sexta-feira, 27 de junho de 2008

ainda o TGV...

.
- CLIQUE PARA AMPLIAR -


A grande miragem do TGV!...

O Governo lançou hoje o concurso para o primeiro troço do TGV Lisboa Madrid, entre o Caia e o Poceirão, na extensão de 170 quilómetros.
Nove milhões e quatrocentos mil passageiros por ano é o número estimado. O que dá, em anos comuns, 25.754 viajantes diários em trânsito entre Lisboa e Madrid, e um pouco menos, 25.683, em anos bissextos. Claro que se pressupõe que continuem a levantar e a aterrar aviões com passageiros entre as duas cidades, que os automóveis continuem a circular nas auto-estradas e nas estradas de um e outro país e que os comboios convencionais continuarão no seu vai-vém ibérico. Assim, é obra 25.754 passageiros por dia, equivalendo a 1 comboio TGV por hora, com 1000 pessoas ou 2 comboios, por hora, com 2000 pessoas, ininterruptamente, ao longo do dia.
Ninguém explicou estes números. Como ninguém apresentou uma perspectiva dos resultados de exploração, e dos prejuízos potenciais e qual a participação de cada português na cobertura dos mesmos. Como ninguém explicou a participação nacional no projecto e a contribuição da indústria estrangeira. Como ninguém explicou o custo e o benefício do projecto. O grande argumento que ouvi foi a questão estratégica de ficarmos arredados da rede europeia de alta velocidade, mas também ainda ninguém explicou qual o prejuízo. De qualquer forma, ele seria mínimo, já que, em qualquer momento poderia ser construída.
Em suma, não sabemos nada quanto ao TGV. Melhor, sabemos que, de forma directa ou enviesada, vamos ter que pagá-lo. Não apenas no que respeita ao investimento. Mas sobretudo no que toca aos prejuízos de exploração. Porque, à falta de melhor explicação, o número de 25.754 passageiros por dia foi o que se arranjou para português ver uma bela miragem de um TGV cheio, em vez do deserto dos bolsos que ele se encarregará de esvaziar mais e mais.

posted by Pinho Cardão em 4R - Quarta República em 02-06-2008

imagem extraída de "Notas ao café…" a quem agradecemos.
.