quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Esperemos que ainda haja mais na Caixa do que você imagina


Artigo de Opinião
Ricardo Araújo Pereira


Caixa é um banco tão bom que até promove altos quadros de outros bancos

Ao contrário do que diz o anúncio, banco não é Caixa. Talvez seja o primeiro caso de publicidade que peca por defeito a gabar o seu produto. Na verdade, a Caixa é muito mais do que um banco – é uma espécie de mãe de todas as instituições de crédito. Desde que a crise começou, a Caixa tem andado a salvar tantos bancos que receio sinceramente que, em breve, seja preciso salvar a Caixa. Directa ou indirectamente, a Caixa contribuiu para ajudar primeiro o BPN e depois o BPP. O que, sendo preocupante (menos para quem tem o dinheiro no BPP), não surpreende. É certo que o BPP é um banco que gere grandes fortunas, mas a Caixa é um banco que gera grandes fortunas.

Sobretudo nas contas dos seus administradores. A diferença é subtil mas significativa.

De resto, não há dúvida, a Caixa é um banco tão bom que até promove altos quadros de outros bancos. Ao que chegou a concorrência no mundo das instituições financeiras: o BCP convidou Armando Vara para um cargo importante; a Caixa, um mês e meio depois da saída do seu antigo administrador, promoveu-o a um cargo ainda maior. A mensagem é clara: sim, o BCP oferece bons empregos aos seus funcionários, mas a Caixa oferece empregos ainda melhores a funcionários que já não trabalham lá. Mergulhados numa profunda crise, os bancos competem para aliciar os profissionais mais qualificados. Eles sabem que só os melhores têm a competência necessária para mergulhar os bancos que dirigem numa profunda crise. E assim sucessivamente.

Além da hipótese da feroz concorrência entre bancos, há ainda duas conjecturas que tentam explicar o facto de um administrador receber um bom prémio quando entra no banco e outro ainda melhor quando sai. Há quem diga que o talento de Armando Vara para a administração de finanças faz com que ele mereça recompensa mais choruda quando a sua actividade cessa. E há os que acreditam que o antigo administrador da CGD beneficia do facto de manter relações próximas com José Sócrates. Confesso que não concordo. Nesta situação, é Vara quem faz um favor a Sócrates, e não o contrário. O primeiro-ministro disse que, em 2009, as famílias iriam ter maior poder de compra. Ora aí está a família Vara a dar o exemplo. Pergunto ao leitor invejoso: o que é que a sua família já fez para confirmar as previsões de José Sócrates? Nada. Se calhar, subversivo como é, até se atreveu a perder poder de compra. Então não se queixe.


3 comentários:

ososilva disse...

Grandessíssima cambada! Uma promoção para quem já não está ao serviço. Este pais caiu mesmo no ridículo.

Isabel Magalhães disse...

'Tudo bons rapazes', promovem-se uns aos outros com o dinheiro do contribuinte...

E ainda há quem lhes dê o voto para eles continuarem as promoções.

Anónimo disse...

É uma vergonha esta promoção do Vara quando saiu legislação que altera o cálculo da reforma para o trabaçhador, sendo que os obriga a trabalhar mais tempo para não serem penalizados e a esta Casta tudo lhes é dado de mão beijada. Só porque são castas superiores de políticos.

O meu espanto é a passividade anémica perante o compadrio, corrupção, o boys e jobs e perante o desemprego e a miséria .

Somos um povo pelintra, inculto, subserviente e triste .