REQUALIFICAÇÃO DA PAISAGEM
Mais uma nódoa que manchava a paisagem ribeirinha do concelho de Oeiras foi eliminada. A pouco e pouco, o litoral vai sendo requalificado e recupera a gabada atracção que a memória do passado fez chegar até nós. E a qualidade de vida dos oeirenses vai, concomitantemente, melhorando. A aposta da câmara tem sido inequívoca, num esforço que até ultrapassa as suas competências e áreas de jurisdição. O objectivo é restituir o litoral à fruição da população e, simultaneamente, abrir novas frentes de desenvolvimento económico, voltadas para o lazer, a cultura e o turismo.
O litoral está, de facto, a adquirir um fácies remoçado. Onde, ainda até há poucos anos, apenas se assinalava a construção do Motel Continental (hoje do INATEL), conta-se, agora, com o passeio marítimo (obra de inegáveis sucesso e valia), o porto de abrigo ou a piscina oceânica, entre outros equipamentos e infra-estruturas dispersas e de menor visibilidade e retumbância.
E, recentemente, mais uma mazela que inquinava a paisagem da beira-rio foi eliminada: os casinhotos abarracados, sem condições de salubridade e estéticas, dos pescadores de Paço de Arcos foram substituídos por um imóvel condigno
Foi a Câmara de Oeiras que teve a iniciativa do empreendimento, onde despendeu cerca de 800 mil euros. Embora necessária, seria da sua competência a obra? O espaço ocupado encontrar-se-á sob jurisdição da Administração do Porto de Lisboa. Então não seria a este organismo autónomo que competiria efectuar a construção? Por outro lado, a actividade piscatória enquadra-se no Ministério da Agricultura e Pescas. Não caberia a este ministério a iniciativa e suportar, no todo ou em parte, os encargos decorrentes? Estar-se-á em face de um intransponível imobilismo que a autarquia, no interesse de um grupo profissional de munícipes, teve de optar por se substituir às entidades responsáveis, legal e directamente? Aliás, situações deste tipo têm-se repetido. O certo é que assim avança-se e o concelho progride. Mas questionamos se estará certa a assunção desta prática.
Jorge Miranda
jorge.o.miranda@gmail.com
Com os habituais agradecimentos ao Autor e ao Jornal da Costa do Sol pela cedência do artigo, e à revista municipal oeiras actual pelo uso da foto.
7 comentários:
Para mim, é uma verdadeira estalada sem mão que uma autarquia assuma este tipo de obras quando os outros nada fazem.
Portugal tem uma das tradições autárquicas mais importantes da Europa e penso que cada vez mais se deviam dar competências (e fundos) às Câmaras nestes domínios.
Toda a gente fala das corrupção nas autarquias e quase ninguém fala dos senhores da APL e dos ministérios, porquê? Porque os que fazem são sempre sujeitos e críticas e fiscalizações, ao passo que os que nada fazem não dão nas vistas.
É o famoso low profile tão em voga no nosso país...
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Muitas são as estratégias possíveis para angariar, garantir, votos.
É uma questão de imaginação.
Afinal, o dinheiro é dos outros - os contribuintes.
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O 'dinheiro dos contribuintes' é sempre dinheiro dos contribuintes, seja na parte aplicada pelas autarquias ou a que fica no poder central.
É sabido que o Estado se demite de muito do que é da sua competência; vejamos apenas alguns exemplos aqui no nosso concelho: o Vinho de Carcavelos e o Forte de São Lourenço da Cabeça Seca (Forte do Bugio) na parte da responsabilidade do IPAR que a Marinha toma conta e bem do património à sua guarda. Estivesse o interior do Forte do Bugio à guarda da CMO e estou certa que não se assistiria ao estado de degradação verificada aquando da visita em 2007 e cujas inúmeras fotos foram publicadas neste blog. Para os interessados basta 'Pesquisar no Blogue' uma função existente sobre o cabeçalho.
Ainda e antes de concluir, a Mata do Jamor, na sua vertente florestal também deveria pertencer à CMO que, certamente, faria um melhor trabalho.
Relativamente ao texto do Dr. Jorge Miranda apraz-me dizer que, de facto, a disponibilização da orla ribeirinha em condições de ser desfrutada pelos munícipes e visitantes é de aplaudir. Pena é que não tivesse havido mais cautela na preservação de vestígios do "Canal do
Marques" junto ao Inatel e, na minha opinião, a frente ao mar do Forte de S. João das Maias deveria ter sido deixada como estava sendo que a passagem poderia, julgo eu que não sou engenheiro, fazer-se através de túnel pela frente de terra.
Depois estou de acordo com o "Oeiras". De facto, fala-se muito de corrupção e julga-se (em tribunal) pouco, digo eu. A ver vamos com tantos casos mediáticos. E por fim deixava um desabafo. Não é esta a segunda Câmara mais rica do país? Já alguém se debruçou sobre o orçamento da autarquia. Vejam os valores cobrados directa e indirectamente através de impostos pela CMO. Pois se cobram...que façam obra sem soterrar a memória do Concelho.
Bom, se até pode ser verdade que "muitas são as estratégias possíveis para angariar, garantir, votos", não deixa de ser "dinheiro dos contribuintes" bem aplicado.
Pessoalmente, prefiro o que foi feito pela CMO, que pelos vistos não teria responsabilidade sobre a área. Seja para ganhar votos ou não, pelo menos fez-se algo minimamente condigno. Por críticas que já li, há problemas. Mas não haveria sempre?
A CMO não é só uma fonte de maus exemplos e há que saber reconhecer isso de vez em quando (como, justiça seja feita, a Isabel o fez).
Claro que "A CMO não é só uma fonte de maus exemplos"; a CMO dos últimos 20 anos fez obra, dizer o contrário é negar a evidência. Mais poderia ter sido feito? Sem dúvida! De outra forma em casos pontuais? Concerteza! Dar também prioridade às "pequenas coisas", como diz a nossa Amiga Clotilde Moreira, seria imperioso! No entanto, há muito boa gente que "bate" no PCMO - seja ele quem for - desde que seja de cor política diferente.
isso de reabilitação tem imensa piada...
lixam tudo (e todos...), durante décadas seguidas, a fio, com o fito do lucro,
Depois gastam milhões a requalificar, aquilo que destruiram e ainda fazem poema dessas macacádas estúpidas, executadas por analfabetos... ciosos do lucro e da ganância d eganhar dinheiro, mas a mãma do imobiliários está a acabar, agora se querem dinheiro, trabalhem porque o betão já não vai dar mais.
Vão pregrar solas de sapátos ou cavar couves.
Deixam de gastar mais dinheiro em requalificar, desde que não destruma mais nada.
Zéquinha de Oeiras
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