quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

EDUCAÇÃO: MAIS FACILISTISMO?



Uma das maleitas crónicas do nosso atraso estrutural é, consabidamente, a ineficiência e a improdutividade do nosso sistema educativo. Por mais voltas que se dê, por mais paixões que se manifestem, por mais governos que tenhamos, a realidade nua e crua que prepondera e persiste, «malgré tout», é o enorme desperdício de recursos para cada vez mais frustres resultados. São as más prestações escolares nas ciências exactas, são as taxas de insucesso escolar, são os elevados índices de abandono escolar.

Tudo é mau. Tudo nos exorta a reflectir e a ponderar o futuro. Com uma certeza incontornável: urge mudar de rumo.

É aqui que nasce um novo paradigma: o rigor a exigência e a disciplina devem ser as traves mestras do novo modelo educativo.

Esta é, aliás, uma ideia consensual entre todos quantos vivem e pensam a educação em Portugal. Mas será que é essa a matriz fundamental da orientação política deste governo?
Obviamente que não.

Cito apenas dois exemplos comezinhos que demonstram à saciedade o bem fundado desta minha afirmação. De um lado, o Programa Novas Oportunidades em que o governo se propõe certificar habilitações para um universo ideal estimado em 1.000.000 de pessoas até 2010, num total estimado de 9.000.000 de euros de investimento, com 500 centros de certificação. Sem que ninguém indague saber se existem formadores qualificados para tanta gente num espaço de tempo tão curto, particularmente se se quiser manter um certo nível de exigência. Do outro lado, o novo regime de avaliação dos professores, fazendo depender a classificação do sucesso escolar dos alunos, num convite descarado a premiar o facilitismo, a generosidade e a bonomia condescendente dos professores.

A pedra de toque do desenvolvimento de um País é, antes do mais, a qualificação e a excelência dos recursos humanos.

Seguramente que por este caminho não vamos lá…

Jorge Manuel Ferraz de Freitas Neto

in Povo Livre online [07-02-2008]

4 comentários:

Fernando Lopes disse...

Recordo-me por via dos fundos comunitários destinados à educação muita gente se aproveitou. E nesta ausência de fiscalização também o PSD teve pesada responsabilidade. Do PS basta-nos lembrar o caso UGT e dos responsáveis identificados com o PS.

Isabel Magalhães disse...

"A pedra de toque do desenvolvimento de um País é, antes do mais, a qualificação e a excelência dos recursos humanos."

Sem dúvida.

Anónimo disse...

O marasmo em que o Governo está a lançar a "Educação" poderia ser resolvido de uma vez e muito barato: Todos os jovens independentemente de frequentarem escolas iam recebendo todos os anos o certificado de habilitações conforme a sua idade. Quando chegassem aos 25 eram todos doutores, engenheiros etc. Poupavam dores de cabeça e frustações aos PROFESSORES, contentavam os do Ministério, melhoravam a estatísticas... Claro que apesar dos disparates acima, eu estou muito preocupada com o rumo que a Educação está a ter!
Clotilde

Anónimo disse...

Clotilde,

Excelente a sua ideia, porque com verdade Lhe digo, tanto professor sem nada fazer, assim acabava-se de uma vez com a classe, e com as greves, claro!!

Luis Miguel