quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PSD: Marques Mendes lamenta escolha de candidatos sem credibilidade


Marques Mendes falava durante a Universidade de Verão do PSD

O ex-líder do PSD Marques Mendes recomendou hoje ao partido que reforce as suas preocupações com a ética e voltou a defender uma lei que impeça políticos acusados ou condenados por crimes graves de se candidatarem a eleições.


"É um desafio que tenho feito a todos os partidos mas recomendaria de uma forma particular ao único partido em que tenho confiança, o meu partido, recomendaria em particular ao PSD que reforçasse cada vez mais as suas preocupações com a ética e a credibilidade da vida política", afirmou Marques Mendes, num jantar-conferência na Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo.

Apontando a falta de ética na vida política como um dos "pecados capitais" que mina e fragiliza a democracia, o antigo líder social-democrata voltou a falar das situações em que um político, autarca, deputado ou governante está condenado por um crime especialmente grave, nomeadamente corrupção ou fraude fiscal.

"Acho que a bem dele, a bem da instituição e a bem da política não deve poder candidatar-se a eleições", defendeu, ressalvando, contudo, que para si esta não é tanto uma questão de leis, apesar de em alguma situações ser "bom haver uma lei".

"Ninguém é obrigado a fazer política"
Recordando o fundador do partido que nos anos 70 disse que "a política sem ética é uma vergonha", Marques Mendes classificou esse problema como uma "questão que está a corroer a nossa democracia".

"Ninguém é obrigado a fazer política, só vem para a política quem quer mas quem vem para a política só pode estar de uma forma: com seriedade, com honestidade, com dedicação, com competência", sublinhou. Contudo, acrescentou, "não é preciso ser monge", bastando ser um exemplo de seriedade, honestidade e credibilidade. Marques Mendes reconheceu, porém, que isto nem sempre tem vindo a acontecer, tendo já existido situações que afrontam estes princípios. Por isso, preconizou, só há uma solução: "Cortar a direito, custe o que custar, doa a quem doer".

"Não pode ser de outra forma", enfatizou, considerando que só em "situações limites" será necessário uma lei, já que a maioria dos casos trata-se de uma "avaliação exclusivamente política".

"Na esmagadora maioria dos casos não é preciso nenhuma lei para colocar ética na política: basta que quem manda, quem decida, tenha a coragem de aplicar estes princípios, estes valores", declarou, recordando que nas autárquicas de 2005, quando era líder do PSD afastou alguns candidatos "em nome da credibilidade".

"Ás vezes, é preferível saber que se vai perder uma eleição mas afirmar uma linha política de credibilidade, porque as convicções e a pureza dos princípios são muito mais importantes que os sentidos de oportunidade ou as lógicas de conveniência", defendeu.

As listas eleitorais do PSD incluem dois arguidos em processos judiciais, António Preto e Helena Lopes da Costa, pelo Círculo de Lisboa, o que motivou duras críticas à direcção por parte do líder da Distrital Carlos Carreiras, entre outras pessoas ligadas ao partido.

Como outros "pecados capitais" que "minam a qualidade da democracia", o antigo líder social-democarata apontou o défice de competitividade e solidariedade, a falta de liberdade de escolha na educação, a crise na Justiça e o actual sistema eleitoral.

Expresso

9 comentários:

AFS disse...

Muito honestamente: gostei de ouvir Marques Mendes. Pena que ele seja a excepção em política. Seria, sem dúvida, um bom primeiro-ministro.

Ferreira Leite é um retrocesso civilizacional.

Isabel Magalhães disse...

André;

Muito honestamente: também gostei. Muito. E dei-lhe o meu voto quando disputou eleições.

Clotilde Moreira disse...

Não é a 1ª vez que Marques Mendes enuncia coisas que gostamos. Em 2001 no Expresso de 21 referia "os agentes políticos também são responsáveis pela fase de descrebilização que ensombra a actividade politica ... têm cultivado uma cultura de facilistismo com muitas palavras e pouca acção..."

e no discurso o 25 de Abril de 2001em Oeiras disse "...ter preocupações sobre a liberdade sem ideia de responsabilidade e ideia de democracia sem autoridade..."

Clotilde

Isabel Magalhães disse...

Clotilde;

Subscrevo.

Anónimo disse...

Só é pena que Marques Mendes tenha sido Presidente da Ass. Municipal de Oeiras durante tantos anos, que por sua vez é o órgão fiscalizador da Câmara Municipal e tenha pactuado com as alarvidades do Tio Tino….Só quando o Tino se tornou um inconveniente para as suas aspirações pessoais é que foi descartado e bem….

Jorge Pinheiro disse...

Não se pode deixar de concordar com o orador antecedente, seja quem fôr. Depois de se deixar de ser político no activo (se é que isso existe), falam todos bem.

AFS disse...

«O ex-líder parlamentar do PSD Paulo Rangel criticou hoje os "paladinos da ética" que defendem que um arguido não deve candidato a eleições, manifestando-se "totalmente solidário" com a direcção do partido no processo de constituição das listas às legislativas.»

Fantástico.

Anónimo disse...

PRETo e HLCosta já estão acusados. E vão a julgamento. Podem ser condenados. O preto já em Outubro. O Rangelo não tem razão iooooo.

Cidadão disse...

Não era este tipo que era o Presidente do PSd quando se deu aquela bronca dos duzentos e tal mil euros que a Somague pagou de publicidade ao partido? Já agora gostava de saber em que condições ele arranjou o terreno em Caxias para fazer a moradia! E a onde é que foi pedir emprestado o dinheiro para a fazer e se já o pagou.Transparência é transparência em todo o lado.É que falar do vizinho e não olhar para o umbigo é mau!

O Cidadão