Pé ante pé, eles estão aí. Não se vêem, não se ouvem, mas já se começa a sentir que não estão preocupados connosco. Os interesses deles são outros.
Fecham aqui, desactivam ali, deslocalizam no outro lado. Falam do PIB, em ratios e rankings, na convergência e em projectos estruturantes, em parcerias públicas ou privadas. Falam os do governo e os empresários com o calor de salva pátrias. Aparentam que não se combinaram, mas os finalmentes são os mesmos.
O pior é que nivelam por baixo, criam sistemas sem acesso ao cidadão comum, diminuem o pouco que é de muitos e aumentam o muito que é de poucos.
Não há perspectivas para os nossos jovens, estabilidade para quem ainda tem trabalho, nem tranquilidade para os velhos. Estes até são apontados como pesos desequilibradores das contas da saúde e da segurança social.
Que País é este que se esquece dos homens e aposta, apenas, em certa classe de eleitos. Eles estão aí, repito e como disse Bertolt Brecht só quando te levarem é que compreendes que será tarde.
Clotilde Moreira
Algés
Publicado no Jornal Público em 8/7/2007 nas cartas ao Director
Publicado no Jornal Público em 8/7/2007 nas cartas ao Director
6 comentários:
Foi publicado em 2007 mas continua com actualidade.Um abraço.
m.a.r.
Ainda há dias voltei a receber o fwd
Maiakovski
Poeta russo "suicidado" após a revolução de Lenin… escreveu, ainda no início do século XX:
"Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão.
E não dizemos nada.
Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada."
Um abraço
I.
Não têm que se preocupar com emprego - está garantido.
Não têm que se preocupar com a Justiça- pois podem sempre recorrer e esperar pelas amnistias.
Não têm que se preocupar com a velhice - já têm bons hotéis preparados.
Não têm que se preocupar com a saúde - pois têm clínicas privadas
Por enquanto ainda morrem...ao fim de algum tempo.
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São muitas as versões, tantas que parece que já ninguém sabe qual a original Mas para o efeito todas são boas.
Fica aqui uma:
PRIMEIRO LEVARAM OS COMUNISTAS, MAS EU NÃO ME IMPORTEI PORQUE NÃO ERA NADA COMIGO.
EM SEGUIDA LEVARAM ALGUNS OPERÁRIOS, MAS A MIM NÃO ME AFECTOU PORQUE NÃO SOU OPERÁRIO.
DEPOIS PRENDERAM OS SINDICALISTAS, MAS EU NÃO ME INCOMODEI PORQUE NUNCA FUI SINDICALISTA.
LOGO A SEGUIR CHEGOU A VEZ DE ALGUNS PADRES, MAS COMO NÃO SOU RELIGIOSO, TAMBÉM NÃO LIGUEI.
AGORA LEVARAM-ME A MIM E QUANDO PERCEBI, JÁ ERA TARDE.
Bertolt Brecht (1898-1956)
Ou como diz o povo: "QUEM TE AVISA, TEU AMIGO É !"
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J.;
Tanto qto sei a primeira é do Maiakovski.
Tenho a colectânea, posso enviar-ta por e-mail.
[]
I.
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I.,
Desculpa mas acho que estás enganada.
São textos diferentes.
O Maiakovski morreu em 1930, antes do começo da 2ª GG.
O poema de Brecht refere-se ao nazismo hitleriano, e sempre o conheci em versões aproximadas à que aqui coloquei, e a ele atribuído.
nota: Não estou a negar que o M. tenha escrito o que publicaste. Talvez até tenha inspirado o B. O poema deste é que existe em algumas variantes, adaptadas ao gosto de cada um. Já uma vez fiz uma pesquisa e encontrei umas 3 ou 4 versões diferentes.
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