sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Natal que eu quero


30.11.2008, Daniel Sampaio


Ninguém me pediu opinião, eu sei. Na escola é costume não ligar muito ao que pensam os alunos. Mas eu gramo a escola, gosto dos meus amigos e há uma data de professores que até são fixes.
Ando no 8.º, tenho bué de disciplinas, algumas não dá para entender. Estudo acompanhado para um gajo de 14 anos? Formação Cívica? Não percebo bem, é uma coisa de 90 minutos por semana em que o stôr, que é o director de turma (nós dizemos DT), está sempre a mandar vir, a dizer para nos portarmos bem. Da Matemática não me apetece falar, o stôr tem pouca pachorra para tirar dúvidas. História é um bocado seca e percebo mal o livro, faço confusão porque não contam a vida dos reis como o meu avô me explicava, por isso estudo para os testes e depois esqueço tudo.
Não, não pensem que venho aqui criticar a escola, já disse que gosto de lá andar. O problema é que aquilo anda mesmo esquisito, podem crer. Já o ano passado os stôres andavam às turras com a ministra e apareciam nas aulas chateados, um gajo mandava uma boca e levava logo um sermão, às vezes diziam mesmo para nos queixarmos à ministra, como se chibar fosse coisa que desse jeito. Mas este ano está bem pior: falamos com os professores nos intervalos, "olá, stôr!" e eles andam mesmo tristes, a minha stôra de Inglês, que eu curto bué, diz que está "desmotivada" e que está farta de grelhas de avaliação e de pensar em objectivos. Eu de grelhas não percebo nada e, quanto aos objectivos, os meus são divertir-me uma beca e passar o ano, não quero mesmo ficar para trás porque os meus pais dão-me nas orelhas e fico sem os meus amigos, que é uma das coisas porreiras que a escola tem.
Por isso peço a todos que se entendam. Ver os professores aos berros na rua é uma coisa que eu compreendo, têm todo o direito porque nós às vezes também andamos, o problema é que assim ainda há menos gente a preocupar-se connosco. Os nossos pais não têm tempo, andam sempre a trabalhar e ficam descansados porque estamos na escola a aprender e a lutar pelo nosso futuro, mas agora a coisa está preta, os nossos stôres estão cansados, o que é mau para nós: quem nos ajuda quando estamos aflitos? Eu sempre contei com um ou dois dos meus stôres, o ano passado quando me achava um monstro (cheio de borbulhas e a sentir que as miúdas não olhavam para mim) foi a stôra de Português que me chamou no fim da aula e conversou comigo, bastou ela ouvir com atenção e dizer que compreendia o que eu sentia para me sentir muito melhor. E quando o Tavares disse que se ia matar porque a rapariga com quem andava foi vista a curtir com um gajo qualquer, foi o nosso DT que falou com ele e lhe arranjou uma consulta no psicólogo.
Não percebo nada da guerra dos professores, só sei que deve ser justa porque eles esforçam-se muito, já pensaram no que é aturar a malta, sobretudo alguns que só querem fazer porcaria, põem-se aos berros nas aulas e não obedecem, às vezes até palavrões dizem para os stôres? Muitos de nós querem aprender, mas o barulho é grande e há muita confusão, há lá gajos, repetentes e isso, que só lá estão porque são obrigados, depois há outros que são de fora e não percebem bem português, outros ainda têm problemas em casa e passam mal, a Vanessa que tem um pai alcoólico e que chora quase todos os dias ainda por cima foi empurrada na aula por um colega que só lá está a armar confusão... o DT disse que nós devíamos ser responsáveis e que tínhamos de acabar com isso, mas eu acho que a ministra devia era dar força aos professores para serem melhores, o meu pai diz que ela às vezes está certa mas eu não concordo, se vejo todos, mesmo todos os stôres da minha escola contra ela devem ter razão, os professores às vezes erram mas são importantes para nós, precisamos de estudar para ver se nos livramos do desemprego, isso é que é verdade!
Por isso espalhem este mail, façam forward para quem quiserem. Digam aos que mandam para terminarem com as discussões que já estamos fartos e como na minha escola somos todos contra isso dos ovos (uma estupidez), digam à ministra e aos sindicatos que já chega! Façam uma escola melhor, ajudem os professores a resolver todos os problemas das aulas (ninguém pode fazer isso em vez dos stôres) e arranjem maneira de nós aprendermos mais, para ver se percebemos melhor o mundo e nos safamos, o que está a ser difícil.
Quem quiser dê opinião, o meu mail é brunovanderley@gmail.com, sou do 8.º E da Escola Básica 2/3 do Lá Vai Um.

7 comentários:

Anónimo disse...

Como fica bem um texto "escrito" por um jovem de 14 anos a dizer bem dos professores que até são "fixes"... só é pena ser uma manipulação... incrivel, já pouco lhes resta, uma vez que a avaliação vai mesmo para a frente, à que ter paciência, muita paciência com estes priviligiados.

Anónimo disse...

Como não fica bem este comentário escrito, com muitos erros, contra os professores. Só é pena ser um engano. Incrível. Já pouco resta da memória da escola e da língua portuguesa, mas pronto ... o anónimo ficou satisfeito com a expressão de tão douta opinião . Fechou o computador e voltou para o Largo do Rato.

PS: Se há alguém insuspeito será o Daniel Sampaio, mas o partido mandou e o anónimo faz .... Bom Natal sim....

AFS disse...

"...à que ter paciência", à???

Caro, não me diga que é por nunca ter tido capacidade de aprender a escrever bem que acha isso dos professores...

Se calhar tocaram no seu ponto fraco, provavelmente o Anónimo era um daqueles que, em vez de estarem com atenção nas aulas de Língua Portuguesa, preferiam estar na conversa ou a desenhar.

Isto para já nem falar da falta de inteligência básica para conseguir perceber que se trata de uma crónica.

Haja paciência para este anonimato privilegiado que a internet permite.

Isabel Magalhães disse...

AFS;

Esse anónimo (mas pouco) escreve sempre com erros; é um trauma de infância. Ele sabe lá o que é uma crónica!
'Uma manipulação', diz ele... eheheh! Se calhar nem sabe quem é o Daniel Sampaio...!

Anónimo disse...

Caí aqui por acaso, e há (com h note-se, repare-se e aprecie-se) algumas coisas que me espantam um pouco.
1 - O tal de anónimo, faz o quê na vida? Tem profissão, tem apenas emprego, vive do fundo de desemprego..., o quê?
2 - Porquê que dão tanta atenção ao anónimo, (que coitado nem percebe que se os tempos se tivessem mantido como eram ele nem sequer podia manifestar as suas opiniões), mas não comentam o texto do Daniel?

Em caso de dúvida, e como até se identificou, é só perguntar na escola se o Daniel existe ou não.

Sou Oeirense de corpo e alma, embora agora o corpo tenha partido para Cabo Verde.

Fernando Tavares

Isabel Magalhães disse...

Caro Leitor Fernando Tavares;

Espero que tenha 'caído' para ficar assíduo já que se diz 'Oeirense' e é também de Oeiras que falamos.

As suas perguntas são pertinentes... a atenção dispensada será assim qualquer coisa como 'água mole em pedra dura' embora convicta de que será um caso sem conserto...

Aproveito para lhe enviar votos de Boas Festas. (Aqui faz frio...!) :)

Anónimo disse...

"do Lá Vai Um", nº 100 porta não tem.