quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PONTOS DE VISTA por Jorge Miranda






MUITA PARRA…


Numa anterior nota, escrita ainda em Dezembro, intitulada “Bom Augúrio”, manifestámos o nosso agrado pela realização, ao longo do ano de 2009, do ciclo de conferências “Dez Luzes num Século Ilustrado”. Era esta a única iniciativa – e, quanto a nós, de muita valia – até então anunciada do vasto programa que, de Janeiro a Dezembro, a Câmara de Oeiras prometeu promover no quadro da comemoração dos 250 anos da instituição do concelho.
Foi a agenda 30 Dias, na edição de Dezembro, que divulgou esta iniciativa, levantando, na véspera do início das comemorações, uma ponta do espesso véu de silêncio que tem coberto o programa.
Para além deste ciclo de conferências, cuja primeira sessão se verifica já amanhã, chegou, posteriormente, ao nosso conhecimento que as comemorações se iniciaram logo a 1 de Janeiro, com o descerrar de uma escultura, representando um cisne, da autoria de Espiga Pinto, no parque urbano de Miraflores.
Encontramo-nos em meados de Janeiro e o programa completo das comemorações ainda não foi divulgado! A informação dos acontecimentos vai sendo dada a conta-gotas, ao que parece..
Há cerca de três anos que ouvimos propalar esta comemoração como um grande mega-acontecimento, não só pelo dilatado tempo por que se espraia como pela diversidade de áreas que envolverá. A ideia que passou para a opinião pública foi a de grandiosidade. A expectativa criada foi, pois, grande. Em termos simples, a intenção seria dilatar a comemoração do 7 de Junho – efeméride da elevação de Oeiras a vila – a todo o ano, com a dignidade e relevo acrescidos, por se evocarem os 250 anos sobre este marco histórico.
Ora, não se entende, ao contrário do que é hábito com as tradicionais comemorações, que o programa de conjunto ainda não tenha sido divulgado. Houve tanto tempo para o elaborar! É que a ausência faz supor a sua inexistência, um certo atabalhoamento ou mesmo improvisação…
Esperávamos que a 30 Dias, referente a Janeiro, já o trouxesse. Contudo apenas inseriu as linhas de força a que se subordinará o programa das comemorações: “relembrar o passado”, “viver o presente” e “projectar o futuro”. A dar corpo a estes três vectores só intenções vagas e sem tempo preciso. O que se apresenta tem os contornos de um anteprojecto, quando já seria exigido o projecto definitivo.
Quando a “vindima” já está em curso, o que vemos (pelo que lemos) é muita parra…


Os nossos agradecimentos ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol pela cedência do artigo assim como à revista municipal oeiras actual pelo uso da foto.

6 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo Jorge Miranda;


Admiro a OBRA de ESPIGA PINTO. Tenho que ir a Miraflores ver o 'CISNE'.

Quanto ao restante... pois!

Um abraço

I.

ososilva disse...

O cartaz anteriormente anunciado, e sem pretender cair em pessimismos ou negativismos, pareceu-me demasiado bom para ser verdade. A ver vamos!

Anónimo disse...

É de facto estranho. Não é todos os dias, ou anos, que se fazem dois séculos e meio de história. Ficamos à espera

meninaidalina disse...

Pois.... Muita parra e pouca uva.

Anónimo disse...

Já que o Jorge Miranda, decidiu (e bem) voltar ao tema (e se calhar, pode fazê-lo durante mais algumas semanas… ou meses, sem perder a actualidade e o relevo), também eu achei por bem trazer de volta o comentário que deixei lá mais para trás, e que se calhar muitos de vós não leram.
Adianto apenas duas ou três coisas:
- no ciclo de conferências “Dez Luzes num Século Ilustrado”, o que a CM Oeiras disse foi “dirigimos um convite a um conjunto de personalidades”. Eles próprios, sabem que estão a trabalhar em cima do joelho… e com o tempo frio que vai por aí, não é nada bom para os ossos.
- alguém(?) lembrou-se disto dos 250 Anos de Oeiras, depois foram todos de férias e quando voltaram a olhar para o calendário já estávamos quase em 2009. Agora, é meia bola (furada) e força. Uns lugares comuns, umas banalidades, uma imagem bota-de-elástico e uma (des)comunicação de bradar aos céus. Lá mais para a frente, virão os “foguetes”. Agora a sério, estavam à espera de quê?
- quanto à dificuldade de se fazerem coisas, sem ser da iniciativa camarária, não acredito. Por essas e por outras, é que isto se transforma muitas vezes num muro de lamentações. Eu sei que é mais fácil fazer coisas com o beneplácito e a bênção da Câmara, mas, no fim do dia, cada um é que sabe com quem é que se deita.
- mas não exageremos. De facto, isto é apenas um ensaio. Quando forem os 500 Anos, é que isto promete ser de arromba. Querem apostar?

……… COMENTÁRIO DE 6 de Janeiro de 2009 19:19

Ainda a propósito dos 250 anos de Oeiras, o 30DIAS de Janeiro, levanta (mais) umas pontinhas do véu:
– no editorial que o Presidente assina;
– no(s) destaque(s) dedicado(s) (em exclusivo) a “Celebrar Oeiras”, anunciando a sua tripla dimensão – Relembrar o Passado, Viver o Presente e Projectar o Futuro – e os quatro eixos fundamentais – Oeiras Pombalina, Encontro de Culturas, Oeiras I&D e Descobrir Oeiras, para os quais anunciam-se quinze eventos nucleares (ainda sem data, embora um deles já tenha bilhetes à venda, em http://www.offf.ws);
– na apresentação da primeira conferência do ciclo “Dez Luzes num Século Ilustrado”, com José Barata Moura a falar sobre Kant e as Luzes;
- e em dois artigos inspirados no tema, um sobre o Marquês de Pombal e outro sobre “os primeiros paços do concelho”.

Talvez seja insuficiente para começar o ano e alguns já quisessem ver algo mais consistente, a exemplo do que se vê em http://aveiro250anos.com, onde Aveiro, sem ofensa mas aquém de ser uma cidade que marque o ritmo, vai mais à frente na celebração dos (seus) 250 anos. E confronte-se com o que está em http://www.cm-oeiras.pt (clicar no logo Oeiras 250 Anos, na coluna da esquerda).
E acredito que, pelo andar da carruagem, a outros isto possa parecer uma festa de aniversário para a qual, aproveitando o desconchavado mote, “nós” (ainda) não fomos convidados por “eles”. Mas será que “eles” podem fazer a festa sem “nós”? Ou “eles” fazem a festa, deitam os foguetes, e “nós” apanhamos as canas? Pão e circo, outra vez. Ou mais circo e menos pão. Ou com papas e bolos se enganam os tolos. De certeza que não vão faltar os foguetes, e “nós”, no dia do juízo final (ou das eleições), vamos bater palmas à obra feita, como sempre fizemos.

Por isso, e antes que alguém diga que apenas se critica e não se apresentam propostas, deixo a sugestão a todos aqueles que estão preocupados com o que a Câmara Municipal de Oeiras não anunciou, não faz ou não vai fazer, ou vai fazer assim ou assado. Metam mãos à obra e celebrem à vossa maneira. Ocupem o espaço público e façam coisas – peguem nas bicicletas (e nas pernas), levem as famílias, os amigos e os vizinhos e vão passear, projectem fotografias nas fachadas dos prédios, desdobrem lençóis e mostrem filmes, estendam cordel entre árvores e nas vedações e exponham fotografias presas com molas, escrevam poemas, tirem fotocópias e distribuam à entrada das escolas, nas estações de comboio, nos pára-brisas dos carros, contem histórias, plantem legumes e flores em espaços abandonados, organizem piqueniques, noites de fado e bailes, ipod battles, feiras de trocas de tudo o que têm a mais, criem sites e blogues. Divulguem as vossas actividades. Mostrem o que está mal e o que está bem. Apresentem propostas e soluções. Estudem, aprendam, ensinem, inventem, encontrem-se, discutam e divirtam-se. Qual foi a última coisa que se fez neste concelho sem a Câmara Municipal? Não precisamos de esperar pelo Estoril Open, pelo Mexa-se na Marginal ou pelo Oeiras Alive.
Veja-se o exemplo de algumas Capitais Europeias da Cultura ou outros grandes eventos, onde surgiram programações paralelas, independentes e alternativas mostrando outra(s) face(s) da realidade, muitas vezes virtual, em torno da qual se programam estas iniciativas.
Se as comemorações oficiais se desenham e decidem no recato dos gabinetes e em salões, durante jantares e entre fumo de charutos e palmadinhas nas costas (quentes), nada impede que aqui e/ou noutro lado qualquer se possa abrir uma nova frente. Tal como em Nova Iorque, a Broadway tem um off-Broadway e um off-off-Broadway, também Oeiras 250 Anos pode acomodar um outro programa de comemorações fazendo deste ano um momento de afirmação cívica. E não precisamos de esperar mais 250 Anos. Podemos começar hoje.

PS. E no dia 1, foi inaugurado um pato... perdão, um cisne (metálico) no jardim de Miraflores. Por falar nisso, como estamos de casa-de-banho e de bar de apoio?

Anónimo disse...

«Pato»... piadinha parva e que revela falta de respeito pelo trabalho alheio.