sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

CHOVEM "GATOS E CÃES"

Recebemos muitos de nós, por mail, um apelo no sentido de manifestarmos o nosso desagrado às forças vivas da Freguesia de Campia e do Concelho de Vouzela pelo tratamento que estará a ser reservado aos gatos por altura do Carnaval. O texto refere o seguinte:

“Caros amigos dos animais! Chegou a hora de acabar com uma tradição primitiva e cruel que serve apenas para divertir uns quantos sádicos. Acontece em Campia, uma pequena aldeia do concelho de Vouzela em Viseu. No dia de carnaval os organizadores da festa teimam em incluir uma tradição que consta do seguinte: Os organizadores caçam , roubam um gato, algures, e metem-no num cântaro onde fica fechado até à hora da festa, (todos sabemos que os gatos sofrem de forte claustrofobia, e, só isto é causa de grande angústia e sofrimento). Depois, no largo da festa, está um grande mastro ladeado de lenha, o cântaro é elevado por cordas até ao cimo do mastro, a seguir lançam fogo á lenha que aquece o cântaro, queima as cordas e o cântaro cai desfazendo-se em cacos; o gato (se ainda puder) corre espavorido tendo á perna a parolada toda a persegui-lo com paus para ver quem lhe acerta. Todos sabemos que os países civilizados não admitem más tradições, só as que dão alegria e bem estar a todos. Já no 3º mundo abundam as tradições em que o forte usa o fraco; Os apedrejamentos, os sacrifícios, as amputações, a escravatura, geralmente em que as vítimas são as mulheres, as crianças e os animais. Todos nós temos obrigação de colaborar na evolução do nosso país. Esperemos então que cada um de nós passe a palavra ao maior número de pessoas, e envie uma crítica a quem tem culpas desta prática.Tem o presidente da junta, que é um dos organizadores, o presidente da Câmara que concorda, o padre que abençoa a festa. e todos os que vêem, calam e consentem. As contestações isoladas de nada têm servido, pelo contrário. Temos que ser muitos a repudiar esta tradição para eles perceberem a falta de civismo.”

Pelos vistos, a resposta não se fez esperar. De tal modo que o PCMV responde a quem o contacta do seguinte modo:

“Desde segunda-feira que o meu correio electrónico é invadido por mensagens relacionadas com o assunto em epígrafe.
As mensagens em causa são de 3 tipos:
O primeiro tipo de mensagens consiste no simples reencaminhamento de uma mensagem que terá tido origem num indivíduo que já foi condenado em Tribunal por injúrias à minha pessoa, que já tem outro processo-crime em curso e que parece que ainda não percebeu que tenho princípios e valores.
O segundo tipo de mensagens procura saber se o conteúdo da mensagem corresponde ou não à verdade.
O terceiro tipo de mensagens parte directamente para a injúria ofensa.

Pedindo desculpa por ter de responder com uma mensagem tipo a todas as pessoas que me enviaram e-mails, esclareço o seguinte:
1º) Para o primeiro tipo de pessoas: a mensagem que me reencaminham é ofensiva e como já referi, provavelmente terá origem num indivíduo que já tem antecedentes criminais de injúrias à minha pessoa. Peço-vos que não continuem a reencaminhar a mensagem por ser falsa e injuriosa, sob pena de ser obrigado a procedimento criminal.
2º) Para o segundo tipo de pessoas: nunca assisti a esse acto, admito que ocorra, mas como devem perceber, não sou responsável por tudo o de bom e por tudo o de mau que ocorre no concelho a que presido. Além disso, não tenho competência nem meios para impedir que esta situação se repita. Só uma decisão judicial e a intervenção dos órgãos policiais podem evitar os actos que são relatados.
3º) Para o terceiro tipo de pessoas, que enviam mensagens insultuosas: é covardia, é de muito baixos princípios partir directamente para a ofensa, a coberto do anonimato de um e-mail, sem conhecer a realidade, sem conhecer as pessoas envolvidas. Quando se parte para a ofensa de outro ser humano, atingindo a sua honra, a honra da sua família, a sua integridade, perde-se toda a legitimidade para defender a honra dos animais. Esse mundo melhor que pretendem construir, começa desde logo em vós, nos vossos actos, nas vossas atitudes. Obviamente, não me deixam alternativa senão o procedimento criminal, para perceberem que existem leis para defesa dos animais, mas também existem lei para defesa da honra e consideração dos seres humanos.”

Recebi de um amigo esta mensagem enviada ao PCMV, que subscrevo inteiramente:

“Fico contente em saber que o Senhor não está envolvido na tortura do gato. Concordará comigo que quem é capaz de uma acção destas, também será capaz de outras bem piores, se é que fazê-lo a uma pessoa é pior do que o fazer a um animal.

Mas, pergunto: o Presidente da Câmara de um Concelho onde se pratica acto tão selvagem (que o Senhor não nega no «e-mail» de resposta) não pode mesmo fazer alguma coisa para o impedir? Não pode pedir a intervenção judicial e/ou policial?”

O que se me oferece dizer:

Começo a ficar preocupado com naturalidade com que determinados autarcas tratam estes e outros assuntos. Depois, admito que estas mensagens, podendo ter muita força, são, também, um alvo (ou meio) preferido de caluniadores e detractores de iniciativas ou de pessoas. Lamento até que o PCMV perca tanto do seu precioso tempo com questões de felídeos, prejudicando assim as suas actividades.

Queixa-se o PCMV por ter a caixa de correio cheia? Apetece-me desabafar…ainda bem!
Que pensam disto os leitores do OL?

18 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Penso que somos um país de selvagens, sem qualquer respeito pelos seres mais fracos e indefessos.

Quando se compram cães e gatos para oferecer às crianças e passado algum tempo, porque o animal cresceu, porque roeu o que lhe foi deixado à mão nas longas horas de solidão, porque os hoteis para os albergar são caros, porque é 'chato' ter que levar o cão à rua quando chove, porque limita a autonomia, porque... porque... abandona-se, deita-se no lixo como se de um peluche se tratasse.

Ninguém, mas mesmo ninguém é obrigado a ter animais domésticos mas, os que tomam essa opção, assumem um compromisso de honra para com uma vida que deles depende. Pretender o contrário é querer aliviar a consciência.

Nos países civilizados, há multas pesadas para quem abandona e tortura animais.

Anónimo disse...

A tradição já não é o que era, porra!

Sugiro que nas próximas festas, em vez do gato, metam o PCMV dentro do cântaro...

Z.B.

Isabel Magalhães disse...

Desconhece, - LAMENTAVELMENTE - o PCMV que qq pessoa, repito, qq pessoa pode chamar as autoridades e exigir que intervenham caso se esteja perante a tortura de um animal.

Somos o povo que temos! É uma triste realidade.

Unknown disse...

Sra. Isabel, quem lamenta sou eu e é por discordar de si...

Se isso fosse verdade, qualquer um de nós poderia pedir a intervenção das autoridades contra a tortura que o xô sousa está a infligir aos animais humanos portugueses...

TOMA! :)

bjs

Anónimo disse...

À conta das "Tradições" cometem-se as maiores barbaridades por esse mundo fora. Em Portugal temos a famosa, mas não menos vergonhosa, corrida à portuguesa, vulgo Tourada.
Coincidência ou não, ontem (25/1), enterrei um pequeno ratinho (raça Seberiana) que tinha morrido neste dia, num baldio próximo do Parque dos Poetas. Fui com a minha filha e fizemos a homenagem possível e digna. Era apenas um bichinho, mas tive tão ou mais pena que a menina.
Quanto a algumas pessoas (?) de Campia...Palavras para quê?

Mário

Isabel Magalhães disse...

Ó Sr. José (da boina preta!) :)))

Tem VEXA muita razão, como (quase) sempre, mas aqui os animais humanos por humanos serem têm mas é que se organizar para 'mandar cortar a perna da cadeira' do senhor sousa abre parenteses em minúsculas porque ele não merece mais fecha parenteses. Am I right or Am I right?

Nota: O acima (quase) refere-se a um pequenino fundamentalismo seu! cof. cof. cof. (Sorry! é do fumo!) ihihih.

[]
I.

Isabel Magalhães disse...

Caro Leitor Mário;

Seja bem-vindo ao nosso blog. Não sei se é assíduo e sabe da minha campanha a favor dos animais errantes, mal tratados e abandonados. Quanto à tourada, uma verdade barbárie em pleno sec XXI, há algures pelo blog um vídeo com o título 'A tortura não é arte nem cultura'.

Em relação ao acto que descreve e em que participou com as suas filhas, bem haja. Digo eu enquanto mãe e já avó recente, - porque a minha avó tb o dizia - a apalavra passa e o exemplo arrasta. É com exemplos que se educam as crianças. Infelizmente, como muito bem sabe, há muitos adultos que não são exemplo.

Obrigada pelo seu comentário

I.

M.A.R. disse...

Gostaria de saber se ainda existe um outro bárbaro jogo (?) popular que se chamava o "galo no cântaro".Vi-o na Televisão há anos atrás. Um cântaro era dependurado numa árvore com um galo dentro. Aos "candidatos", era colocada uma venda nos olhos e um pau na mão. Davam umas voltas para os desorientar e, em seguida, eram convidados a partir o cântaro à paulada. Claro que o pobre do galináceo apanhava também, por tabela e, acabava por morrer. Era então esse o trofeu entregue ao vencedor.Este episódio do gato trouxe-me à lembrança este outro do galo.Que seja altura de acabar com costumes destes!

Isabel Magalhães disse...

Amiga M.A.R.;

"Que seja altura de acabar com costumes destes!"


Voto nisso!

Abraço
I.

Unknown disse...

.

Gostava de saber se já existe legislação que proteja as baratas do bárbaro costume (tradição?) de as matar espezinhando-as com a biqueira do sapato.
Os coitados dos animais sofrem as maiores atrocidades para gáudio dos que o praticam. Será que são 'pessoas'?!

Estendo a questão à protecção dos ratos, também estes alvo de vis atrocidades cometidas por energúmenos que, de egoístas que são, apenas pensam em si próprios, e não se preocupam que aquela rata pode ter uma ninhada de pobres ratinhos pequenitos, coitadinhos, que vão morrer de fome. [aliás, não percebo como é que alguém pode detestar e tratar mal uma boa rata...]

Pensem um bocado, deixem de ser toscos e parem lá com a hipocrisia!

Um dos maiores erros de raciocínio que se podem cometer é o da generalização. Mas isto é capaz de ser muita areia...

.

Fernando Lopes disse...

Ó José António

Desculpe lá o desabafo. Creio que foi o que fez também. Não é preciso ser budista e andar com um espanador para evitar pisar uma formiga que seja. Não pretendo ser moralista mas o que eu relevo da participação do visitante Mário é a sensibilidade (que admito genuína)e a actuação pedagógica junto da sua filhota. Quanto às ratas boas ou más, contamos com a ASAE.
Dou também as boas vindas ao visistante Mário.

antonio manuel bento disse...

Após leitura atenta do texto sobre os animais devo dizer que em modo geral respeito-os elevadamente. Recordo-me sempre com saudade do meu Adolfo - cão valente e já perecido - e do terror que sempre me assombrava de cada vez que imaginava que o meu cão se poderia perder do dono e ser vilmente tomado por abandonado; indo depois certamente parar a uma dessas instituições de animais - que por muito bem intencionadas que sejam são também para os animais verdadeiras prisões; sim, porque os animais que lá estão são mortos com injecção letal quando ao fim de um tempo não são adoptados. O trabalho realizado por muitos cidadãos nessas instituições é positivo e costumo contribuir, nomeadamente com sacos de ração para cão, sempre que como cidadão sou solicitado a prestar contributo através da compra de alimentos - como aliás acontece em muitas campanhas, nomeadamente em supermercados.
Não posso deixar de passar em claro as afirmações do estimado José António - excessivas certamente e fundamentalistas de modo claro. Que outras formas sugere para matar uma barata, que não seja esborrachá-la? E uma ratazana que não seja à paulada? Já sei! Talvez apanhando os bichos com carinho e adormecê-los com éter, e depois criar-se uma instituição que os albergue - a sua casa por exemplo. E os piolhos? E as lêndeas e as carraças e as pulgas e os parasitas microscópios?!?!
Para bem do Concelho de Oeiras deveria ser criada uma rede de adopção de gatos e cães e uma instituição que dignificasse esses animais que não têm quem os aceite. Julgo que já é tempo de erradicar os ratos e as baratas do Concelho de Oeiras através de uma desinfestação séria e rigorosa, não contra os bichos, mas contra o desleixo a porcaria e a falta de limpeza que desgraça o Concelho de Oeiras - ver noticia mais antiga de contentores - e que atrai esses bichos que mais não são do que o chamado Nojo em Pé.

António Manuel Bento, um cidadão ao serviço da comunidade

Isabel Magalhães disse...

Santa ignorância confundir associações de protecção aos animais com canis municipais, esses sim, onde os animais apanhados na via pública e não resgatados ao fim de uns dias são abatidos.

As associações de protecção não têm fins lucrativos e a sua finalidade é a de acolher os animais errantes, os abandonados, e resgatar os que estão em situação de risco. Também resgatam animais dos canis municipais e procedem a campanhas de adopção. Tudo isto sem qualquer apoio governamental e apenas graças às quotas dos sócios e donativos.

Anónimo disse...

APOIADO SôR BENTO!
Abaixo o Nojo em pé, deitado, de cócoras, enfim a posição é indiferente para que se leve a cabo tão relevante tarefa.
Será que o Adolfo pereceu de morte natural ou suicidou-se por algum desgosto?
Parasitas microscópios?… Nunca vi, confesso.
Vamos lá à desinfestação… mas contra quem ou contra quê, se o Sôr diz que não " é contra os bichos"?
Pois, apanhar os animais com carinho… Não sei se, por exemplo, com flauta a acompanhar, como se atraem as cobras. Já agora, para as pulgas, eu dou uma ideia magnífica que aprendi em de S.Petersburgo. No Palácio da Catarina, a Grande, numa vitrine, estava um saquinho que segundo explicaram, as damas usavam, debaixo das saias. O saco continha mel. As pulgas eram atraídas pelo cheiro do mel e… pimba, ficavam lá presas! Elementar e genial, sôr Bento! Quer morte mais doce que esta?

Isabel Magalhães disse...

Caro anónimo [27 Janeiro, 2008 18:23]

"Abaixo o Nojo em pé, deitado, de cócoras, enfim a posição é indiferente para que se leve a cabo tão relevante tarefa.»

eheheh eheheh eheheh

Muito grata por este momento de humor. Volte mais vezes, p.f.

[]
I.

antonio manuel bento disse...

Estimado José António,

Fiquei a pensar na sua revolta por quem esborracha uma barata e fiquei curioso em saber se o estimado José António nunca teria esmagado uma melga. Apanha as melgas pelas asinhas e põe-as em liberdade? e as moscas, também não as esmaga nem usa o mata moscas?

António Manuel Bento, um cidadão ao serviço da comunidade

Laetitia disse...

É nestas alturas que penso na sorte que a minha Kitty tem. A pobre foi abandonada na rua grávida. Quando nasceu a ninhada, todos os que passavam levavam os filhotes e deixaram-na na rua ao Deus dará.
Está a fazer um ano que a tenho em casa, é meiga, é reguila, é inteligente, asseada e não destrói nada em casa.
Já não conseguimos passar sem a companhia dela.
Pena que nem todos os seres humanos tratem assim os animais.

Unknown disse...

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Parece - parece?! - que temos comentadores sem "estrutura intelectual" para INTERPRETAR um texto satírico...

Serão 'futebolistas' com o curso do CEFP da Guarda...?!

Vale mais ter graça que ser engraçado !

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