A propósito da localização da Fundação Champalimaud nos terrenos da antiga Escola de Pesca em Pedrouços e do que tem sido escrito na imprensa sobre o caso (já é um caso) confesso que inicialmente achei que existiria algum fundamentalismo na escrita do Miguel Sousa Tavares e da Clara Ferreira Alves, esta mais contundente em artigo no jornal 'Expresso' ao criticar, como o têm feito, a localização do complexo.
Agora que o avanço da obra começa a revelar a sua volumetria (a altura destaca-se como se pode ver nas fotos) não posso deixar de concordar com algumas das críticas que têm sido feitas.
Tenho o máximo respeito pela Drª Leonor Beleza, personalidade com serviços relevantes prestados ao país e que sempre pautou a sua actuação enquanto interveniente política por valores de honestidade e ética irrepreensíveis. Considero o Sr. António Champalimaud o maior empresário português de todos os tempos. A discrição foi sempre uma das suas características principais. Não creio que ele aprovasse a localização deste projecto pela polémica logo a partir das suas... fundações. Creio que a Drª Leonor Beleza poderia ter evitado esta exposição aceitando outras propostas de localização da Fundação sabendo que qualquer construção junto das margens do rio Tejo tem provocado sempre grande contestação na opinião pública.
A Câmara Municipal de Lisboa, que tanto mal tem feito ao rio Tejo e aos cidadãos que adoram o Seu rio, tem também aqui uma grande quota parte de responsabilidade.
Nos últimos anos emparedou o rio Tejo com o edifício no Cais do Sodré onde foi instalada a Agência Europeia de Segurança Marítima, o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência e mantém o apoio à extensão do terminal de contentores de Alcântara (não esqueço o hotel junto da Doca de Belém, mas será a excepção por ser a edificação que menos choca pela arquitectura minimalista e perpendicularidade em relação ao rio).
"Pobre Tejo Emparedado"
2 comentários:
João Salgueiro,
O Tejo será qualquer dia um fio de água com tantos projectos para as suas margens.
Quando era miúda o Tejo aqui em Algés chegava quase à linha do combóio. Disseram-me há dias que a APL ganhou milhões a autorizar entulhos a serem aqui depositados
e assim nasceu esta larga margem que todos querem aproveitar (?)/betonizar.
Clotilde
João Salgueiro;
Bem lembrado; estas coisas têm que ser exaustivamente divulgadas. Até fui reler o artigo da CFA que, a certo ponto, também acha estranho:
«fica junto à Torre de Belém "onde o rio se encontra com o oceano Atlântico".»
E eu a pensar que a barra do Tejo era alí por alturas do Forte de S. Julião da Barra.
:D
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