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Opinião
Ricardo Araújo Pereira
Com a escolha contrariada de Santana Lopes, Ferreira Leite parece uma editora de livros que, por si, só publicaria Dostoiévski, mas que se vê forçada a lançar as obras completas da Corín Tellado porque o populacho (...) gosta daquilo
A escolha de Pedro Santana Lopes para candidato à Câmara Municipal de Lisboa coloca um problema ao eleitorado: qual é o PSD que os portugueses preferem? O PSD populista e demagógico de Luís Filipe Menezes, que aposta em Santana Lopes para cargos importantes, ou o PSD sério e credível de Manuela Ferreira Leite, que aposta em Santana Lopes para cargos importantes? Falta-me subtileza política para os distinguir, mas talvez prefira o primeiro, que tem aquela franqueza dos rústicos.
O PSD sério e credível parece-me um pouco dissimulado, mas talvez esse seja um requisito indispensável a quem pretende ser sério e credível em política.
O mais interessante no menino guerreiro, para além do facto de, segundo diz a canção, ser uma pessoa que também deseja colo, palavras amenas, carinho e ternura, e precisar de um abraço da própria candura, o que parece ser difícil de executar, é a circunstância de Pedro Santana Lopes ser o anti-Pacheco Pereira. Pacheco e Santana são o rigoroso inverso um do outro. As direcções do partido que respeitam Santana Lopes, apostam nele; as que não o respeitam apostam mais ainda. Foi vice-presidente do PSD no tempo em que o presidente era um homem que o definia como, e cito, «um misto de Zandinga e Gabriel Alves». Agora é apontado como candidato a presidente da maior câmara do País, quando o partido é presidido por uma pessoa que afirma publicamente ter repugnância em votar nele. Quanto a Pacheco Pereira, é igualmente ignorado pelas direcções que critica e pelas que apoia. É, aliás, curioso que Pacheco Pereira seja um comentador tão respeitado no País e tão desconsiderado no PSD. O sítio de Portugal em que as opiniões de Pacheco Pereira são menos valorizadas é o partido de que ele é militante. Há-de haver uma razão quântica que explique o motivo pelo qual Pacheco Pereira consegue ser um analista perspicaz em todo o lado, menos na Rua de São Caetano à Lapa.
Com a escolha contrariada de Santana Lopes, Ferreira Leite parece uma editora de livros que, por si, só publicaria Dostoiévski, mas que se vê forçada a lançar as obras completas da Corín Tellado porque o populacho, lamentavelmente, gosta daquilo. Ela não lê, mas se as pessoas compram, vê-se forçada a dar ao público o que ele quer. Há ainda a teoria segundo a qual Ferreira Leite oferece o cargo a Santana para reduzir o espaço de manobra à oposição interna.
O problema é que, se Santana ganhar, será ele o vencedor; se Santana perder, a derrotada será Ferreira Leite. Toda a gente já percebeu que Santana nunca perde. Ou ganha, ou passa a andar por aí. Derrotas, não há notícia de ter sofrido.
Opinião
Ricardo Araújo Pereira
Com a escolha contrariada de Santana Lopes, Ferreira Leite parece uma editora de livros que, por si, só publicaria Dostoiévski, mas que se vê forçada a lançar as obras completas da Corín Tellado porque o populacho (...) gosta daquilo
A escolha de Pedro Santana Lopes para candidato à Câmara Municipal de Lisboa coloca um problema ao eleitorado: qual é o PSD que os portugueses preferem? O PSD populista e demagógico de Luís Filipe Menezes, que aposta em Santana Lopes para cargos importantes, ou o PSD sério e credível de Manuela Ferreira Leite, que aposta em Santana Lopes para cargos importantes? Falta-me subtileza política para os distinguir, mas talvez prefira o primeiro, que tem aquela franqueza dos rústicos.
O PSD sério e credível parece-me um pouco dissimulado, mas talvez esse seja um requisito indispensável a quem pretende ser sério e credível em política.
O mais interessante no menino guerreiro, para além do facto de, segundo diz a canção, ser uma pessoa que também deseja colo, palavras amenas, carinho e ternura, e precisar de um abraço da própria candura, o que parece ser difícil de executar, é a circunstância de Pedro Santana Lopes ser o anti-Pacheco Pereira. Pacheco e Santana são o rigoroso inverso um do outro. As direcções do partido que respeitam Santana Lopes, apostam nele; as que não o respeitam apostam mais ainda. Foi vice-presidente do PSD no tempo em que o presidente era um homem que o definia como, e cito, «um misto de Zandinga e Gabriel Alves». Agora é apontado como candidato a presidente da maior câmara do País, quando o partido é presidido por uma pessoa que afirma publicamente ter repugnância em votar nele. Quanto a Pacheco Pereira, é igualmente ignorado pelas direcções que critica e pelas que apoia. É, aliás, curioso que Pacheco Pereira seja um comentador tão respeitado no País e tão desconsiderado no PSD. O sítio de Portugal em que as opiniões de Pacheco Pereira são menos valorizadas é o partido de que ele é militante. Há-de haver uma razão quântica que explique o motivo pelo qual Pacheco Pereira consegue ser um analista perspicaz em todo o lado, menos na Rua de São Caetano à Lapa.
Com a escolha contrariada de Santana Lopes, Ferreira Leite parece uma editora de livros que, por si, só publicaria Dostoiévski, mas que se vê forçada a lançar as obras completas da Corín Tellado porque o populacho, lamentavelmente, gosta daquilo. Ela não lê, mas se as pessoas compram, vê-se forçada a dar ao público o que ele quer. Há ainda a teoria segundo a qual Ferreira Leite oferece o cargo a Santana para reduzir o espaço de manobra à oposição interna.
O problema é que, se Santana ganhar, será ele o vencedor; se Santana perder, a derrotada será Ferreira Leite. Toda a gente já percebeu que Santana nunca perde. Ou ganha, ou passa a andar por aí. Derrotas, não há notícia de ter sofrido.
2 comentários:
Parte do artigo é subjectiva.
Anónimo: Importa-se de definir subjectivo e identificar as partes do artigo que o são , em seu entender, para se poder perceber o comentário?
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