Quando a ministra da Educação ensaiou as primeiras arremetidas de destruição massiva da escola Pública, muitos elogiaram a "determinação" e até o presidente da República lhe deu suporte expresso.
Quando os primeiros protestos surgiram, muita imprensa os silenciou e vários comentaristas os depreciaram.
Quando os professores e os seus sindicatos disseram que o modelo de avaliação do desempenho era inexequível, para além de inaceitável, o primeiro ministro veio à liça, mentiu e lançou lama sobre os professores.
Quando os 100.000 saíram à rua, o país interrogou-se.
Quando a plataforma sindical assinou o memorando para salvar as escolas e o caos em que o fim do ano lectivo de então estava mergulhado, a ministra salvou-se.
Quando a ministra respondeu agora, cínica e autista, aos 120.000 que lhe disseram não, condenou-se. Não pode ter segunda oportunidade.
O país está hoje esclarecido. Foram três anos de tempo perdido, de retrocesso, de injustiças, de atropelos à lei e a aquisições civilizacionais básicas. É tempo de fazer o que tem que ser feito e não ceder.
As falsas vestais já se movem, seráficas, em beatíficos apelos à paz. Mas quem fez a guerra e a perdeu é que tem que ceder. Não deve ceder a força da razão. Deve ceder a razão da força.
Os professores não devem ter medo das ameaças. Complicada a situação que se criou? Sócrates está numa encruzilhada? Pois que se saia dela sem que os professores lhe abram o trilho da retirada.
A execução deste modelo de avaliação do desempenho tem que ser suspensa e o nado enterrado.
Ouvi Cavaco Silva, na abertura do ano lectivo da Escola Naval, dizer: "O meu apelo é este: que cada um faça um esforço para que a tranquilidade e a serenidade regressem às escolas. Pelo menos para desanuviar esta situação que existe de alguma tensão no sector."
A inflexibilidade do primeiro ministro e a bonomia do apelo à "serenidade de todos" devem-se entender nas reuniões da boa coexistência institucional de Belém. Mas não devem influenciar a determinação dos professores e dos seus sindicatos. A contenção que o Presidente da República advoga é por vezes difícil de entender.
Por exemplo, e para não nos afastarmos no tempo, independentemente da razão que julgo assistir-lhe, não foi contido no caso do estatuto dos Açores, que motivou até uma comunicação ao país. Mas já foi magnanimemente contido quando Alberto João lhe fechou a porta da Assembleia Regional e se remeteu a um silêncio ensurdecedor a propósito das diatribes que se seguiram à exibição do símbolo nazi. Devem os professores reflectir sobre isto e preparar-se para os passinhos de lã que, em nome dos interesses do Estado, se começam a ensaiar.
Não pode haver segunda oportunidade. Capitula quem perdeu. Não capitula quem ganhou.
Santana Castilho (Público)
Quando os primeiros protestos surgiram, muita imprensa os silenciou e vários comentaristas os depreciaram.
Quando os professores e os seus sindicatos disseram que o modelo de avaliação do desempenho era inexequível, para além de inaceitável, o primeiro ministro veio à liça, mentiu e lançou lama sobre os professores.
Quando os 100.000 saíram à rua, o país interrogou-se.
Quando a plataforma sindical assinou o memorando para salvar as escolas e o caos em que o fim do ano lectivo de então estava mergulhado, a ministra salvou-se.
Quando a ministra respondeu agora, cínica e autista, aos 120.000 que lhe disseram não, condenou-se. Não pode ter segunda oportunidade.
O país está hoje esclarecido. Foram três anos de tempo perdido, de retrocesso, de injustiças, de atropelos à lei e a aquisições civilizacionais básicas. É tempo de fazer o que tem que ser feito e não ceder.
As falsas vestais já se movem, seráficas, em beatíficos apelos à paz. Mas quem fez a guerra e a perdeu é que tem que ceder. Não deve ceder a força da razão. Deve ceder a razão da força.
Os professores não devem ter medo das ameaças. Complicada a situação que se criou? Sócrates está numa encruzilhada? Pois que se saia dela sem que os professores lhe abram o trilho da retirada.
A execução deste modelo de avaliação do desempenho tem que ser suspensa e o nado enterrado.
Ouvi Cavaco Silva, na abertura do ano lectivo da Escola Naval, dizer: "O meu apelo é este: que cada um faça um esforço para que a tranquilidade e a serenidade regressem às escolas. Pelo menos para desanuviar esta situação que existe de alguma tensão no sector."
A inflexibilidade do primeiro ministro e a bonomia do apelo à "serenidade de todos" devem-se entender nas reuniões da boa coexistência institucional de Belém. Mas não devem influenciar a determinação dos professores e dos seus sindicatos. A contenção que o Presidente da República advoga é por vezes difícil de entender.
Por exemplo, e para não nos afastarmos no tempo, independentemente da razão que julgo assistir-lhe, não foi contido no caso do estatuto dos Açores, que motivou até uma comunicação ao país. Mas já foi magnanimemente contido quando Alberto João lhe fechou a porta da Assembleia Regional e se remeteu a um silêncio ensurdecedor a propósito das diatribes que se seguiram à exibição do símbolo nazi. Devem os professores reflectir sobre isto e preparar-se para os passinhos de lã que, em nome dos interesses do Estado, se começam a ensaiar.
Não pode haver segunda oportunidade. Capitula quem perdeu. Não capitula quem ganhou.
Santana Castilho (Público)
2 comentários:
Este modelo de avaliação nunca visou avaliar desempenhos nem melhorar o sistema de ensino; é apenas uma medida economicista cheia de erros e de injustiças.
Pretendia-se que os professores fossem avaliados no terreno mas agora já há uns, caso dos professres deputados, autarcas, e outros ausentes das escolas que podem subir a professor titular por via administrativa.
É o PS do Sr Sócrates no seu melhor.
O paradoxal é que num modelo de avaliação tão bom O ME tenta remenda-lo à posterior, para "inglês ver".
E mais, como se irá verificar uma greve, já o Ministério está disposto a aceitar novas negociações, mas sem condições prévias do sindicatos .
Os deuses devem estar doidos . A ministra sempre foi inflexível, e agora não podem os sindicatos ter como condição prévia às negociações que este modelo remendado,inoperante e cheio de injustiça deva ser posto de parte.
Bom, lá tenta o partido xuxialista , reunir os poucos militantes professores, para tentar mudar a opinião de 120 mil professores . Temos de concordar que é mesmo fezada . Os xuxialistas são uns crentes!
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