quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PONTOS DE VISTA por Jorge Miranda






NÃO HÁ REMÉDIO?!


Poderá ser maçador, mas, mais uma vez, temos de voltar a abordar a questão dos transportes públicos no interior do concelho de Oeiras. Apesar do descontentamento da população, a deficiente situação não se resolve. Só a ignora ou minimiza quem não ausculta a opinião pública. A verdade é que quem reside ou trabalha em certas zonas afastadas do litoral, em termos de transportes públicos (e em alguns outros, como o do comércio de retalho), é como se situasse em recôndito lugar da província. E isto verifica-se num concelho que muito progrediu e, como tal, é considerado modelo.
A Câmara, com vultoso encargo financeiro, tomou a iniciativa de criar os circuitos servidos pelo “Combus”. Mas é patente, a avaliar pela escassez de utilizadores (pelo menos, o que circula na freguesia de Barcarena), que está longe de corresponder às necessidades.
O problema reside nas carreiras de autocarros que operam na perpendicularidade do concelho, isto é, as que fazem a ligação entre o interior e o litoral, que são interconcelhias. Por exemplo, a carreira 106 da LT (Lisboa Transportes) percorre localidades situadas nos concelhos de Amadora, Sintra, Oeiras e Cascais. É a única que liga, directamente, Barcarena a Oeiras! Não só o percurso é longo como sujeito aos problemas do caótico trânsito (especialmente nas horas de ponta) e aos condicionalismos decorrentes do subdimensionamento de muitas das vias de comunicação.
É inequívoco que o serviço que a LT presta é mau: número de carreiras diárias insuficientes, especialmente à noite (inviabiliza a ida a Lisboa, a qualquer actividade nocturna) e os frequentes e, por vezes, longos atrasos, o que obriga os utentes a sujeitarem-se às intempéries (chuva, frio e vento), com a complicação da perda de ligações a outros transportes.
Apenas um exemplo recente: no dia 13 deste mês de Janeiro, o autocarro da carreira 117, que liga a estação do caminho-de-ferro de Queluz-Massamá à estação de Caxias, com partida às 9h20, deveria passar em Barcarena às 9h31, mas só aqui chegou às 10h02 (!), finalizando a sua marcha em Caxias às 10h20! Um percurso que, segundo o horário deveria ser feito em 28m, levou uma hora!
Estes transportes são um autêntico pesadelo! Só não sente esta realidade quem deles não carece. Seria bom que os diferentes decisores experimentassem a odisseia que representa a sua utilização diária…
A resolução pronta deste problema exige a decisiva intervenção da Câmara Municipal de Oeiras e da Direcção-Geral dos Transportes Terrestres (ignoramos se é ainda assim que se designa o órgão de supervisão). É urgente!
Ou então – e por que não? – pondere-se na municipalização dos transportes rodoviários?
Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com


Agradecimentos: Ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol pela cedência do artigo e à revista municipal oeiras actual pelo uso da foto.

3 comentários:

Clotilde Moreira disse...

A entidade é Instituto da Mobilidade dos Transportes Terrestres. A população reclama nas várias localidades mas a CMO responde que é com o Governo. Em 26de Dezª pedimos transportes como prenda de Natal para este Municipio
Pode ser que o Céu nos acuda.
Cloltilde

Isabel Magalhães disse...

Caro Jorge Miranda;

Nunca é demais abordar este assunto. A sua abordagem é clara e concisa e sem 'desvios' desnecessários.

Aparentemente, só quem pode/poderia resolver o assunto é que ignora que os transportes públicos no interior do concelho de Oeiras são maus... e caros.

Tiazoca de Oeiras disse...

O empurrar para entidades várias a resolução adequada do problema é objectivamente a forma utilizada em Portugal de nunca nada se fazer.

Como sempre o cidadão é aquele que têm de viver com este problema e encontrar soluções adequadas ao seu caso particular.