OS FRANCESES… FORAM-SE?
No ano passado, as câmaras de Cascais e Oeiras decidiram assinalar os duzentos anos sobre as Invasões Francesas, numa iniciativa conjunta integrada nas Jornadas Europeias do Património. Assim, entre Setembro e Outubro, realizou-se o ciclo de conferências “Repensar as Invasões Francesas”, uma sessão de história ao vivo com a recriação de uma batalha da Guerra Peninsular e visitas guiadas às Linhas de Torres. A avaliar pela afluência de participantes, poder-se-á considerar que o programa realizado foi bem sucedido.
Mas esta foi, apenas, a primeira fase que “era parte integrante de um programa evocativo mais vasto […] que se prolongará até 2009”, conforme se escreveu no folheto de divulgação da iniciativa. No entanto, contrariando este grato propósito, e com o ano de 2008 quase a terminar, até agora nada se realizou nem consta que se vá concretizar. E, nesta perspectiva, será que, mesmo em 2009, se reata a iniciativa?
Há o compromisso assumido pelas duas câmaras – divulgado publicamente, sob a forma escrita – de desenvolver no triénio um programa evocativo. Não acreditamos – nem podemos acreditar – que a decisão tenha sido imponderada. Então, há que dar uma explicação para a falta de cumprimento do proposto.
Se o programa não se cumprir é deveras lamentável. Se, por lado, revela a inconsequência de certas decisões e coloca mal os autarcas envolvidos, coarcta ou limita, por outro, a possibilidade de se avançar na investigação da memória histórica deste período, neste espaço.
E não nos afirmem, como o fizeram, aquando do ciclo de conferências de 2007, que pouco há de relevante a assinalar nestes concelhos, em ligação com as Invasões Francesas. A intervenção de um dos participantes, que se ateve ao local, no último dia do encontro, evidenciou o contrário: demonstrou haver muitas “pontas” para desenvolver. Assim haja espaço, estímulo e apoio que é o que se nos afigura competir às autarquias, pelo menos, se não pretenderem ou não souberem ir mais além.
Será que o programa ficou só pelo desenvolvido em 2007? Então, a expectativa criada ruiu: os franceses… foram-se antes do previsto.
Jorge Miranda
(jorge.o.miranda@gmail.com)
O Oeiras Local agradece ao Autor e ao JCS a cedência do artigo
Foto: Oeiras Actual
2 comentários:
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Esta crónica de Jorge Miranda é exemplo dos problemas e obstáculos com que se debatem os investigadores de História Local.
"De boas intenções está o Inferno cheio" e quando chega a "hora da verdade", é o que se vê.
Promessas, projectos, ideias... e tudo se esfuma como se nada houvesse a dizer.
É triste. E trágico.
Porque um dia alguém escreverá esta história. E sabemos quem nela ocupará o papel de 'vilão'...
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De boas intenções... mas nãso passa diso. É como o Socrates que embandeira em arco e promete sabendo que nao poderá cumprir
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