sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

que se passa no Centro de Saúde de Oeiras?!

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Ainda há pouco tempo elogiei
aqui o bom atendimento de que fui alvo no Centro de Saúde de Paço de Arcos, extensão do Centro de Saúde de Oeiras, sendo este aquele ao qual habitualmente recorro quando necessito. Naquele dia, pelos motivos expostos, tive que ir a Paço de Arcos.

Se o atendimento em Paço de Arcos foi bom e rápido, o atendimento, se assim se pode designar, de que ontem à tarde, quinta-feira 29, fui o personagem principal no Centro de Saúde de Oeiras, adquire contornos, para dizer o mínimo, absolutamente irreais e kafkianos. Mas infelizmente, para mal dos meus pecados, e dos doutros doentes, foi bem real.

Passo ao relato dos factos:
Cheguei ao Centro de Saúde de Oeiras, sito na Avenida Salvador Allende, cerca das 15h45 e dirigi-me ao balcão de marcação de consultas onde nem esperei muito para ser atendido.
Eu pretendia uma consulta para mostrar exames que tinha efectuado por indicação de outro médico (o de Paço de Arcos), para obter um diagnóstico do meu problema e simultaneamente receituário adequado.

Não tenho médico de família. O que eu tinha já se reformou e eu deixei de ter médico (esta é mais uma estória que não compreendo; foi por portas travessas que soube disto). Sou aquilo a que na gíria dos serviços chamam doente sem médico.
A assistência, quando necessária, é feita nas consultas de reforço, por médicos escalados para atenderem estes doentes.

No balcão de marcação, disse ao que ia, entreguei o cartão de utente e entregaram-me duas folhas de papel dizendo que eram para entregar ao médico, uma tal dra. X (cujo nome retive), conforme nos impressos li posteriormente, a qual seria a médica a atender-me, tendo eu o n.º de ordem 06. Disseram-me ainda que fosse para a sala de espera aguardar que a médica me chamasse. Assim fiz, obdientemente.

Não estava muita gente na sala, mas nunca fiando...
Sentei-me à espera enquanto observava o movimento de doentes que apareciam, entravam, saiam e iam embora, e reflectia sobre os comentários que alguns doentes faziam, a propósito do serviço, para tentar compreender o mesmo, visto que sou daqueles doentes que passam anos sem ir ali e cada vez que lá vou as coisas estão diferentes - por diferentes refiro-me ao decor, porque o serviço é igual a si próprio...

O tempo foi passando e é claro que acabei por entabular conversa com algumas pessoas, sobretudo a respeito da confusão dos serviços, sobre os desenfianços dalguns doentes, que não vão para a sala de espera, que entram pela porta do cavalo e que se plantam no corredor em frente à porta do gabinete do médico, para entrarem assim que sai quem lá está a ser consultado, passando com este estratagema à frente de doentes que estão civilizadamente a aguardar vez na sala, e, claro, o sempre presente tema da morosidade no atendimento.

Uma das pessoas presente disse que já lá estava desde as 13h30! Isto seriam umas 18h00... E confidenciou-nos ainda que um determinado médico ficava com a chave do Centro (!?) e que um certo doente que ela dizia conhecer já tinha saído de lá às 4h da madrugada...!!
Imagine-se como fiquei estarrecido, com estas revelações, convencido que não sairia dali ontem...

Entretanto as horas continuavam a passar vagarosas, como sempre acontece nestes contextos.
Os doentes iam 'desaparecendo' e a sala esvaziava-se lentamente. Eu esperava. Quando estávamos perto das 19h00, e estávamos apenas 4 pessoas à espera, interpelei-as para saber se alguma delas estaria para a mesma médica que eu e qual o n.º de ordem, para eu conhecer a minha posição e ter uma noção se ainda iria esperar muito.
Estranhamente as outras pessoas estavam para outra médica. Eu era o único para a dra. X. Mais ainda, e isto era deveras estranho, há muito tempo, como todos constatámos e confirmámos entre nós, há muito dizia que ninguém era chamado.

Decidi então interpelar o vigilante que por ali deambulava no seu serviço, questionando-o sobre a citada médica, que eu desconheço, e qual o gabinete dela.
Ele achou muito estranha a minha situação, dizendo-me que achava que ela já se tinha ido embora...
Disse-me para o acompanhar, e levou-me ao balcão de marcações, onde confirmaram que a dra. X efectivamente já tinha saído! E estranharam eu não ter sido chamado...
Perguntei se alguma das médicas que ainda lá estavam me poderia atender, para aproveitar as horas que já tinha dispendido ali, mas a resposta foi negativa pois, segundo disseram, a dra. X era a única neste dia a fazer o atendimento dos tais doentes sem médico e mais nenhum médico o podia fazer.

A referência que fiz às minhas deficiências visuais e motoras, num grau de 79% de incapacidade permanente, e à minha doença crónica, a epilepsia, em nada alteraram a resposta.
Não compreendiam o que tinha acontecido nem porquê e não havia nada a fazer.
Sugeriram-me que voltasse amanhã de manhã (hoje), para uma consulta do mesmo tipo. Vou pensar no caso...

Eram umas 19h05 quando saí do Centro e me vim embora.

Em resumo:

Passei cerca de 3 horas na sala de espera a aguardar chamada para a consulta e

A MÉDICA FOI-SE EMBORA


sem me consultar!!

Desconheço as razões. Falha do balcão de marcação, na transmissão das fichas dos doentes à médica? Baldanço da médica? Terá chamado e não ouvi? O gabinete fica a uns bons 10/15 metros da sala de espera com cantos, esquinas, recantos e paredes de permeio e na sala de espera há máquinas de café, sandes, bolos e chocolates, barulhentas q.b. quando alguém as usa, além das pessoas que gritam ao telemóvel... O sistema sonoro não estava em uso e as médicas vinham à porta da sala de espera chamar os doentes de viva voz ou eram estes mesmos que à saída se encarregavam de o fazer.
Enfim, alguma razão, que me escapa, existirá para o ocorrido. Ou várias, conjugadas.

Julgo que seria tão só uma questão de bom senso da parte da médica, de qualquer um ou uma, antes de fechar o escritório, de dar o serviço por terminado e ir embora, ir à sala de espera perguntar se havia mais algum doente para ela... Não é inédito, já vi acontecer.
Em especial tendo em conta o caos que parece reinar na articulação entre marcação e consulta, mais os outros problemas que referi, e que não garantem que não tenha ficado alguém esquecido na sala.

Arrependo-me, sim. Arrependo-me é de não ter pedido o Livro Amarelo!
Infelizmente, tal ideia só me ocorreu quando já estava a caminho de casa. Estava cansado, stressado e dorido do corpo. Só me apetecia chegar a casa e descansar. Claro, já não ia voltar para trás.
Talvez amanhã, se lá for, ainda faça a reclamação. É permitido fazê-la no dia posterior ao acontecimento, como se sabe.

Para já deixo aqui, para todos lerem, a denúncia deste caso lamentável que julgo deveria fazer reflectir os responsáveis.


José António Lourenço Martins Baptista
utente 376604175

fotografia 06-10-2006, 16h21 © josé antónio • comunicação visual
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8 comentários:

Clotilde Moreira disse...

José António,
Faça a sua reclamação no livro de reclamações e envie tb para o Provedor de Justiça. Já recorri a esta entidade e tive sempre um bom acolhimento.
As melhoras
Clotilde

Isabel Magalhães disse...

J;

Eu ainda enviaria cópia do assunto para o Ministério da Saúde e para o SNS.

'Quem cala consente'.

Jorge Pinheiro disse...

Exactamente. Livro Amarelo é o mínimo. Cópias tb. para toda a gente!

Unknown disse...

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Caras Clotilde e Isabel, Caro Expressodalinha,

Agradeço as Vossas sugestões, com as quais estou completamente de acordo (vocês já me conhecem :) ).

Livro Amarelo - Infelizmente ontem estive o dia todo acamado, e só se mo trouxessem a casa, mas acho que nem vale a pena pensar nisto...

Vou procurar enviar, basicamente cópia desta peça que aqui publiquei, para tudo o que me vier à cabeça.

Agradeço ainda os votos de melhoras. Deus a oiça, Clotilde.

bjs e abraço,

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Isabel Magalhães disse...

J;

Renovo os desejos de melhoras que enviei por e-mail.

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I.

Tiazoca de Oeiras disse...

José António :

As suas melhoras.

E aqui lhe deixo o endereço do livro amarelo on line, para assim fazer a reclamação, sem precisar de sair de casa .

http://www.livroamarelo.net/index.asp

Poderá também, se achar conveniente alertar tb o Director do centro de Saúde - cujo e-mail que é público dado estar disponível no portal saúde do Ministério :

aboim.inglez@csoeiras.min-saude.pt

dado estar no portal do Ministério da Saúde .

Fique bem ...

E a questão fundamental é de facto de organização aliada a uma tradicional falta de médicos nos cuidados primários .

Unknown disse...

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Cara Tiazoca,

Agradeço o link e o endereço.

Agradeço também os votos.

Frequento aquele centro desde que foi inaugurado e nunca o vi funcionar bem.
O serviço, agora chamado de "Reforço", para doentes sem médico e urgentes (com o objectivo de desentupir as urgência hospitalares), e que já teve outros nomes, como p,ex. SAP, sempre foi uma desgraça.

E o contribuinte a pagar... das duas maneiras...

Não admira que as pessoas, quando têm um problema relativamente simples, o que não é o meu caso a julgar pelas exames, vão a correr inundar os bancos de urgência do hospital, prejudicando o funcionamento destes, que existem para assistir a casos que exigem intervenção imediata, como acidentados, p.ex.

Enfim, é o país (?) que temos.

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meninaidalina disse...

Olha , é favor não esquecer que as taxas moderadoras foram aumentadas agora em Fevereiro`.