segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

"AS FARPAS"

Em 1871 era assim.
Em 2008, o que mudou????



"As Farpas" de Eça de Queirós


«O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os carácteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direcção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte: o país está perdido! »

in primeiro número de "As Farpas" 1871.


[Colaboração do Leitor Fernando Lopes Rezende]

5 comentários:

Fernando Lopes disse...

É o que eu digo...parece sina!

O Cu de Oeiras disse...

E em 1867 escreveu isto:

"ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política do acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?"

Eça de Queiroz, 1867

Oeiras disse...

Como são actuais estes textos, até mete impressão como podem ter quase 150 anos...

Isabel Magalhães disse...

Boavida;

Obrigada pelo contributo.

[]
I.

Anónimo disse...

Herdei como prenda de casamento a 2ª edição das Farpas - a 1ª foi em folhetos - ou como todos dizem a 1ª edição encadernada das Farpas. Infelizmente os reparos daquela época continuam na actualidade.

Clotilde