domingo, 9 de novembro de 2008

“Senhoras Donas, por favor!”

A correspondência da nossa Câmara Municipal quando dirigida a Senhoras não tem o Dona (D.) mas simplesmente Exma. Senhora Júlia, ou Maria Isabel etc (aliás como muitas outras entidades). Verifiquei também que no site da própria CMO uma Vereadora porque não tem título académico é Sra. Elisabete Oliveira. Dirigi-me ao blogue "Em defesa da língua portuguesa" por considerar que os seus responsáveis são bons conhecedores da nossa língua, perguntando se o Dona (D.) tinha desaparecido do português contemporâneo.

A resposta deu-me informações que confirmam que se deve preceder o nome feminino de Dona:
Entendendo que a minha Autarquia deve utilizar correctamente a língua portuguesa sugeri, na reunião pública da CMO em Outubro, que na identificação dos membros do executivo camarário se usasse o procedimento como para os membros da Assembleia Municipal de Oeiras o qual é seguido por outras autarquias. Isto é, indicando apenas os nomes dos seus membros sem os títulos académicos. Agora na correspondência parece-me que todos os Serviços da Autarquia devem seguir correctamente a língua portuguesa, utilizando-se, na ausência de título académico, o Dona antes do nome feminino. Seria um bom exemplo de gentileza e de boa educação.

Pessoas amigas que, como eu, não entendem a maneira de contacto actualmente utilizada em que a cidadã é chamada de Senhora Diniz ou Senhora Maria Silveira quando nos ligam para casa ou somos atendidos por certos funcionários, chamaram-me a atenção para um texto da escritora Alice Vieira publicado no Jornal de Noticias de 7 do mês de Outubro na secção Opinião sobre esta “moda?” de não se tratar por Senhora Dona as senhoras, as mulheres em Portugal. Transcrevo apenas algumas passagens do artigo:

“”Cada país (cada língua, cada cultura) tem a sua maneira específica de se dirigir às pessoas… passam de imediato - sejam casadas, solteiras, viúvas ou amigadas, sejam velhas ou novas, gordas ou magras, feias ou bonitas, ricas ou pobres - à categoria de "Senhora Dona”.
(…) sou logo tratada por "Senhora Alice." Respondo sempre: " trate-me por tu, se quiser; ou só pelo meu nome, se lhe apetecer; mas nunca por Senhora Alice".
Pois qual não é o meu espanto quando, aqui há dias, na televisão, oiço o Senhor Primeiro Ministro referir-se assim à mulher (também odeio a palavra "esposa"…) do Comendador Manuel Violas. "A Senhora Celeste…" (não sei se é este o nome da senhora, mas adiante).
Fico parva. Nos cursos todos que tirou, ninguém lhe ensinou que as senhoras são todas "Senhoras Donas"? “”…

Afinal, tenho razão em solicitar à minha Autarquia que tenha em atenção a nossa língua, a nossa cultura. Eu – e sei de um número crescente de cidadãos – desligamos o telefone ou corrigimos estes funcionários a quem as entidades responsáveis teimam em dar má formação profissional.

10 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Bem observado. Muito oportuno o seu reparo à CMO assim como o artigo da Alice Vieira.

Quando me ligam de algum telemarketing também lhes dou uma 'aula' grátis acerca da forma como se tratam as pessoas e, no caso em questão, potenciais clientes.

Mesmo quando o assinante do telefone é um homem e perguntam pelo sr. 'nome próprio' lá vou explicando que um cliente é sempre tratado por sr. nome próprio + apelido ou apenas sr + apelido mas provoco verdadeiras confusões em algumas cabeças...

Tiazoca de Oeiras disse...

A partir de agora quero que me tratem por Sra D. Tiazoca de Oeiras. Tenho dito !

Clotilde Moreira disse...

Fique descansada Sra. D. Tiazoca de Oeiras que não me vou esquecer. Se a tratava apenas por Tiazoca era porque a Sra. já fazia parte das pessoas amigas, daquelas que não se tratando por tu, pedem para termos em conta laços que ultrapassam as formalidades de quem acabamos de conhecer.

Maria Clotilde Moreira

Tiazoca de Oeiras disse...

Ó Clotilde, não era para si...

Eu estava a referir-me à CMO e aquele senhor que tem a mania de nos tratar deselegantemente e que é um cidadão ao serviço da comunidade.

Por favor, pode-me tratar por politicopata. LOL.

Clotilde Moreira disse...

Tiazoca de Oeiras

Eu desconfiava que não era para mim. Mas pelo sim e pelo não...
Realmente há gente que não percebe as distância. Aquele Abraço
Clotilde

Menina Idalina disse...

Senhora Dona Clotilde : Eu percebo-a e até concordo consigo mas, nós no Centro de dia da Merdaleja tratamo-nos todos por "meninas" . é mais doce ...LOL

Clotilde Moreira disse...

menina idalina,

Sabe que acho muito bonito que no Centro de dia se tratem por meninas. E como percebeu e também percebi que concorda, a minha posição é por uma Sociedade mais bem educada.
Clotilde

Anónimo disse...

Cara Sra D Clotilde;

Então a CMO chama à vereadora «Sra Elizabete»? Pois muito me ri com essa. Que belo exemplo, que chique, que nível. LOL

Anónimo disse...

Ainda sou do tempo em que a RTP transmitia pogramas em que se ensinava a ler, escrever e outras pequenas coisas que nem todos tinham a sorte de poder aprender em casa. Dou-lhe os Parabéns pelo postal e pela chamada de atenção que fez na reunião camarária.

dmc disse...

Tudo bem Sr.ª D.Maria Clotilde Moreira!

Realmente, soa melhor ser chamada de Senhora Dona por uma questão de "Cultura", apesar de, em tempos de burguesia, não me parecer justificável o uso de "Dona"...a não ser para marcar bem a distinção das Senhoras que não são donas de coisa nenhuma, a não ser do direito a nome próprio e de família que lhes foi dado por nascimento(ou adopção)...
Mas então...e os coitados dos Senhores? vão continuar sem "Dom" que os distinga, na Língua Portuguesa?

Domingas Cruz