sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

TERRAS DE PÃO

Ouvimos e lemos que o preço do trigo está a subir. Que atrás desta subida virão os inevitáveis aumentos do pão e outros artigos elementares. A crise ter-se-à instalado na América e poderia alastrar ao resto do mundo. Apesar da Europa continuar a produzir cereais para o mercado (não sei se para fazer biodeasel) Portugal apenas produz 20% das suas necessidades.
Sabemos que o "progresso" nos diz que é mais fácil importar que produzir.
Contudo, vão-se perdendo as melhores terras do Concelho. Inevitável, dirão alguns.
...

Perto da Ribeira de Porto Salvo na Freguesia de Paço de Arcos

17 comentários:

Anónimo disse...

Quando eu era pequena 1944... onde é a Bibl. de Oeiras/SMAS eram uns campos de cereais - trigo? - de um Canas. Muitas vezes atravessámos esses campos para ir de P.Arcos a Oeiras e havia também as vacarias de onde vinha o leite que bebiamos. Depois fizeram o bairro dos corações. Agora é o betão com vista para o mar.Tempos modernos.

Clotilde

Unknown disse...

.

Caro Fernando,

Importar é mais fácil que produzir, é claro. Mas é também mais caro, pelo menos a longo prazo, digam o que disserem. E está sujeito a problemas desta natureza. Os preços dependem das importações e se o valor de mercado aumenta...

Quantos às terras julgo que já quase nada se pode fazer. Mesmo que se paralisasse totalmente a construção de novas urbanizações e edifícios, o que foi feito não pode ser desfeito, é claro.
Já não podemos demolir os prédios e transformar de novo o concelho naquilo que ele era, um concelho agrícola.

Parece-me que a única coisa a fazer é tentar preservar o pouco que ainda resta.

Abraço

.

Mário disse...

Se é verdade o que diz - o abandono dos campos -, quem, nos dias de hoje, quer se dedicar à agricultura ?
Faz lembrar-me uma história, certa vez na Alemanha, em que um(a) deputado(a) d'Os Verdes alemães, perante algumas atitudes supostamente ecológicas de parte da população, desabafou:
- "Todos querem voltar para o campo, mas de carro!"

Abraço

Fernando Lopes disse...

Olá Clotilde

Não sei se será saudosismo. Talvez.
Mas como dizia a Clotilde há bem pouco tempo..."as memórias são o alicerce do futuro". Concordo consigo,valha isso o que valer.

Jose António

O problema é que as gerações vondouras (se tiverem acesso à memória) irão dizer algo sobre o que fizemos ou deixámos fazer, de bom e de mau.
O PDM de Oeiras vai ser revisto este ano. Veremos o que vai suceder.
Não podemos demolir o que já foi feito. Claro se isso prejudicar as pessoas. Estamos de acordo. Mas olhe que o betão também se implode.
Em boa verdade a imagem fala de construir mais...e mais. Fala de terra que levou milhares de anos (senão milhões) a "fabricar-se". Das melhores terras de trigo, basta olhar. Basta ir ao google e viajar até às imediações de muitas vilas e cidades europeias onde o território agrícola é compatibilizado com o urbano.
Enfim...esta reflexão tinha pano para mangas...mas ninguém dá ouvidos ao Arq. Ribeiro Teles. Coitado...está velhinho!

Isabel Magalhães disse...

"está velhinho!"

Mas antes de estar não estava e ninguém lhe deu ouvidos.

Anónimo disse...

... mas alguém terá de semear as batatas (em sentido lato) para os tais que um dia virão (ou talvez não) habitar nos tais muitos blocos de "apartements". Quem virá? Serão outros suevos ou cartagineses. É que a natalidade está a baixar na Europa e cá neste País.

Lembram-se do Josué de Castro na Geopolitica da Fome? Queiram o trigo para não baixar o preço...
Clotilde

Fernando Lopes disse...

Ao Mário

Eu bem gostava de estar a usar metáforas. Mas durante séculos este Concelho foi rico do ponto de vista agrícola. Eu sei que vamos ter a memória na Quinta de Cima do Marques, com o replantio de cereais, vinha (ja em produção), azeite (oliveiras espalhadas pelo Concelho), mas isso não basta.
Sabe eu nasci em Oeiras e assisti à transformação. É claro que ninguém esta contra o "progresso". Mas progresso nem sempre é desenvolvimento...sustentável (este palavrão que anda na boca de todos quer dizer isso mesmo...é que sem as "batatas" não sobrevivemos. O Concelho pode contemplar os diversos sectores de actividade (claro que a agricultura terá que ser moderna). Não há quem queira pegar na enxada? Lá isso tem razão. Há muitos que quando veem uma enxada põem-se logo a cavar.
Tempos virão
PS: Já agora porque não havemos de voltar ao campo de carro. Não tem que ser de bois...mas pode ser ecológico.

Unknown disse...

.

Caro Fernando,

Talvez seja eu que não estou a perceber a sua ideia: "Não podemos demolir o que já foi feito. Claro se isso prejudicar as pessoas. Estamos de acordo. Mas olhe que o betão também se implode."

Parece-me que há aqui uma óbvia contradição.
Não quer "prejudicar as pessoas" mas propõe "implodir o betão"...!

Suponhamos que decidia reconverter o concelho em agrícola demolindo os prédios (proposta sua).
O que é que fazia às dezenhas de milhar de munícipes que vivem nesses prédios e têm a vida aqui organizada (nem que seja para virem cá apenas dormir, porque trabalham noutro lado)?

Corria com eles para fora do concelho e demolia as urbanizações?
Tenhamos bom senso. O que está construído não pode ser demolido porque está HABITADO - salvo raras excepções.

A única possibilidade é daqui para a frente planear bem as coisas de forma a não ocupar os poucos terrenos agrícolas que ainda sobrevivem e dar a estes a utilidade (agrícola) possível.
Quanto às urbanizações, talvez esperar que daqui a 100 anos estejam desabitadas e em estado de vir abaixo e haja alguém que se proponha utilizá-las para a agricultura e/ou pecuária...

Abraço

.

Mário disse...

fernando Lopes,
talvez eu não tenha escolhido o melhor exemplo...
Usei-o porque estava a pensar nas pessoas que defendem o campo e a vida campestre, mas depois, na prática, não abdicam dos "luxos" proporcionados pela modernidade citadina (eu incluído) e que não passa por ter ou não ter carro e/ou viajar pelo país e apreciar as belezas que temos!
Nem a mecanização ou implemento da agricultura passa pelos subúrbios (?!)
O exemplo que dá do estrangeiro não me parece correcto se estamos a falar de grandes urbes - e conheço algumas -, embora reconheça haver outra atitude cívica e ambiental; jardins e parques/espaços públicos mais bem cuidados, etc.
Perguntar-me-á se eu não posso fazer uma vida dita 'moderna' na aldeia ?
Diga-me onde, e eu irei lá morar!
Basta ver todos os dias nas notícias: fecho de centros de saúde, de postos de GNR, falta de emprego, etc.
E já não estamos a falar de aldeias isoladas que nada têm, mas de vilas e pequenas cidades do interior, e que lhes vão tirando o pouco que lá há!
E ainda há quem se admire da litorização vs. desertificação do país!
Também não concordo com a política de betão e deveremos proteger os poucos espaços restantes, mas, e sabendo que há muita coisa a melhorar em Oeiras (e muitas batalhas por travar), olhamos para os concelhos vizinhos e parece vivermos num oásis!
Em conversa com amigos, basta dizer que moro "na linha" para logo me dizerem...sortudo! :D

Fernando Lopes disse...

Caro José António

De facto não consegui transmitir o meu pensamento. E um erro na comunicação da ideia paga-se caro.
De pragmático (em certos sectores pouco relacionados) tranformei-me em "arrasa habitações". Nada disso. O exemplo que pretendi dar era o do nosso insuspeito 1º Ministro que utilizou publicamente essa tecnica de engenheiro (carregou no botão)em Tróia...e puf. Ou seja, lá deitar a baixo o betão é possível. Depois nem consigo imaginar-me a viver numa tenda depois de terem deitado a minha casa a baixo e a de cerc de 160000 oierenses. Parece-me óbvio que é daqui para a frente, corrigindo o que for possível do passado errado, que se deve planear de forma sustentada. Daí o PDM que está a chegar reformulado. Será que vai comtemplar as suas e as minhas humildes pretensões?
PS: Já agora. Creio não ser necessário esperar 100 anos para deitar a baixo o que estiver a gerar problemas.Em França, ao que julgo, já se propõem fazer isso aos "boulevards" construídos pelos portugueses nos anos 60.

Abraço tb.

Fernando Lopes disse...

Ao Mário

A vida e as pessoas são tb feitas de contradições. Que venha quem atire a primeira pedra (alguns políticos a parte)
Vamos por partes. Claro que ninguém quer perder da civilização o avanço (tantas vezes retrocesso) alcançado. Água, saneamento básico acesso a recursos de saúde, alimentar (as hortas não chegam)cultural, etc...
O insuspeito de não saber do que gala - Arq. Ribeiro Teles...diz na Revista de Oeiras, n.º 94, "As grandes civilizações viveram sempre com uma ligação da cidade ao campo" e mais adiante "Lembro-me que a cidade de Chicago, em 2006, inaugurou 26 mercados para venda de hortaliças produzidas na própria cidade. Isso cá..." (sic)
O nosso Concelho não tem que perder a vertente agrícola (ainda resta alguma coisa)e também concordo consigo que é preciso dar mais condições ao interior e investir lá, seja nas culturas intensivas ou extensivas, seja de comestíveis ou de otra produção útil ao homem e à ecomomia. La estou eu a armar em "enginero".
Falemos a sério...essa do Oásis? Desculpará, mas outros já falaram dele e referiam-se ao país.
Eu também gosto de viver em Oeiras e estou certo que não vai ser aquilo que eu gostaria, nem provavelmente aquilo que o caro interlocutor gostaria que fosse. Mas que o debate e depois a obra são precisos, nestas e noutras "matérias", lá isso é verdade.
PS: Não há muito tempo instalou-se a ideia, já perdida ao que julgo, que no interior do país é que se vivia bem - mais acessibilidades, custo de vida, coisinhas da natureza. Será que tão inevitável o fim do mundo agrário
Perdoará o arrazoado...a uma hora de insónia.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Afinal Oeiras tem sido alvo de uma terrivel colonização, feita em geral, pelos imigrantes nacionais e estrangeiros.

São esses que defendem, a destruição, em favor do lucro fácil.

Temos aqui no centro da Europa, excelentes exemplos combinados, entre agricultura, tecnologia, urbanismo e industria, quem vai a Bruxelas com frequência e há vários anos, no início da pista do aeroporto, temos vacas a pastar.

Não me choca, esse modelo de progresso que se vê, na Suécia, Holanda e outros países de gente bem mais culta e inteligente.

O mais curioso, é que quando me desloca à provincia, vejo os de lá, que vivem cá, a dizer que lá é que é bom, é onde se está bem.

Afinal em que ficamos?

Entretanto o Isaltino e os seus amigos, vão destruindo o concelho de Oeiras.

E não destróem mais, porque alguns proprietários, nascidos em Oeiras, não lhes vendem as quintas que herdaram dos seus antepassados.

Anónimo disse...

Meus amigos,

A cultura civilizacional, que a humanidade (crítica) dispõe, já nos permite hoje, saber distinguri, ocupação e exploração de desenvolvimento sustentado.

Parece-nos que aqui em Oeiras isso não é conhecido, mas também recordo, que qualquer um dos concelhos em torno de Oeiras é bem pior, a questão é a seguinte: será que devemos alinhar pelo modelo que seguiu Loures e Sintra, ou temos competências para corrigor os erros que temos vindo nós a fazer em Oeiras.

Não esquer que ocupação não é desenvolvimento.

E que deixamos nós, depois para os vossos filhos e netos, betão para comer?

Os bolsos cheios de dinheiro, ao Isaltno e ao Algavio, e arquitetos que comem na mesma malga?

Isabel Magalhães disse...

Vou começar por dizer que sou contra a carga de betão em excesso, sem a devida salvaguarda de espaços verdes, sem critérios na construção em relação à orientação solar, sem estacionamentos, sem infraestruturas adequadas ao número de habitantes, etc. e aqui abro um parenteses para lembrar os que não estão recenceados nas freguesias e se esquecem que os serviços, - centros de saúde, correios, transportes e outros - são feitos em função do número de habitantes para poderem funcionar cabalmente fecho parenteses.

Pretender que Oeiras deixasse de ser uma mera estação da CP entre Lisboa e Cascais e atingisse o grau de desenvolvimento que conhecemos, sem o contributo dos tais 'imigrantes' nacionais, das pequenas e médias empresas, das universidades, etc. é pura utopia porque tanto quanto eu sei, - ou imagino saber - as pessoas terão que ter uma habitação, um tecto, instalações...

(Este pequeno aparte é dedicado a um 'anónimo' que vem aqui frequentemente manifestar-se contra os que não são naturais do concelho de Oeiras. Gostaria também de lembrar ao 'caro anónimo' que na antiga URSS é que as populações estavam impedidas de se deslocarem e irem habitar outras zonas sem que o estado autorizasse, pois em todo o seu 'discurso' só lhe falta dizer que apoia 'fronteiras' em Oeiras com o respectivo passaporte.)

Claro que o modelo que vemos no campo, em França, e não só, seria muito mais agradável, a todos os níveis, e refiro-me à habitação em moradia, de um ou dois pisos o máximo, unifamiliar, geminada, ou mesmo em banda, mas a França dispõe de espaço, 'área' coisa que o concelho de Oeiras não tem.

Ainda em relação ao supra citado 'anónimo' acabei de me lembrar dos 'AMISH' mas esses vivem nos USA e no Canadá onde muito bem sabemos que espaço é coisa que também não falta.

Para terminar, subscrevo o que diz, e muito bem, o meu amigo José A. Baptista

"A única possibilidade é daqui para a frente planear bem as coisas de forma a não ocupar os poucos terrenos agrícolas que ainda sobrevivem e dar a estes a utilidade (agrícola) possível."

A menos que haja um 'Onze de Setembro' no concelho de Oeiras e então podemos todos, - os que sobrarem - começar 'from scratch'...

Anónimo disse...

Amiga Isabel Magalhães,

Com todo o respeito, permita-me o trato.

Penso que desde logo sustentamos conceitos diversos. Ocupação, não é desenvolvimento.
É necessário saber equilibrar as coisas.

O concelho de Oeiras, enquanto território, não tem a ver com Oeiras vila ou lugar.
Logo, o concelho de Oeiras, nunca foi uma estação entre Cascais e Lisboa, a vila de Oeiras talvez.

Este concelho (o de Oeiras) sempre teve uma vida própria, cresceu e desenvolveu-se (ao longo de milhares de anos) com inúmeras actividades, à luz do modelo actual, aquelas que denominamos sociais e económicas, com indústrias, agricultura e pescas, nele existiram das primeiras fábricas de ferrarias e até de pólvoras, o primeiro aeródromo, os primeiros aviões, a primeira estação rádio naval, a primeira estação emissora de radiodifusão, e muitas outras actividades económicas e também culturais e sociais.

O fenómeno da emigração que referi, passa necessariamente, não por uma opção de liberdade de movimentos de massas (contrário nos países da cortina de ferro) mas por uma incapacidade estrutural deste país (Portugal) e dos seus governantes, de há séculos a esta parte, nunca terem conseguido promover e sustentar, adequadas políticas de ordenamento e desenvolvimento integrado do país, como um todo, ao invés de coitos e caciques.
Ou seja, quem natural e biologicamente nasce no Minho, não tenha de emigrar para Lisboa ou Porto ou outro lugar, para ter qualidade de vida, ou condições de vida com mais dignidade, e isso nunca aconteceu, infelizmente.

As pessoas emigram, na busca de casa e de trabalho. Justamente aquilo que os jovens que nascem no concelho de Oeiras, não conseguem obter nos dias de hoje (os meus filhos não conseguiram, nenhum deles e tenho 4, veja bem) pergunto, e os seus conseguiram? - Ao menos uma habitação, eu sinceramente espero que sim!

A opção de emigrar e ser imigrante em outro lugar, deve ser uma decisão de mobilidade e nunca um imperativo humano e social de mera sobrevivência económica, por escassez de oportunidades iguais, conferidas a todos. Se assim tivesse sido, não estaríamos agora cerca de 1/3 da população a viver na região de Lisboa, tal como não crescia a desertificação do interior do Nosso país (o seu e meu). Quantos portugueses tiveram de emigrar e ser imigrantes, para poderem viver, comer e dormir com condições humanas, para terem um quarto e um colchão (sem ser de palha) e comerem um prato de sopa. Eu fui imigrante e no estrangeiro, porque nem Portugal, nem Oeiras, me conseguiram dar qualificação e trabalho.

Este é o ponto, pois assim, mal estivada, a «jangada de pedra» pode virar e nunca mais voltar a navegar.

Com os meus respeitos e apreço.

Dialogar, sem má-fé e sem más interpretações.

Isabel Magalhães disse...

Caro anónimo [16:01]

Penso, espero, que não me esteja a acusar de 'má-fé' porque a minha resposta, em consciência, nem era para si mas para um outro anónimo que aqui vem, frequentemente, manifestar-se contra todos os que aqui habitam mas não nasceram no concelho. A menos que, o 'caro anónimo' seja também o outro 'anónimo' o que vem confundir bastante o diálogo. (As tais consequências de algumas pessoas terem relutância em 'dar a cara'...)

Posto isto, o que expõe acima é, como facilmente perceberá, parcialmente alheio ao que eu escrevi. O meu comentário refere-se a betão, construção, explosão demográfica, por ai fora...

Já agora, e salvo melhor opinião, - a sua talvez - nem todas as pessoas que escolheram viver neste concelho o fizeram por falta de condições nos locais de origem, mas porque sim, porque lhes apetece, porque têm esse direito, porque lhes agrada viver no 'campo' ao pé da praia, porque como alguém tb disse acima este é o melhor concelho dos arredores de Lisboa, porque, - como eu - não gostam de viver nas grandes cidades.

E termino exctamente com o mesmo raciocínio do meu comentário anterior: é preciso um planeamento cuidado na construição para não se continuar a destruir a paisagem e a reduzir a qualidade de vida.

Será que isto é difícil de entender?

As minhas saudações digitais.

Anónimo disse...

Cara Isabel Magalhães,

Se assim prefere, para salvaguardar equívocos, eu serei o: 16:01 UTC

Estou absolutamente de acordo consigo, e para tanto, reitero a minha análise, ocupação não significa progresso, ao invés.

Pelo que, e neste momento, é determinate reequacionar o modelo urbano que nos tem sido imposto, não só em Oeiras (com as consequências que refere) como em toda a região metropolitana de Lisboa (que é um caos).

Estamos absolutamente de acordo, eu não vivo bem em Oeiras, ao ter de conviver, com o caos de Sintra e dos outros concelho limítrofes.

Eu não escolhi ao vir viver para o concelho de Oeiras, nasci aqui, faz mais de 65 anos. Essa opção eu não a tive. Foi um legado se assim quisermos.

A afirmação ao dizer que este é o melhor concelho dos arredores de Lisboa, é no mínimo curiosa, tudo é relativo. Pois o concelho de Oeiras, em breve será bem pior do que a Av. Almirante Reis ou a Praça da Alegria, em hora de ponta, dentro de Lisboa, é tudo uma questão de mais uns 5 a 10 ou 15 anos. Para lá caminha.

Então deixará de ser o território aprazível que foi não na sua, mas certamente na minha juventude, apenas porque aqui nasci. E eu, também não quero viver em nenhuma cidade.
Gostava de ver preservado, desenvolvido e sustentado de forma social e inteligente, a terra que me viu nascer e onde sepultei os meus pais e avós (porque também eles, não tinham outro lugar para repousar).

Infelizmente, para mim, eu não tenho outra terra, nem outra referência além desta.

Em conclusão: ambos ambicionamos, preservar aquilo que já se tornou inalcançável, a sustentabilidade e o desenvolvimento integrado e cuidado, do concelho de Oeiras, em harmonia, com os restantes concelhos da Nossa região (porque eu não quero o mal de ninguém, queria igual para todos) simplesmente a qualidade de vida e o bem-estar social.

Na minha rua, as pessoas do meu bairro (velhos com 90 anos, com filhos de 70 e netos de 50 anos), todos eles continuam a viver em ruas sem passeios, em habitações sem casas de banho (com pia), sem jardins, habitações frias e seculares de paredes de pedra e soalhos de madeira podre. Lugares onde nunca se desenvolveram políticas de habitação social nem de requalificação urbana. Lugares devotados ao abandono, durante séculos.

Em frente, nos novos prédios de 10 andares, tem passeios de calçada, alguns (insuficientes) estacionamentos para automóveis, tem casas de banho, sanitas e pequenos jardins, com baloiços que os meus filhos e netos nunca tiveram.

No fundo, todos somos munícipes do concelho de Oeiras, uns mais, outros menos.

Com consideração e respeito pelos seus pontos de vista, que eu compreendo, mas de facto, vivemos realidades diferentes, neste mesmo concelho, o de Oeiras.