JN - 00h30m
Os jornais divulgaram há tempos uns versos de um indivíduo condenado nos EUA pelo assassínio de um mendigo: "Vê-os morrer./ Adoro vê-los agonizar: vomitam, gritam, choram". Adorno explica a barbárie como persistência, no ser humano, das formas mais primitivas de agressividade, defendendo que "a questão mais urgente da educação contemporânea é a desbarbarização da humanidade". Neste sentido, o não licenciamento de touradas por (para já) quatro autarquias - Viana do Castelo, Braga, Cascais e Sintra - é um acto fundamentalmente educativo. Contra ele, esgotado o argumentário da "tradição", a razão cínica - a razão cínica consegue justificar tudo, de Auschwitz ao terrorismo - fixa-se agora na circunstância de aqueles que condenam as touradas comerem carne. De facto, a Biologia e a História fizeram de nós animais comedores de cadáveres. Há, no entanto, uma diferença (uma diferença moral) entre comer carne e fazer - "pecado contra a natureza", diria Pound - da agonia e morte de um animal um espectáculo, tirando sórdido prazer de o ver espetar, martirizar, vomitar sangue. Nenhum outro animal o faz.
4 comentários:
Pelo andar da carruagem, qualquer dia não se pode jogar futebol porque já têm morrido jogadores no campo, ou porque se aleijam nas pernas...
Como dizem os nossos vizinhos espanhóis, quando acabarem as touradas acabam-se os touros.
Depois de se extinguirem os bichos, ainda virão estes puritanos lamentar-se de que a Natureza perdeu um animal tão nobre, etc.
Preocupem-se com a matança de pessoas, o custo de vida e esse tipo de coisas realmente importantes. Ninguém se queixa nem tem pena dos desgraçados dos frangos, que vivem menos de 1 mês. Sabem bem ao Domingo, com batatinha frita, não é?
O Caro 'Oeiras' costuma ser mais objectivo nos comentários que faz.
Estou certa que não leu o artigo e/ou não concedeu ao assunto um tempo de reflexão mínima.
Trata-se e vou citar:
"Há, no entanto, uma diferença (uma diferença moral) entre comer carne e fazer - "pecado contra a natureza", diria Pound - da agonia e morte de um animal um espectáculo, tirando sórdido prazer de o ver espetar, martirizar, vomitar sangue."
Got it?
(Ou será que precisa de mais alguma explicação?)
Cara Isabel Magalhães; aplaudo a escolha do artigo que foca a barbaridade da Tourada em qualquer das formas que nos são conhecidas. A questão é precisamente essa: «fazer da agonia e morte de um animal um espectáculo, tirando sórdido prazer de o ver espetar, martirizar, vomitar sangue».
Tem alguma razão OEIRAS, quanto aos frangos feitos à pressão. Por outro lado o HOMEM é carnivora pelo que tem de comer carne. Por isso mata animais. Mata e deve matar com o minimo de sofrimento. Ora na tourada há sofrimento para delicia de alguns "espiritos". Por exemplo no box ou no futebol, embora seja entre seres que podem estar equiparados, há às vezes muitas violência encapotada.
Devemos viver e pregar a harmonia para chegarmos auma sociedade mais
feliz.
Clotilde
Enviar um comentário