quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

TGV - optima reflexão


*Travar para pensar *

Experimenta ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dás contigo num comboio que só se diferenciava dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.

A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas. Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos. Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de riqueza. A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade. Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos, nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais.

O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.

É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País.

Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros podem construir-se mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas existentes (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um).

Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.

CABE(ria) ao Governo REFLECTIR.
Mas isso não está na tua mão!!!

CABE(ria) à Oposição CONTRAPOR.
Mas isso não está na tua mão!!!

CABE AOS CIDADÃOS MANIFESTAREM-SE!!!
E isso sim, ESTÁ NA TUA MÃO!!!

CABE À TUA CONSCIÊNCIA DIVULGAR .
E isso sim, ESTÁ NA TUA MÃO!!!

4 comentários:

mim disse...

E, como tal, eu manifesto-me...a favor. Quem já experimentou, não faz a distinção pela negativa, muito pelo contrário, até porque sabe como Portugal precisa de boas ligações ao "mundo". O país não se desenvolve com visões estreitas, a curto-prazo. Imagino as críticas que não terá ouvido, à época, Fontes Pereira de Melo. Tudo tem o seu lugar. A melhoria de habitação, reformas na saúde e educação, mais produtividade e melhores salários não são incompatíveis com outras melhorias. Só que há quem o não queira entender, vota no miserabilismo, sobretudo quando, como oposição, julga ser essa a forma de chegar ao poder. Por aqui fico, sem entrar em diatribes,por isso não replicarei a réplicas. Quero apenas deixar a minha opinião.

Fernando Lopes disse...

Pois eu interrogo-me. Serão os nórdicos burros e nós espertos.

Que andamos a fazer das linhas do interior, tristes e abandonadas. basta ir a Monção e olhar para o outro lado e observar o combóio galego quando a linha do Munho (pelo menos em Monção)está abandonada.

É tudo uma questão de prioridades.

No entanto, no que concerne a combóios sou daqueles que defende que não ha melhor forma de viajar (se houver conforto, é claro).
Recordo-me das idas ao Porto no Alfa e depois no Pendular (neste caso também se fez um investimento sem grande vantagem, julgo eu que não sou "engenero").

Depois, parece-me que não faz sentido parar em Valênça de Alcantara para mudar de bitola, com ou sem TGV.

Isabel Magalhães disse...

Não me sinto nada miserabilista, antes pelo contrário, mas antes de poder assumidamente dizer que sou a favor do TGV encalho nuns 'pequenos pormenores', a saber:

O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.

Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cerca de 7,5 mil milhões de euros não trará qualquer benefício à economia do País.

Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

E, depois, é tudo uma questão de prioridades. Se somos um país pobre não nos podemos permitir fazer de 'novos ricos'.

Independentemente do facto de que gosto imenso de viajar de comboio.

Unknown disse...

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Enquanto os portugueses - e os governos que elegem - não perderem este espúrio espírito de novo-rico (emigrês), esbanjador e perdulário, e não aprenderem a estabelecer prioridades com bom senso e racionalidade, aquilo que é verdadeiramente importante, útil e urgente nunca verá a luz do sol: Escolas, Hospitais, Maternidades, Centros de Saúde, Centros de Formação, etc.

É importante é comprar o carro-TGV, o telemóvel-TGV, a televisão-TGV, o portátil-TGV, a piscina-TGV, a sanita-TGV... mesmo que a putalhada lá em casa não se alimente convenientemente, não tenha agasalhos suficientes, não tenha cadernos e manuais para a escola...

Só pode querer o TGV quem é rico e se está a CAGAR para os pobres - que são quem o vai PAGAR !!

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