quinta-feira, 27 de novembro de 2008

PONTOS DE VISTA






E A TERCEIRA LINHA?


É amplamente sabido que o portentoso conjunto de estruturas defensivas, planeado pelo que viria a ser duque de Wellington, para acautelar Lisboa de um previsível ataque, no quadro das chamadas Invasões Francesas, era constituído por três linhas. São as chamadas Linhas de Torres.
Havia uma lógica e coerência estratégica que, embora implantadas em espaços distintos e distanciados, as linhas funcionavam em articulação, como um todo. Qualquer delas correspondia a uma resposta à eventual evolução das posições dos exércitos no terreno. A cada cumpria uma função. A sorte das armas testaria a eficácia do sistema. E ele foi-o.
A linha mais a norte, a que se apoiava em Torres Vedras, desde o Tejo ao oceano, receberia o primeiro embate do exército invasor. Se ele a conseguisse transpor, teria de defrontar a segunda linha de fortificações, situada no paralelo de Mafra. Esta era decisiva. Se soçobrasse ao ataque, Lisboa estaria perdida. Mas as tropas britânicas, perante o insucesso, teriam de ser evacuadas. Para dar cobertura e segurança a esta retirada, lá estaria a terceira linha que se estendia entre os fortes do Junqueiro, em Carcavelos, e S. João das Maias, em Oeiras, com centro em S. Julião da Barra e o ponto mais avançado no forte da Figueirinha, a poente do actual Cemitério de Oeiras.
Para debater o valor patrimonial e a especificidade deste arrojado sistema militar defensivo, realizou-se em Arruda dos Vinhos, entre os dias 20 e 22 deste mês, o Seminário Internacional sobre a Importância das Linhas de Torres, numa iniciativa dos municípios de Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, além do anfitrião.
Integrado no programa do seminário, foi inaugurado o “primeiro circuito de visita incluído na ‘Rota Histórica das Linhas de Torres’, projecto dinamizado por uma plataforma que congrega todos os municípios [sublinhado nosso] onde se implantam as fortificações: Arruda dos Vinhos, Loures, Mafra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira”, segundo texto divulgado pela Câmara de Loures.
Afigura-se-nos pertinente colocar duas observações:
1.ª - Evocando-se as Linhas de Torres, o critério seguido está errado, pois exclui os municípios de Oeiras e Cascais. Esta marginalização não respeita a verdade histórica. Só faria sentido, se se reportasse às 1.ª e 2.ª linhas.
2.ª – Atendendo ao interesse histórico e patrimonial destas linhas defensivas, sem esquecer a conveniência do seu aproveitamento turístico, nomeadamente das que se situam nos concelhos de Oeiras e Cascais, não entendemos a ausência de participação destas duas autarquias na reunião internacional de estudo nem o seu afastamento do seu território dos itinerários da “Rota Histórica das Linhas de Torres”. Desinteresse ou desatenção destes dois municípios?

Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com

Com os devidos agradecimentos do "Oeiras Local" ao Autor do artigo e ao "Jornal da Costa do Sol".

3 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo Jorge Miranda;

Boa pergunta.

meninaidalina disse...

Alvitro uma hipótese: Calhando não daria para fazer propaganda ao PCMO, nem ele poderia levar fotógrafo para registar o evento e publicar posteriormente no seu tão amado Oeiras Actual.
Digo eu....

Anónimo disse...

Ele ha coisas que não dá para entender