quinta-feira, 26 de junho de 2008

PONTOS DE VISTA por Jorge Miranda






MAUS VELHOS TEMPOS…

Em 1972 ou 1973, ao comentarmos a comemoração do Dia Mundial da Árvore, aqui, nas páginas deste Jornal, a Comissão de Exame Prévio – eufemismo marcelista para designar a Censura – “cortou” alguns nacos da nossa prosa, talvez por a entender de carácter subversivo.
Emitíamos a opinião que entendíamos preferível o então ministro da Agricultura assinalar aquele dia promovendo a plantação de árvores em locais onde não as havia, em vez, como o fez, de se deslocar à serra de Sintra, onde a arborização abunda. E apontávamos o exemplo do Bairro da Medrosa, em Oeiras, começado a habitar em 1971, onde existia apenas uma árvore (ainda subsiste) e com total carência de placas ajardinadas, nem sequer passeios!
Recordámo-nos desta situação, por se ter inaugurado, no dia 19, a conclusão de mais uma fase da requalificação e arranjos exteriores daquele populoso núcleo habitacional oeirense.
Entre outros arranjos, mais árvores foram agora plantadas, novos canteiros foram construídos, introduzido o sistema automático de rega, colocado novo equipamento e mobiliário urbano.
Quem conheceu o Bairro da Medrosa em 1971, e nos próximos anos imediatos, e o observa hoje ficará admirado – a diferença, num sentido positivo, é abissal!
Dantes não se podia falar e não se fazia; agora pode-se falar e faz-se! Não temos dúvida que crescemos, que avançámos, embora haja ainda quem o negue, apesar das evidências!...

Jorge Miranda
(jorge.o.miranda@gmail.com)
O Oeiras Local agradece ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol a cedência do artigo.
Foto: Oeiras Actual

2 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Amigo Jorge Miranda;

É bom que ninguém esqueca que a CENSURA foi a pior arma do regime.

Obrigada pelo seu texto.

Abraço

I.

Anónimo disse...

Um grito de raiva e revolta, na busca da verdade, pela liberdade de quem nasceu no concelho de Oeiras:

Subversivo é não conseguir dar a todos (os portugueses), aquilo que todos tem direito à luz da Constituição da República (no século XXI).

Desse exemplo do «Bairro da Medrosa, em Oeiras, começado a habitar (colonizar e explorar) em 1971, emerge a desgraça e a exclusão dos nativos da região de Lisboa e do concelho de Oeiras em particular (pois é dele que falamos).

No dia 19 de Junho de 2008 (37 anos depois…) ocorreu «a conclusão de mais uma fase da requalificação e arranjos exteriores daquele populoso núcleo habitacional oeirense. Entre outros arranjos, mais árvores foram agora plantadas, novos canteiros foram construídos, introduzido o sistema automático de rega, colocado novo equipamento e mobiliário urbano.»

Em conclusão:

«Dantes não se podia falar e não se fazia (porque no contexto daquela época fascista, os recursos e meios eram escassos e menores do que hoje…); agora pode-se falar e faz-se! (aquilo que significa lucro fácil e especulação do imobiliário…) Não temos dúvida que crescemos que avançámos, (os novos ocupantes…), embora haja ainda quem o negue, apesar das evidências»

As evidências acerca da pobreza, da falta da evolução social e da qualidade de vida dos povos ancestrais e originários do concelho de Oeiras, só não vê quem é cego, desconhece da verdade histórica ou então é fanático.

Em boa verdade as populações, todas aquelas que nasceram e vivem nas freguesias do concelho de Oeiras, desde tempo imemoriais, de há 100, 75, 50, 25 anos a esta parte (o isaltinismo tem 22 anos de acção), continuam a viver nas mesmas condições medievais, em ruas sem passeios, em habitações ou casebres, pardieiros de pedra e madeira (empestados de ratazanas …), sem casas de banho, em lugares sem saneamento, alguns habitantes ainda lavam as roupas nos tanques públicos das lavadouras (porque até os rios tem as águas poluídas pelos novos ocupantes do espaços ditos urbanos …).

É recorrente estarem na sala a trabalhar e um camião bater e destruir os beirados da casa (coisa que não ocorre com aqueles que habitam no 12º andar desse novos prédios edificados no bairro da Medrosa (e dos medrosos também…).

Assim quer o regime isaltinista.
Tanto hão-de ser explorados que essa plebe antiga ou morre ou abandona o lugar, para que neles mais prédios se possam construir a troco de um quantos canteiros e árvores que em 1971 não existiam.

Quem conheceu os lugares e núcleos habitacionais de todas as freguesias do concelho de Oeiras nos anos de 1875, observa hoje ficará admirado a diferença, num sentido negativo ela continua a ser abissal, pois está tudo na mesma como estava nessa época, passados mais de um século.

O isaltinismo nada fez, para dar a essa gente, as mesmas condições de vida e urbanismo que os colonizadores de Oeiras obtiveram depois de 1971.

Recordo por exemplo a Rua General Sinel de Cordes, nunca teve nenhuma alteração em mais de 150 anos, ainda hoje ali são atropelados octogenários, porque a rua nem passeios possui. Ao invés, o vale de Barcarena, ainda possui árvores centenárias.

Mariano Sinel de Cordes