou-me mergulhado naquilo que, em literatura de aeroporto, se chama de "confusão de sentimentos". A notícia de que o Ministério da Justiça tinha comprado cinco limusinas de luxo, uma para o ministro, duas para os secretários de Estado, outra para o presidente do Instituto de Gestão Financeira e de Infra-Estruturas da Justiça (mais que justificadamente, pois este só já tinha uns velhíssimos Audi A6 e Peugeot 407 de 2003) e mais uma para a secretaria-geral, começou por inquietar-me. Tanto mais que outra notícia me dava conta de que o OE gastará, em 2008, 3,4 milhões de euros (mais 15,4% do que este ano) com viagens de deputados. Mas que podia eu fazer? Preocupo-me em ter os impostos em dia pois alguém tem que pagar o défice ( incluindo os 280 000 euros de vencimento do dr. Vítor Constâncio, quase o dobro do que recebia Alan Greenspan na Reserva Federal americana) e já não tenho, como a generalidade dos portugueses, mais buracos no cinto que apertar. Mas depois percebi que eram boas notícias e que, como disse o primeiro-ministro, estamos todos de parabéns pois o défice já só vai em 3%. Os funcionários públicos vão ver que os 2,1% de aumento são lapso do Ministério das Finanças. Na verdade, o aumento será de 21%.
9 comentários:
Pois...pois é que os donos das marcas também têm de vender estas belezas de pópós. Além disso é tb bom para que Portugal fique nos primeiros lugares de utilizadores de carros de luxo.
Eu ando a coleccionar informações s/ ordenados para ver se entendo: O Gama Pinto precisa de Um médico oftalmologista para um ordenado que não chega a 2 mil euros e uma assessora para o Ministério da Justiça para verificar conteúdo tem um ordenado de mais de 3 mil euros.
Clotilde
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E tudo isto numa altura em que o cu-verno nos manda a nós ter contenção e blá-blá-blá...
Andamos a ser GOZADOS !!!
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Não percebo!
Não acham que as funções (altas) devem ser dignificadas nos(baixos) assentos dos popós.
Ainda por cima era carros do povo (em alemão já se vê), ouvi eu na rádio.
Desmancha-prazeres é o que vocês são.
Fernando Lopes
A troca dos carros deve-se provavelmente ao termo do leasing, o que até poderia ser à primeira vista uma questão menor, mas multipliquemos estes casos por toda a estrutura do Estado… este é o problema… Com tantos sacrifícios que são pedidos aos portugueses, com tantos cortes que são feitos no próprio sector Estado, como na saúde e na educação, seria um excelente exemplo a dar optar-se por prolongar o período em que estas viaturas estão ao serviço dos diversos ministérios.
Em relação ao défice é importante referir que as metas propostas, os tais 3%, vão ser uma realidade de facto, mas eles são atingidos de uma forma perversa, isto é, a despesa de funcionamento da estrutura do Estado mantem-se praticamente igual, o que há é um aumento de receita, resultante de um maior rigor na cobrança e fiscalização de impostos e um corte fortíssimo no investimento público a par do crescimento negativo dos salários dos funcionários, assim é natural que se fale em “poupança” e se atinja a famigerada marca dos 3%… agora, o problema de base continua e não é a fechar maternidades e a enviar professores para o desemprego que se resolve.
Atentamente,
Diogo Castro
Caros Amigos,
Já sei que vou ser apelidado de mesquinho, de ter uma visão saloia dos cargos governamentais, de não perceber que somos um País europeu e que, por isso, não devemos demonstrar tacanhez, etc., etc., etc.
Mais: até sou dos que defendem que os governantes (leia-se autarcas, deputados, ministros, secretários e sub-secretários de Estado, Presidente da República, etc.) devem auferir vencimentos condignos, sob pena de poucos quererem estes lugares.
Deixo, no entanto, uma pergunta "no ar":
Se estamos mal - o cu-verno diz que não mas aperta-nos cada vez mais o cinto -, porque não passam esses senhores a utilizar os bólidos de alta cilindrada e topo de gama que são apreendidos?
Para onde vão, afinal, esses pó-pós?
Será que enferrujam ou alguém os vem a utilizar?
A sério que não sei... mas passou-me pela cabeça esta ideia!
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Amigo Rui,
"Para onde vão, afinal, esses pó-pós?"
Ora, isso toda a gente sabe !
São vendidos por tuta e meia nos leilões das polícias (entre outros).
E é assim que anda por aí muito boa gente sem poder de compra para os ter a ostentá-los... e a saber antecipadamente quando vão ser os leilões...
Somos um país de negociadores natos... :)))
Capice ?
Abraço
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Não sei se se aplica neste caso mas há ainda uma situação denominada 'buy back', em que o concessionário celebra com o comprador um contrato de retoma ao fim de 'X' kms de uso por troca de uma nova viatura.
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Desculpe lá, Amiga Isabel,
Mas esses subterfúgios do "buy back", "leasing", "ald", blá, blá, blá, não me convence!
Em vez da "retoma", o que eu lhes dava era o "ora toma!", do sábio "Zé Povinho"...
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E...
... FIADO, SÓ AMANHÃ !!
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