segunda-feira, 30 de junho de 2008

Póvoa do Varzim: Decisão inédita de tribunal suspende blog

O acesso ao blog Póvoa online, «suspeito de prática de acto ilícito», foi suspenso na passada sexta-feira, por ordem judicial, que deu razão a autarcas da Póvoa do Varzim, num processo por difamação contra desconhecidos, noticia o Público desta segunda-feira.

O tribunal terá pedido ao Google Inc. e ao Google Portugal, a 13 de Maio passado, que impedissem o acesso à página em causa e, apesar da proibição não ter acontecido «de imediato», foi respeitada, uma decisão «sem precedente em Portugal, mas que, para António Pedro Ribeiro, colaborador do blog suspenso, é «uma atitude autoritária e fascizóide» por parte dos políticos visados.

A sentença foi publicada no novo Póvoa Offline, criado pelo mesmo autor do Póvoa Online, que é anónimo e, presume-se, colectivo, ainda que se escreve sob o pseudónimo Tony Vieira. «Actualmente, a cidade oferece lixo e praias contaminadas, tudo supervisionado por autarcas agarrados ao poder e sustentados por uma teia de corrupção que corrói toda a gestão municipal», acusa.

O presidente da Câmara da Póvoa de Varzim, Macedo Vieira, e o vice-presidente, Aires Pereira, ambos do PSD, nunca chegaram a descobrir quem se escondia por trás do perfil, apesar de terem circulado vários nomes de suspeitos, e interpuseram a providência cautelar que o tribunal julgou procedente, uma vez que considerou provado que «a maior parte do conteúdo do blog» consistia em «artigos de opinião», com o objectivo de «difundir, de forma gratuita, a ideia de que os requerentes são corruptos e corruptíveis».

Para Aires Pereira, os textos são escritos por alguém que, «de forma covarde», se esconde atrás do anonimato. «A minha expectativa é que a sua identidade seja identificada e que se lhe exijam responsabilidades».

20 comentários:

Unknown disse...

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Ora aqui está uma notícia para fazer pensar aqueles que a coberto do anonimato frequentam os blogs para insultar e difamar pessoas e individualidades, esquecendo que estas são figuras públicas e estão ligadas ao poder - e mesmo que não fossem nem estivessem, a lei garante que ninguém possa ser alvo de acusações na praça pública que atentem contra o seu bom nome.

Qual é o blog que se preza, disposto a arriscar-se a perder a credibilidade e a ver-se metido numa alhada assim, a ser encerrado e ficar inacessível, por causa dum energúmeno desconhecido e cobarde, que se esconde atrás do anonimato para difamar alguém (mesmo que o que diga possa ser verdade) ?

Depois esses anónimos cobardolas reclamam por terem os comentários apagados...!! :)

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Isabel Magalhães disse...

No caso concreto do blog Póvoa do Varzim, que nunca li, - nem li ainda o que se lhe seguiu em substituição - trata-se de um blog anónimo.

Sou indiscutivelmente anti-censura mas não me choca a atitude do Tribunal.

Segundo me informaram, "O processo que determinou a suspensão – ou mesmo o encerramento – é uma providência cautelar. Como tal, não é algo definitivo. Trata-se de um processo urgente, para evitar males maiores enquanto as coisas não se resolvem de forma mais calma e ponderada. Claro que se tornará definitivo se nada vier contrariá-la.

Ora, acontece que o autor do blog, que podia ter, ele também, optado pela via judicial, em observância da lei, para contestar a medida e apresentar as suas razões, optou por não o fazer e criar um outro blog, pelos vistos no mesmo estilo.

http://povoaoffline.blogspot.com/

Não me merece muita consideração este tipo de pessoas. Nem sequer acho que mereçam ser consideradas vítimas de qualquer tipo de coarctação de liberdades fundamentais. Os direitos de cada um terminam na fronteira dos direitos alheios."

João Viegas disse...

Aí se isto faz jurisprudência ainda sobra para o politicopata...

Quero apenas fazer um comentário, naturalmente respeitando a D. Isabel Magalhães por quem nutro admiração intelectual e cívica.
A questão prende-se com essa ideia peregrina com que termina o comentário,"Os direitos de cada um terminam na fronteira dos direitos alheios"
Discordo visceral e absolutamente desta ideia que aliás é uma derivação da abominável e também peregrina ideia de "a minha liberdade termina onde começa a dos outrso".
Passo a defender a minha tese.
Esta(s) ideia(s) radicam filosófica e ideologicamente em princípios liberais e libertinos que visam o primado do individualismo e que procuram assentar a ética numa mera axiologia e não numa ontologia.
Ou seja, o correcto é afirmar exactamente o oposto, "a minha liberdade começa exactamente onde começa a do(s) outro(s) e termina exactamente onde termina a do(s) outro(s)" - neste sentido se elege o primado da comunidade, da vida em sociedade e da verdadeira justiça ética. Aquilo que exijo como direito para mim (o início da minha liberdade ou direito) tenho de exigir para o outro, e aquilo que se estabelece para mim como limite tem necessariamente que ser o limite que imponho aos outros. Esta inversão é fundamental para que se caia numa ética ontológica, ou seja, para que se entenda a liberdade como o espaço de realização do ser humano naquilo que promove o desenvolvimento e afirmação da sua dignidade, e não o entendimento recorrentemente actual de que a liberdade é entendida como eu fazer aquilo que bem me dá na gana. Isto é o argumento fundamental, do ponto de vista teológico, para que se entenda a absoluta liberdade de Deus (para quem nele acredita) ou da ideia de Absoluto ou Universal, no sentido em que desmonta o argumento de que Deus ou o Absoluto não são verdadeiramente livres no sentido em que não lhe é permitido fazer o mal – a liberdade implica opções e sacrifícios.
Um grande abraço para todos

Isabel Magalhães disse...

Caro João Viegas;

'Longtime no see'... :)

Foi um prazer tê-lo por cá. Espero que apareça alguém que queira corroborar ou contrapor a sua tese.

[]

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!
Viva, João Viegas!

O João Viegas terá toda a razão, mas o que a Isabel referiu é uma coisa e o que o João Viegas mencionou é outra. E nada têm uma com a outra, pelo que não se anulam.

Com toda a consideração que deve merecer - e merece - o ilustre comentarista, há que dizer que qualquer jovem do 9º ano de uma escolaridade decente sabe que os direitos (e a liberdade, claro!) de cada qual apenas são travados pelos direitos (e a liberdade, claro!) dos seus iguais.

Mesmo quando, a uma primeira e descuidada leitura da vida em sociedade, possa parecer que assim não é.

Constatação elementar, pois.

O resto, muito louvável embora, é dialéctica, no sentido de mero raciocínio académico-argumentativo. Isto dito com a devida vénia, como é evidente.

Repito, porém, para que não subsistam dúvidas:

Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa que, no caso vertente, para mais, não interferem uma com a outra.

Só que uma é prática, serve para o dia-a-dia e é mesmo "conditio sine qua non" para que toda a gente de boa vontade e sem arcas encoiradas, viva satisfeita e realizada; a outra, é, como disse, académica, muito boa para o exercício da dialéctica.

Ora, pela parte que me toca - e julgo que foi isso mesmo que motivou a Isabel - jamais me passaria pela cabeça apelidar de peregrina e menos ainda de assente em princípios liberais e libertinos - mesmo que bem entendida referência - uma tal máxima. A menos, claro, que me passasse pela cabeça que respeitar a fronteira que separa o que me é permitido fazer do que ao meu semelhante é permitido também, sem que qualquer de nós moleste o outro, fosse peregrino, liberal e libertino. Ora, tal não me passa pela cabeça. Passa-me, isso sim, ser um princípio de vida que é pena que não norteie a generalidade dos cidadãos.

A Isabel tem razão no que disse. João Viegas também.

Então, o que é que os divide?

Apenas isto: a opinião da Isabel aplica-se ao caso vertente, é, portanto, adequada; a de João Viegas, muito elaborada, é mais própria para outros "fora", sendo, por conseguinte inadequada neste contexto.

Só uma pergunta final:

E se a minha liberdade colidir com a liberdade do meu semelhante mais próximo? Quid juris?

Vê-se agora a razão em que me fundamento para afirmar, convicto, que uma coisa é a discussão académica de determinados conceitos e outra, bem diferente, a aplicação desses mesmos conceitos e máximas no terreno da vida prática, de todos os dias, que é o que, em verdade, interessa e sem a qual a "academia" redunda em sem-propósito, não aproveitando a quem quer que seja?

É frequente - tem-me acontecido inúmeras vezes – que, no calor da refrega intelecto-social, deixarmo-nos seduzir de tal forma pela dialéctica em que nos enfronhamos, que, a páginas tantas e encabulados, damos por nós a defender coisas absolutamente etéreas e sem o menor sentido prático de vida que, na verdade, se situam nos antípodas da nossa intenção inicial.

Nunca vos aconteceu?

Como as conversas são como as cerejas, só mais uma achega, mas agora mais terra-a-terra com o assunto principal, ou seja o encerramento - por via judicial, note-se - do blog Póvoa Online.

Considero absolutamente contrário à postura de uma sociedade humana minimamente decente, com a noção das responsabilidades inerentes ao respectivo estatuto civilizacional, alguém escrever, acerca de outrem, algo que não tem coragem de fazer de cara destapada e, de preferência, frente-a-frente.

E por aqui me fico.

Abraço, Isabel
Abraço, João Viegas.

Ruben

Anónimo disse...

Isabel e João Viegas,

Os dois têm razão, mas aquilo que eu defendo mesmo é nos sítios certos dizermos o que temos a dizer com correcção, verdade, delicadeza e não aproveitar estas novas ferramentas para inverdades,
insultos, insinuações.

Quando tivermos de tomar atitudes de denúncia há sítios e meios legais para que as ilegalidades sejam devidamente julgadas.~

Clotilde

meninaidalina disse...

Se me permitem vou entrar na vossa discussão .
João Viegas , estou inequivocamente de acordo consigo. E mais, eu não o diria melhor (LOL), pese embora relativamente aos restantes comentadores a minha discordância não implique nada mais que, uma discordância saudável.
E para além das razões que apontou, acrescentarei em complementaridade outras, mais terra a terra .
Liberdade para mim, é uma escolha contínua, que eu enquanto cidadã, faço. Ela é a independência que me assiste e consequentemente a escolha subjacente à mesma, ou até a não escolha .
Ora, serei tanto mais livre quanto melhor compreender as alternativas isto é, quanto mais claramente as alternativas apareçam e eu saiba, claramente distingui-las entre si e nos seus contornos.

A Internet é um espaço de liberdade , em que eu faço as minhas escolhas .
Que Tribunal deve impedir esse espaço de liberdade ? Em nome de que? Da liberdade ?
Que Tribunal deve impedir esse espaço de escolha que só a mim me compete ? em nome de quê ? Da liberdade ?
Mas isso é a negação da própria liberdade, da minha liberdade de escolha …
No caso da blogosfera acresce que esta liberdade não me obriga a visitar o que não quero, se não concordo não vou lá, se quero comento, se desejar crio o meu próprio espaço e nestas regras só tenho de aceitar as escolhas que os administradores de um qualquer blog fazem na moderação de comentários . Que simplicidade e em simultâneo que complexidade. Que inconsciência e que responsabilidade . O melhor e o pior porque genuino.


O presidente de uma Câmara enquanto figura pública sentiu-se ofendido, com excesos ou não cometidos , com verdades ou não expostas num qualquer blog. E para resolver o assunto recorreu a Tribunal.

Mas, não devia. O ser figura pública mesmo que num meio pequeno não é uma passadeira vermelha e flashes de fotografos que alimentam o ego. Tem um outro lado.

E só há uma forma de combater este esse outro lado em liberdade: TRANSPARÊNCIA

Combate-se o boato, a calúnia o anonimato com a transparência e não com o Tribunal.
Os munícipes saberão responder e ver e em liberdade fazer as suas opções.
Os serviços públicos têm de ser transparentes .
A não ser assim, o boato continua e a suspeição .
Aliás, paradoxalmente são sempre alimentados pelo exercício da censura, mesmo que esta seja reiterada por um Tribunal.
Lembram-se dos Tribunais Plenários em Portugal . Eram legais no entanto ilegítimos.

Ser livre na net é também perceber que existe lixo.
É o preço que eu pago para ser livre num espaço livre . E já temos tão poucos ....

(Isabel e José António - se por mero acaso dos astros me omitirem o comentário.... Eu aceito...LOL ;D )

Isabel Magalhães disse...

'Dona Anunciação';

A porta está aberta a todos os que queiram dar o seu contributo na forma de comentário.

Volto a insistir num ponto que poderei não ter deixado bem claro no post e que considero o verdadeiro 'problema': O anterior e o actual blog da Póvoa são blogs anónimos. Terei eu, - ou qq outro - o direito de, anonimamente, criar um blog para dizer que o senhor 'a' roubou, 'b' matou, 'c' esfolou, 'd' traficou influências...?
Onde fica a transparência, a credibilidade? Como diz a Clotilde, e eu subscrevo, os que detêm factos devem reportá-los a quem de direito.

Finalmente; porque motivo iriamos omitir o seu comentário? Este é um espaço livre de debate, onde todas as ideias, - por mais divergentes - são aceites. Excepção feita aos tais anónimos, e não anónimos, que confundem comentário, ou aproveitam o dito para insultar, caluniar, etc. e por ai fora.

Bjis. ao Gaspar. :)

I.

Isabel Magalhães disse...

Amigo Ruben;

Agradeço-lhe a sua contribuição e os esclarecimentos prestados.

Foi um prazer tê-lo por cá.

[]

I.

Ruvasa disse...

Viva, Isabel!
Viva, Anunciação!

Cara Anunciação!

Se me permite o atrevimento e ainda mal que lhe pergunte, gostaria de saber a sua resposta a esta questão:

Continuaria a defender toda essa liberdade, se eu - ou qualquer outro comentador, e pior ainda se for o detentor do blog - a coberto do anonimato, tivesse o desplante de vir aqui afirmar a pés juntos que a senhora - que, tenho a certeza, se trata de pessoa honesta, séria e acima de qualquer suspeita - leva uma vida dissoluta, além de, na sua profissão, se servir do lugar que ocupa para prestar favores indevidos, de corrupção, a troco de benefícios também eles ilícitos?

Estou certo de que não. Até porque quem não se sente não é filho de boa gente.

Estaria a ser gravemente atingida - e quase de certeza irremediavelmente - a sua honorabilidade de cidadã impoluta, não é verdade? Porque, por muito que se "limpasse", a nódoa permaneceria para sempre, como é consabido.

E, claro, tudo faria - observando os requisitos legais - para pôr termo à selvajaria praticada contra si.

Recorreria aos tribunais, órgãos próprios para o efeito, exigindo que fosse reposta a sã convivência entre pessoas civilizadas, se de outro modo impossível, então com o encerramento do blog "assassino" de carácter.

E isto porque - pensaria a senhora e com toda a razão - o problema não está em que a senhora só visita o que quer, ninguém a obrigando a entrar em blog que lhe desagrade.

E sabe porquê? Porque o mal menor é o de a senhora ver o que lhe estaria a ser feito; o mal maior, esse sim, seria o de a senhora estar a ser vítima de uma patifaria sem nome e nem sequer saber, pelo simples facto de exercer o seu inalienável direito de ignorar um blog que não lhe agrada.

É que, nessa altura, seria, como os maridos, ou as mulheres, enganados, a única que não saberia. Todos os restantes 457.862 visitantes do blog (mas apenas 1 que fosse já seria demais...) saberiam e a senhora ficaria com o indelével ferrete.

Se o "corajoso" autor do blog se mostrasse à luz do dia e, nesses termos, ainda assim fosse capaz de afirmar o que afirma sob anonimato, o fecho do blog não se justificaria, pois que a acção criminal seria suficiente para que fosse obrigado a provar o que afirmava. Se não se mostra...

Peço-lhe desculpa pelo tom em que escrevo, que não é de acinte, creia, mas apenas veemente, no sentido de alertar para algo que me parece não se conformar com a realidade das coisas. Estou certo de que concorda comigo que, para além da vida, o bem mais precioso do ser humano é a dignidade pessoal, que não pode estar assim à mercê do primeiro patife - ainda por cima cobarde - que lhe aparece pela frente.

Como já tive oportunidade de escrever antes, uma coisa é a afirmação de princípios de forma puramente académica, apenas pelo prazer de polemizar - diria, de preferência "dialectizar" - outra, bem diferente, é viver no concreto das coisas, na vida real, enfim.

Creia-me sinceramente também muito atraído pelos princípios que expôs, mas impedido de o fazer pela vida em si mesma.

Abraço, Isabel.
Cumprimentos, Anunciação.

Ruben

meninaidalina disse...

Isabel,
Não a queria ofender com o meu lado provocatório . Eu sabia que iria publicar um comentário, estava porém a " brincar convosco" . O humor nas coisas sérias também vale a pena.


Quanto às suas questões digo só:
1. Eu tenho o direito de criar sim um blog mesmo que diga essas " barbaridades", isto é , mesmo que seja caluniador.
2. Se eu escrever "barbaridades" e assinar, estas não deixam de ser barbaridades, nem a assinatura/ nick confere credibilidade extra . Assinadas ou não, são barbaridades ou se quiserem calúnias . Um blog assinado com o verdadeiro nome confere apenas e só responsabilidade ao seu autor, não lhe confere por tal facto, credibilidade extra.
3. Mesmo assim, e como pessoa, sendo para mim consideradas calúnias, não as devo censurar porque só com esses exemplos, em liberdade, é que a liberdade de escolha se forma.
A idade deu-me uma diminuição de expectativas e de zelo pedagógico face ao ser humano mas aumentou a minha tolerância. A paixão colectiva face a um tema presta-se sempre a manipulações várias e até a derivas totalitárias.
5. Liberdade é responsabilidade dirá já a Isabel. Eu contraponho novamente. Tempos houve em que não se podia falar. Nesses tempos a assinatura implicava tortura, prisão etc. e havia tribunais plenários que julgavam, conferiam legalidade à censura. Nesses tempos, muitos se calavam ou murmuravam apenas baixinho, em surdina. Podemos dizer que nesses tempos a "calúnia" estava oficializada com papel passado e carimbo de Tribunal Plenário. E era uma calúnia . Prefiro sem dúvida, por mor destes tempos passados, que nunca se constitua uma entidade zeladora das nódoas negras de alma.
6.Uma político têm como consequência da sua actividade, este lado menos agradável da liberdade. Confere-lhe o direito de em Tribunal fazer valer seus direitos, pois sem dúvida. Mas, a meus olhos, para fazer valer em Tribunal deveria de reunir um requisito prévio - fazer prova que as afirmações produzidas são falsas são uma calúnia. È a inversão do ónus da prova e perante a mesma prova , solicitar então a reparação judicial da calúnia . Pois é , eu vejo ao contrário. Assim, era bonito , limpo e transparente recorrer a Tribunal.
8.Mais ainda, este presidente da Câmara, não precisaria de providência cautelar se as decisões havidas / tomadas no exercício da sua vida política fossem transparentes para todos os cidadãos da edilidade e claras. Era a realidade que desmentia a calúnia. Ele não precisaria de mais argumentos a seu favor. Um político tem de perceber que , em nome da liberdade que todos defendemos, há sempre desfigurações de imagem que têm de ser tolerada e ignorada .
9.E Ruben , à sua pergunta directa eu respondo também directamente . SIM defenderia essa liberdade , mesmo que por causa dela e em seu nome , eu fosse a ofendida . A dignidade que todos prezamos não me advém de reforços positivos externos, nem tão pouco é abalada por ofensas externas que me são dirigidas . Aqui também vejo ao contrário, as calúnias só maculam a dignidade de quem as produz.

Eu vejo a Net como “ algo que nos deixa divinamente livres e, contudo , nos obriga a ser plenamente o que somos “ (perdoem-me a citação de Yourcenar ) , por isso a defendo assim….

Fiquem bem

I. gaspas manda beijos aos 8 patas

Unknown disse...

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Ao que vejo as coisas por aqui têm andado animadas. :)
Ainda bem, é sinal de vitalidade e de que as pessoas sabem e sentem que "quem cala, consente"...

Muito se tem dito e opinado aqui.
Com algumas afirmações estou inquestionavelmente de acordo, com outras nem tanto.
Contudo há um aspecto que ainda não vi mencionado, pelo menos de forma explícita, porque talvez ainda ninguém tenha percebido a essência do problema, como eu o vejo, no sentido em que o configuro. Ou não lhe dê suficiente importância.
Trata-se do encerramento de um espaço — os blogs são espaços, para todos os efeitos - por um determinado motivo (que não ponho em questão, de momento).

Por mais que reflicta sobre o assunto não encontro razão alguma que justifique uma medida desta natureza.

Uso um exemplo ( imaginado ) para que, por comparação, se compreenda melhor o raciocínio, com base na ideia de que um blog é um espaço. Neste exemplo o espaço é um café, mas poderia ser um jornal, uma revista, um programa de televisão, uma praia, um autocarro, o que fosse:

Alguém num determinado café, do qual é frequentador, um belo dia resolve proferir afirmações sobre a minha pessoa que atentam contra a minha dignidade, acusando-me de ser corrupto, p.ex.
Esse indivíduo 'diverte-se' a praticar esse acto diariamente, jurando até a pés juntos que tem provas e etcéteras.
Um dos presentes é meu amigo e tendo ouvido as acusações corre a avisar-me do que se passa.
Qual a minha atitude? Que faço eu? [continuo a comparação]
Ponho o snack-bar em tribunal (com uma acusação contra um desconhecido) e o tribunal encerra o snack-bar !! - e o dono, no dia imediato, abre outro na porta ao lado, onde o tal sujeito continua a ir e a fazer as mesmas afirmações...

Tenhamos bom senso. Não vale a pena tapar o sol com a peneira.
Quem está em causa é o proferidor e não o local de proferimento.
Quem deve ir a tribunal é o 'anónimo' que publicou as afirmações e não o blog.
Quem deve ser 'encerrado', sancionado, se se provar a matéria de facto, é o 'anónimo' e não o blog.

Não vale a pena mencionar o anonimato para justificar a natureza da decisão - não se sabe quem é o sujeito, fecha-se o blog e corta-se-lhe o pio... -. Ele (anonimato) é uma falsa ilusão.
Mesmo que um blog seja anónimo, e tenha sido criado com um falso registo, existem meios técnicos para as autoridades localizarem o utilizador que está por trás dele.
Como é que pensam que as polícias apanham os pedófilos ou os hackers que enxameiam a Internet? E quando/se não o fazem é porque os casos não são considerados suficientemente graves para empenhar pessoal e meios nessa acção.


Este caso da Póvoa é um exemplo de pura e simples censura e repressão ao estilo fascista. Como outros que aconteram recentemente com outros blogs.

Hoje um blog, amanhã um jornal, depois uma revista...

O que está a acontecer em Portugal é perigoso e não indicia nada de bom.

Todas as ditaduras e fascismos começaram com pequenas medidas e decisões assim, com as quais as maiorias até concordavam.

Post scriptum: Este caso é também um típico exemplo do "virar-se o feitiço contra o feiticeiro"... Certamente milhares de pessoas que nem conheciam o blog e nunca tinham ouvido falar dele, após as notícias, ficaram curiosas e foram a correr cuscar a segunda versão do dito! Há coisas que até parecem feitas intencionalmente para obterem o efeito contrário àquele que parecem sugerir... digo eu, que 'no creo en brujas...'

.

Isabel Magalhães disse...

'Dona Anunciação do Patrocínio';

Muito BOM DIA! :)

E porque é que iria eu ficar ofendida com quem tem uma opinião diferente da minha, não me dirá? A menos que eu tenha dado uma ideia errada... ;)

Vou insistir num ponto que creio não ter ficado claro. Eu não sou contra blogs anónimos, - nem contra comentários anónimos - isso é um direito de quem decide criar um nesses moldes. O que eu sou contra, assumidamente contra, é que, a coberto do anonimato ou precisamente por causa desse anonimato se calunie, insulte, injurie terceiros. (Sobre esse ponto o Ruben teve oportunidade de se pronunciar).
Apenas 'un peit rien'; para mim Liberdade é responsabilidade e a citada Transparência tem que ser um canal de duas vias. :)

Os 4 patas agradecem ao Gaspar.

Tenha um dia bom. :)

I.

João Viegas disse...

No confessionário uma Senhora diz ao Padre:
- Perdoe-me Sr. Padre que pequei.
- Que fizeste?
- Falei injustamente com maledicência da padeira, acusei-a de adultério
- Estás arrependida?
- Muito Sr. Padre, sei hoje que estava errada
- Muito bem, dar-te-ei uma penitência e se a cumprires estarás perdoada
- Que farei?
- Tendes uma almofada de penas?
- Sim
- Conheçes o cabeço chamado Pai do vento?
- Sim, é mesmo ventoso.
- Então amanhã irás pela manhã soltar ao vento todas as penas da almofada
- Só isso Sr. Padre, depois estarei perdoada Não Preciso de rezar.
- Estarás perdoada depois de recolher todas as penas para a almofada
- Mas isso é impossível!
- Talvez, é como a maledicência

Um abraço

Anónimo disse...

Quem tem provas que as apresente e que dê a cara. Denúncias anónimas deixam-me sempre de pé atrás...

Anónimo disse...

Li com interesse e permitam-me que refira que há muitos ruidos de comunicação .

Uns estão a defender um espaço net livre com virtudes e defeitos portanto, o fecho desse espaço por um Tribunal incomoda-os ; outros estão a referir-se a comportamentos individuais de quem usa esse espaço e como tal perante esse comportamento, o fecho de umespaço é a censura desse comportamento .
Meus caros comentadores nunca irão chegar a conclusões porque estão a falar de coisas diferentes face ao mesmo assunto .
É todavia, uma discussão interessante .

Unknown disse...

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Caro Anónimo (Quinta-feira, Julho 03, 2008 6:40:00 PM),

É verdade o que diz, concordo.
Têm sido aqui colocadas questões em planos díspares e mesmo, nalguns casos, antagónicos, contraditórios, em planos que não se interpenetram.
É o que se chama falar de "alhos e bugalhos".
Assim, nunca se poderá chegar a uma conclusão, claro.

Mas penso que 'tirar uma conclusão', seja esta qual for, não é o objectivo daqueles que participaram neste construtivo e pedagógico debate. Tal não terá presidido aos propósitos da maior parte dos participantes/comentadores.
Na generalidade, julgo que falo pela maioria, a intenção foi o expressar de uma opinião, livre e democraticamente - coisa que parece com tendência a evaporar-se da Internet...

O tema do post foi o mote. Cada um expressou, com mais ou menos erudição e retórica, com maior ou menor veemência e entusiasmo, a sua opinião sobre o assunto, e outros dele decorrentes.
Isto só por si deixa-nos extremamente 'orgulhosos' do trabalho que fazemos no Oeiras Local.

Conclusões... BAH!

Quem as quiser tirar, que as tire. E viva a Liberdade!
E se nos quiser dar o prazer de delas tomarmos conhecimento, o espaço para o fazer está aqui à disposição. Usem-no.

Olhe, assim a correr tiro já uma 'conclusão': Há falta de consenso nesta matéria! :)

Cumps

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Ruvasa disse...

Viva, José António!

Refiro-me ao seu primeiro comentário de Quarta-feira, Julho 02, 2008 10:04:00 PM

Concordaria totalmente consigo se o caso vertente se referisse a um anónimo que, chegado ao "café", dissesse barbaridades pelas quais o proprietário do café viesse a pagar.

Acontece, porém, que não é disso que se trata, nem é isso a que tenho estado a referir-me.

Do que se trata, é não de um aleatório desconhecido num café, mas de um anónimo, de cara tapada, proprietário do café, que sistematicamente afirma coisas horríveis acerca de terceiros, sem "motu proprio" tenho o cuidado de sequer as tentar provar ou possa a isso ser obrigado, uma vez que não está identificado.

E mais:
que, pelo que se constata, abriu o café apenas com tal propósito, já que a outros quase não se refere. Trata-se de uma obsessão, que ser-se-ia levado a classificar de doentia.

O achincalhamento de gente que tem direito a bom nome (que somos todos) por cobardes a coberto do anonimato é, quiçá, dos actos mais execráceis que o ser humano pode praticar. Porque é intrinsecamente abominável e porque, queiramos admiti-lo, ou não, é mesmo indelével, faça-se o que se fizer para o reparar. Como se diz lá para o Oriente, uma calúnia é como uma pedra atirada com gana contra o vidro de uma montra. Uma vez lançada... não mais volta atrás. E o vidro partir-se-á em milhares de pedaços. Irremediavelmente. Mesmo que se tente colá-lo, jamais voltará a ser o que era antes de a pedra com ele ter chocado.

O anonimato em si não é excomungável; pode ser mesmo a única forma de agir. O anonimato, servindo de escudo a patifarias sem nome, não pode ser aceite por nenhuma sociedade humana minimamente civilizada.

Dito de outra forma: se o anónimo detentor do blog nele desse conhecimento de comportamentos ilícitos e os provasse de forma concludente, nada a dizer contra isso; pelo contrário, seria de aplaudir. Fazê-lo, de forma leviana e altamente lesiva do bom nome alheio, porque ao abrigo do anonimato, para não ser chamado à assumpção da responsabilidade inerente, é comportamento de crápula.

Como já anteriormente tive oportunidade de referir, para devolver à questão a simplicidade inicial que a enformava antes das "derivas" surgidas - como por via de regra surgem sempre - repetirei agora:

A única forma socialmente aceitável de agir consiste em ter sempre presente que não se deve cair na tentação de, a coberto do anonimato, afirmar acerca de alguém, algo que não se tem a coragem de afirmar em frente-a-frente com o visado, na presença de testemunhas.

A isto se resume o caso. Tudo o mais que se diga é dialéctica, aqui sem justificação.

Abraço

Ruben

Ruvasa disse...

Viva, Anunciação!

""""" 9.E Ruben , à sua pergunta directa eu respondo também directamente . SIM defenderia essa liberdade , mesmo que por causa dela e em seu nome , eu fosse a ofendida . A dignidade que todos prezamos não me advém de reforços positivos externos, nem tão pouco é abalada por ofensas externas que me são dirigidas. Aqui também vejo ao contrário, as calúnias só maculam a dignidade de quem as produz. """"

Permite-me que lhe diga que, embora não pondo em crise a sinceridade do que afirma, tenho sérias dificuldades em acreditar? Obrigado por ter permitido.

Quer saber? A experiência profissional, aliada a umas boas décadas de vida, segreda-me ao ouvido que (?) Anunciação, como qualquer outro mortal, dificilmente aceitaria uma situação dessas com o fair play anunciado.

Nada há como passar pela traumatizante experiência da realidade, em contraposição à diáfana vestimenta da teoria.

Cumprimentos

Ruben

Unknown disse...

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Caro Ruben,

Compreendo o seu ponto de vista, nomeadamente a questão do anonimato e de a coberto deste os cobardes, que outro nome não têm, fazerem acusações para as quais frequentemente não têm provas.

Estamos de acordo nisso. É um comportamento indigno e execrável.

Mas há uma questão em relação à qual continuo a 'bater o pé'.

Não acredito em medidas repressivas e censórias, sejam elas quais forem, pois acho que nada têm de pedagógico e não contribuem de modo algum para educar os cidadãos no sentido destes aprenderem a viver em sã convivência e na mais 'absoluta' liberdade, com responsabilidade.

Talvez eu seja naïf...
A História, toda ela, dá-nos muitos exemplos de que o 'amordaçar a voz' nunca educou ninguém. "Não é por bater num homem que o tornamos melhor".
Pelo contrário, a censura sempre teve como único fim a intenção de coarctar a liberdade de expressão através do medo (das consequências).
E como sempre acontece, e Portugal é um bom exemplo, por muito que demore, mais tarde ou mais cedo as pessoas arrancam a mordaça (com os exageros que conhecemos).

Para mim, a questão central deste caso é a atitude censória, repressiva. É isso que está em causa e que entendo como uma modalidade fascizóide de pensamento (mentalidade).

É completamente indefensável. Não lhe encontro justificação. Ponto final.

Abraço

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