quinta-feira, 12 de junho de 2008

PONTOS DE VISTA





TODOS OS ANOS…


Estamos cansados. Não nos habituamos. A repetição do mesmo discurso desgasta e indigna. Desacredita o Poder, por incapacidade ou negligência. Não se encontram soluções e as justificações para a persistência são sempre as mesmas. É demais!...
Todos os anos, por ocasião da abertura da época balnear (insiste-se, oficialmente, em fixar este período, sem se atender ao desfasamento em relação aos novos hábitos que integraram a frequência da praia nas quatro estações do ano), vem à discussão a qualidade das águas e os perigos para a saúde que a poluição acarreta. E também são sempre apontadas as mesmas praias como desaconselháveis (estas, agora, técnica e juridicamente, já não são assim chamadas – consideram-se areais!).
No litoral de Oeiras salva-se a da Torre. Caxias, Paço de Arcos e Santo Amaro encontram-se na lista negra das impróprias. Da saudosa Cruz Quebrada, nem falar!
Embora, com a entrada em funcionamento do emissário geral da Costa do Sol e com o incipiente saneamento das ribeiras que atravessam o concelho, a qualidade da água da fase terminal do estuário do Tejo tenha melhorado inegavelmente, os níveis de poluição que continua a registar são incompatíveis com a salvaguarda da saúde dos banhistas.
O principal veículo patogénico encontra-se nas ribeiras que vêm desaguar no litoral. E aqui há uma responsabilidade repartida com todos os concelhos confinantes: Lisboa, Amadora e Sintra. Sem uma política sanitária de conjunto, o problema não terá solução. Mas para que tal se concretize, só se poderá contar com a intervenção decidida do governo central. A questão do emissário geral foi assim resolvida, depois de décadas de adiamento.
A Câmara de Oeiras já empreendeu ao saneamento das ribeiras nos troços sob sua jurisdição territorial (poderá subsistir ainda um ou outro caso de drenagem clandestina). Mas não chega. Os cursos de água já vêm poluídos a montante. E enquanto estes focos não forem sanados não poderemos ter água com qualidade aceitável no litoral oeirense.
Os concelhos limítrofes não deverão encolher os ombros. O mal não recai apenas no vizinho. Mas em muitos dos seus próprios munícipes que demandam estas praias (é ver como os autocarros que partem destes concelhos vêm cheios de banhistas).
Para ultrapassar o problema e vencer o egoísmo e a inércia, só um poder que se sobreleve!
Basta de lamúrias e justificações! Impõe-se acção! Está em causa a saúde pública, que não se compadece com adiamentos que se… eternizam.
Os nossos agradecimentos ao autor e ao Jornal da Costa do Sol pela cedência do artigo.
Foto: Oeiras Actual

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