domingo, 11 de janeiro de 2009

A espada de Dâmocles

Para que as coisas corram bem, do ponto de vista de Isaltino Morais, é necessário que todos os astros estejam de feição e não haja imponderáveis. É assim como jogar à sueca com uma mão de 4 ases em que os pontos necessários para ganhar sejam irrelevantes, dado o duque de trunfo ser suficiente. Quando as coisas assim correm de feição, o sorriso baila nos lábios e um assobio de alegria ecoa no horizonte.

Mas, certezas foi chão que deu uvas e as coisas podem transformar-se num pesadelo. Pensemos nos imponderáveis:

  1. A data das eleições autárquicas, embora seja marcada pelo governo, será entre finais de Setembro e meados de Outubro. Aponta o bem senso para que as mesmas se realizem em Outubro (embora em matéria de bom senso se verifique uma escassez imensa).
  2. O processo de Isaltino Morais transitou para o Tribunal de Oeiras para marcação de julgamento, e nada aponta que o mesmo seja marcado para data posterior às eleições.
  3. A nível nacional subsiste um diferendo que irá fazer correr muita tinta. O PS recusa em absoluto que as eleições autárquicas sejam marcadas em simultâneo com as legislativas, preferindo que as mesmas se realizem com as europeias. O PR a quem compete marcar as mesmas iniciou outro tabu. Aqui para nós, Portugal é um país de interditos e a transparência e a clareza não é apanágio dos políticos. São jogos palacianos de interesses múltiplos e variados.

Mas, são imponderáveis de peso para um autarca que só pode ter mais um mandato, e que necessita de uma estratégia eleitoral para minimizar danos colaterais.

Ouro sobre azul seria a marcação do julgamento para depois das eleições. Permitiria que este fizesse uma campanha eleitoral sem que a espada de Dâmocles ameace cair a qualquer momento sobre a sua cabeça. Jogaria na ambivalência, na vitimização, mostraria a obra que tinha feito e que desejava fazer. Mais, o ajuste directo para obras, numa autarquia que aparenta não ter problemas de dinheiro, é uma benesse que não se desperdiça. Ser-lhe-ia também simpático o julgamento acabar antes das eleições e neste ser considerado inocente. Outra hipótese poderia matar o artista.

Num julgamento a decorrer em pleno período eleitoral, Isaltino Morais fica limitado e condicionado não se pode movimentar tão livremente e teria de lidar com uma cobertura mediática exaustiva. Mas, esta não lhe seria benéfica porque teria de se conter nas explicações/manipulações dos factos. O Tribunal só aceita provas e não declarações de intenções sonantes nos jornais. Como alguém comentou no OL seriam as eleições à porta do Tribunal.

Ora, esta exposição dos eleitores a uma informação tão relevante pode criar dissonâncias, com as atitudes anteriores do eleitorado, especialmente se for contraditória ou, melhor dizendo, se se verificar uma tensão entre o que sempre foi dito e o que a realidade demonstra. Este passeio triunfal por Oeiras pode ser espinhoso.

Mas nestes imponderáveis, se legislativas e autárquicas forem em simultâneo, hipótese não muito desfasada da realidade, a coisa ainda se complica mais. Em municípios onde não há dissidências nem dissidentes, tudo corre a contento das partes, agora, em municípios como Oeiras seria delicioso de se ver. Imaginemos quem apoiariam os militantes IOMAF/PSD... de manhã PSD, à tarde IOMAF e à noite PS!

O problema de fundo é que os políticos na nossa terra, tendo em conta a sua mediocridade, recorrem ao marketing, para se venderem como se fossem sabonetes. O vazio e a superficialidade do seu discurso é colmatado com o soundbyte publicitário. Empolgam as massas, pensam eles, com canetas, sacos de plásticos, bonés, chapéus de chuva, aventais e afins, para além de comícios com o cantor da moda a finalizar o lanche ajantarado de febras assadas e vinho tinto. Até colocam à disposição camionetas gratuitas para que a excursão permita a presença daqueles que os apoiam tão fervorosa e cegamente.

Mas, para que isto tudo seja viável é pressuposto prévio que não haja nos eleitores uma alteração do sentido de responsabilidade. Isto é, o eleitor sentir-se-ia comprometido e encararia a votação como uma obrigação que emana da autoridade do líder do partido a que está filiado. Porém, é preciso que o líder e candidato sejam reconhecidos e que a imagem que transmitem seja de tal modo boa ou virtuosa que favoreça a identificação e a obediência a essa pedido/obrigação. Ora, para a manutenção da intenção de voto é necessário que o eleitor tenha "recebido estímulos muito positivos" do partido de pertença e que face a ele ainda subsistam expectativas encantatórias face ao futuro. Mais, que concorde e aceite a partidocracia vigente.

Agora se o eleitor não está em "sintonia" por razões várias (desemprego, índices de corrupção, sensação de impunidade dos políticos, cisões partidárias, entre alguns exemplos) é muito pouco receptivo a essas mensagens e muito mais permeável a uma possível mudança. Ora, Portugal está em recessão e esta veio para ficar. Nestas circunstâncias, nem sempre o compromisso é procurado e a atitude de mudança impõe-se como uma reacção a uma situação que se está a viver e é considerada insuportável. Como poderão os políticos produzir uma motivação persuasiva que leve os eleitores a votarem neles, quando no passado recente, ainda claro na memória de todos, desbarataram a credibilidade e confiança com atitudes opostas ao discurso?

Isaltino Morais, como os demais políticos, não consegue entender que já não chega o soundbyte para justificar uma apregoada competência, isenção, honestidade e vontade de trabalhar para o bem comum. Daí também não perceber as razões do aumento da abstenção a cada eleição.

Ainda não percebeu que a espada de Dâmocles ameaça cair sobre a sua cabeça a qualquer momento. Ele só consegue ver apenas as benesses não distinguindo as responsabilidades e os riscos do cargo para o qual o cidadão exige que seja exercido, cada vez, mais com responsabilidade e rigor.

Estamos muito fartos de pessoas que se metem na política com uma mão à frente e outra atrás e conseguem amealhar pecúlios consideráveis. O BPN é o exemplo paradigmático.

Avizinham-se tempos interessantes mas conturbados. Há que mudar de paradigmas.

23 comentários:

Anónimo disse...

Uma questão para o "Tiazoca":

Então, como é se sente neste último dia em que para todos é "a Tiazoca de Oeiras"? Amanhã a verdade será revelada logo pela manhã. As provas não enganam, são como o algodão.
Boa noite

James Bond (007)

Isabel Magalhães disse...

'Tiazoca';


Uma excelente análise.

O concelho de Oeiras segue dentro de momentos.

Isabel Magalhães disse...

Para o 'James Bond' da China;

A Tiazoca deve estar preocupadíssima. Nem sei se conseguirá dormir com a expectativa.

ososilva disse...

Confesso-me expectante em relação aos candidatos PSD e PS.

Isabel Magalhães disse...

Vinha eu toda contente, supondo que ía saber quem é a 'Tiazoca de Oeiras' mas parece que foi 'alarme falso'.

Anónimo disse...

O artigo mete alguns dedos na ferida.

O populismo reinante é um absurdo.

Mas só existe este tipo de candidatos porque é o que o povo gosta.

Os nossos politicos são a imagem do nosso povo!

Anónimo disse...

Ora, Isaltino tinha de se antecipar até para poder manter uma certa margem de manobra, daí a candidatura precoce dele. Porém, "obriga" o seu IOMAF vulgo PSD/Oeiras a escolher um candidato seu para baralhar as hostes , sabendo que poderia haver muitas resistências na sua escolha. Mas estava a condicionar e a ver o pulsar ...
Reparem que ao PS interessa estar caladinho e a ver os desenvolvimentos( nomeadamente inicio do julgamento) porque dependente deles partirá então para uma escolha .
Reparem que apenas o PSD anda atarefado com os candidatos às autarquicas. Porque será ?

Unknown disse...

.

Confesso que também eu cheguei aqui, entusiasmado com a anunciada e pelos vistos gorada revelação, e a julgar pelo n.º dos que estão online, quatro, não sou o único.

Este Bond manda bocas, manda, mas... é mesmo só bocas. Deve ser um tretas. Ou então o dr. No 'tratou-lhe da saúde'...

Enfim, parece que teremos que esperar pela próxima temporada.

Já agora, fica o meu palpite. A Tiazoca - de Oeiras, porque tias há muitas - é um heterónimo de Fernando Pessoa.

.

Tiazoca de Oeiras disse...

Até eu vim de propósito para saber quem sou. LOL

"Quis saber quem sou,
Quem me conhece daqui.
Quem é o 007
E porque se baralhou
Esperei por Ti
Quis saber de Vós
Mas os comentários
Não me trazem
Vosso delírio."

Isabel Magalhães disse...

'Tiazoca';

Boa! Boa!


eheheheheh!

Anónimo disse...

Este blg está cada vez mais na mesma...

Anónimo disse...

Por motivos imprevistos no âmbito da profissão de risco que desempenho surgiu-me uma aventura a que tive que dar resolução. Assim só agora estou apto a revelar a verdade por que tanto anseiam os leitores do Oeiras Local.
A “TIAZOCA” é o Nuno Mendes que por sua vez é o POLITICOPATA. Foi apanhado, embora isso não seja mau, já que o papel que desempenha é um papel importante no âmbito da denuncia do crime e de outras situações menos transparentes que acontecem em Oeiras.
Outro estilo, a mesma pessoa.

James Bond (007)

PS, E quem será o James Bond??

Isabel Magalhães disse...

Frio, frio, como a pedra do rio...!


LOL

Anónimo disse...

A "Tiazoca" até pode ser o "Politicopata" mas o "Politicopata" não é o Nuno Mendes. Logo o Nuno Mendes não é a "Tiazoca".

Unknown disse...

.

Sócrates é mortal. A galinha é mortal. Sócrates é uma galinha...

.

Tiazoca de Oeiras disse...

Olhe que não! Olhe que não!

Zero Zero Sete . Errou o "álvaro".

Deve ser do muito trabalhado em investigações várias que lhe embotou o sentido de observação e perspicácia .

Tenho de reconhecer que não passa de um qualquer "Get Smart", mais conhecido numa tradução generosa pelo " Xico Esperto de Oeiras"

E olhe que a sua informação é requentada, cheia de bolor e muito desmentida.

O melhor é ir para as "Novas Oportunidades " fazer uma reciclagem. Sempre terá mais chances de ser promovido a técnico de investigação estagiário do Patilhas e Ventoinha

Já agora, para seu governo, é-me absolutamente indiferente quem seja.

Jorge Pinheiro disse...

Voltando ao post. O julgamento dificilmente será marcado até às eleições. E mesmo que seja marcado, há ainda expedientes dilatórios que permitirão que a campanha comece sem essa "maçada".
O problema será sempre a inadequação deste homem ao momento actual e à ausência de credibilidade pessoal. Mas isso já era assim nas últimas eleições. Politicamente, a culpa é do PS!

Jorge Pinheiro disse...

Voltando ao post. O julgamento dificilmente será marcado até às eleições. E mesmo que seja marcado, há ainda expedientes dilatórios que permitirão que a campanha comece sem essa "maçada".
O problema será sempre a inadequação deste homem ao momento actual e à ausência de credibilidade pessoal. Mas isso já era assim nas últimas eleições. Politicamente, a culpa é do PS!

Anónimo disse...

Todos sabemos o que aconteceu em Matosinhos e em Felgueiras. Oeiras é diferente, dirão alguns. Passo o preconceito, Oeiras é mais esclarecido mas com uma significativa população "insolvente" (leia-se não pagam impostos, não pagam rendas, têm subsídios e saúde de borla)arrebanhada à última para dar de volta (o voto)que pode fazer a diferença. Se juntarmos a "clientela" do costume...tá no papo. A não ser, como diz a Tiazoca, que surjam os imponderáveis da justiça. Já agora alguém me explica o que é feito daquele juíz que iria acompanhar o processo e que foi contestado por ter sido multado pela Cãmara. É que agora fala-se numa juíza. Enfim a ver vamos...

Anónimo disse...

Previsão para 2009:
"O GAIJO VAI PERDER"
É só o que vos digo......

Anónimo disse...

«GAIJO»?!

P. Onde é que os alentejanos metem o «i» do «lête»?

R. No «cafei»!

Anónimo disse...

Oeiras precisa de novos ares.
Gigi

Jorge Pinheiro disse...

Aires... (já agora).