CM 08 Agosto 2009 - 00h30
Pensar Alto
Este governo sofre do complexo-lantejoula. Muito baile tecnológico, deslumbre Magalhístico, salões Simplex’s. Poucas reformas transformadoras. Essas não enchem o olho. Demoram e são laboriosas. A justiça é um exemplo. A saúde mental é um caso.
O executivo anunciou, com o habitual lustre, que retiraria os doentes mentais dos hospitais psiquiátricos e reinseri-los-ia na sociedade, seguindo as melhores práticas. Agora, revelam-se as reais intenções. Dezenas desses desinstitucionalizados, muitos incapazes, foram largados num lar com 40 pessoas de lotação e que albergava 142. Várias na cave. Cuidadas por pessoal sem formação. Idosos e doentes crónicos amontoados tipo aviário. Enfim, mais um lobo vestido de cordeiro: esta reforma diz-se moderna mas visa poupar à custa dos mais frágeis. Entretanto, persiste a ausência de respostas para maioria das pessoas com doença mental grave.
O melhor barómetro duma civilização é a forma como lida com os que não conseguem reclamar. Aliás, o século XX travou o "tratamento" de doentes mentais como animais, até então vistos como destituídos da essência humana (razão ou alma). Mas o governo recua para a Idade Média ao mandar os sem-voz para as trevas e caves. E, nesses quartos-escuros, pouco ilumina o cintilar das lantejoulas.
Joana Amaral Dias, Docente universitária (pensaalto@gmail.com)
O executivo anunciou, com o habitual lustre, que retiraria os doentes mentais dos hospitais psiquiátricos e reinseri-los-ia na sociedade, seguindo as melhores práticas. Agora, revelam-se as reais intenções. Dezenas desses desinstitucionalizados, muitos incapazes, foram largados num lar com 40 pessoas de lotação e que albergava 142. Várias na cave. Cuidadas por pessoal sem formação. Idosos e doentes crónicos amontoados tipo aviário. Enfim, mais um lobo vestido de cordeiro: esta reforma diz-se moderna mas visa poupar à custa dos mais frágeis. Entretanto, persiste a ausência de respostas para maioria das pessoas com doença mental grave.
O melhor barómetro duma civilização é a forma como lida com os que não conseguem reclamar. Aliás, o século XX travou o "tratamento" de doentes mentais como animais, até então vistos como destituídos da essência humana (razão ou alma). Mas o governo recua para a Idade Média ao mandar os sem-voz para as trevas e caves. E, nesses quartos-escuros, pouco ilumina o cintilar das lantejoulas.
Joana Amaral Dias, Docente universitária (pensaalto@gmail.com)
9 comentários:
Ena! Ao que isto chegou!!! Agora até esta do BE já tem direito a coluna no OL!!! É a viragem à esquerda e em força do Oeiras Local. Votos de muito sucesso por esses lados...
Caro anónimo das 11:12;
Deve estar aqui de passagem.
Se há coisa que este blogue tem de diferente é ser pluralista.
Já li aqui críticas e elogios ao PSD, PS, PCP, BE e IOMAF (este, quanto aos elogios, menos por motivos óbvios, a não ser que o leitor, superficial na observação, seja utilizador do passeio marítimo ou do SATU e isto lhe baste).
Infelizmente existem alguns que fazem questão de ter 'coluna' por más razões.
Foi mesmo a sua primeira vez de visita ao OL, certo?
JC
Há 'gente' (tenho dificuldade em chamar-lhes pessoas) que na falta de conhecimento e na ausência de ocupação carregam nas teclas e só escrevem cretinices.
Se conhecessem a realidade dos Hospitais Psiquiátricos, se soubessem como eram em 1975 e que desde então pouco foi feito em prol desses doentes, - além de realojá-los nos tais 'lares' sobrelotados - se soubessem a realidade diária dos doentes do foro psiquiátrico não se entretinham, repito, a escrever cretinices.
A mim, é-me completamente indiferente a cor política de quem denuncia estas situações. A mim, enquanto cidadã, o que eu quero é que o governo, - os governos - estejam atentos.
Em 1974, tomei conhecimento dessa realidade por motivos de trabalho. Fiz a tradução de "JÚLIO DE MATOS... HOSPITAL?", um filme / documentário realizado por José Carlos Marques, à época ainda aluno de medicina.
Nesse mesmo ano o filme foi apresentado extra-programa no Festival de Cinema de Santarém.
Em 1976 foi premiado com a 'LABEL DE QUALITÉ' -
'8èmes RENCONTRES NACIONALES DU CINEMA DES JEUNES AUTEURS à BELFOR' e posteriormente considerado 'não-adequado' para passar na RTP1.
Na década de 90 foi exibido na Cinenateca Nacional a abrir o ciclo 'Frederick Wiseman' que apresentou 'Titicut Follies', um filme também rodado numa instituição psiquiátrica, banido nos E.U.A. por razões políticas e que é a obra mais célebre do documentarista norte-americano.
De 'JÚLIO DE MATOS... HOSPITAL?' escreveram-se coisas como:
- 'Depósito para aqueles que nos incomodam';
- 'Um filme duro; é na verdade um filme duro, cru, nu, como a realidade aí descrita é dura, crua e nua';
- 'Uma descida ao Inferno em super 8mm';
- 'Uma fosse sinistra';
- 'Um campo de concentração na Av. do Brasil?';
- 'Uma sociedade para todos? Um lugar para si?'
Nota: Onde escrevi 'fosse' queria, obviamente, escrever 'fossa'.
Ó menina Joana:
Tenho a impressão de que a menina devia era andar a passar desfiles de moda (felizmente parece ter corpo e carinha para isso) em vez de andar a armar aos cucos como política: então agora a culpa de se enfiarem 142 idosos numa instituição com lotação de 40 também é do governo?
Isso fica-lhe quase tão mal como andar a dizer que foi convidada para integrar as listas do PS, como se a menina fosse alguém já conhecido antes desse episódio. Serviu de publicidade, lá isso serviu: mais uma vez apelando à sua boa figura, agora não há português que se preze que não conheça quem a menina é:
"olha, aquela boazona que o PS quis aliciar..."
É que, infelizmente, ninguém a conhece por mais nada, porque ideias, zero.
E olhe que eu até simpatizo com o seu partido, é pena...
Oeiras: O seu comentário é digno de figurar nos anais da história das “calinadas” do blog OL, que como todos sabemos é longo e tem elementos de peso .
Olhe lá ó menino Oeiras: quem tem falta de ideias é Vexa que resolveu debitar um "chorrilho" de asneiras machistas, para além de revelar uma total ignorância sobre o assunto.
Claro que é culpa do governo pelas politicazinhas sociais que adopta. Senão diga lá: A inexistência de unidades residênciais protegidas para doentes mentais, que são poucas para as necessidades, obriga-os muitas vezes a viverem "ad- eterno" em Hospitais Psiquiátricos sem o mínimo de condições .
Depois, como querem acabar com o Miguel Bombarda, porque os terrenos são valiosos, transferem-nos para lares de idosos “ à molhada e fé em Deus”. Mas, há sempre um “mas” à espera que nos obriga a pensar e não a debitar o desconhecimento de quem não sabe o que diz.
Estes lares são licenciados e inspeccionados pela Segurança Social, mas veja lá se percebe o paradoxo: Como os doentes institucionalizados em Hospitais Psiquiátricos só tem a sua reforma, não têem capacidade económica para pagarem os lares para onde foram transferidos. Mas quem suportará esse diferencial? Pois a Segurança Social que assim está indirectamente/directamente a subsidiar os lares comerciais. Depois fecha-os porque estão sobrelotados.
E o sr. Oeiras, erudito na matéria acha que o Governo nada têm a ver.
Olhe ... Sabe que mais? Estamos fartos de propaganda e de gente que tem a cabeça em cima dos ombros sómente para enfeitar.
Já agora, deixe de comentar o acessório e passe a comentar o essencial.... Se conseguir fazer a distinção, o que duvido.
Ressalvo:
só têm;
não têm;
nada tem.
Oh Sra da Anunciação bem vinda à democracia.
Porque os Blocos de Esquerda de tão habituados que estão a serem comunistas (trotsquistas ou não) estão pouco habituados a que discordem das suas opiniões e têm que ser confrontados com outras.
Subscrevo a opinião do(a) OEIRAS quanto à Joaninha que realmente é bonitinha.
Sobre a matéria abordada pelo artigo da JAD era bom saber o que é que a CMO e as IPSS's do concelho de Oeiras têm (ou não têm) feito ao longo dos anos! Que equipamentos foram construídos e quantas pessoas idosas são assistidas (principalmente os que menos posses têm)? Quantos idosos existirão em lista de espera para terem assistência num lar que não seja privado? E aqui a CMO como as IPSS's, a começar pela Santa Casa da Misericordia (gerida por gente do PSD), não podem assobiar para o lado ...
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