segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

cultura e mentalidades

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Esta imagem é apenas uma curiosidade, que talvez suscite a reflexão e o debate, quem sabe?


Não é em Oeiras, mas bem poderia ser. Já por cá vimos coisas similares. A fotografia foi captada em 25 de Outubro de 2007 na Rua da Atalaia, no Bairro Alto lisboeta, e parece-me valer pelo picaresco e pelo que revela sobre determinada matriz cultural e mental portuguesa (popular?).

Não garanto, mas creio que se trata duma tasca - que já vi de porta aberta. Percebe-se um autocolante 'seven-up' na porta.

Como objecto comunicacional, na minha opinião, representa uma afirmação de propriedade. Uma espécie de grito "Esta é a minha casa".

No plano cromático é absolutamente siderante e mesmo hilariante. Um amigo meu chamar-lhe-ia "cor à peixeiro".

No que diz respeito a urbanismo, património, e por aí afora, parece-me uma clara demonstração do que acontece quando as autarquias não têm planos de salvaguarda de bairros históricos, pelo menos coerentes, funcionais e eficazes. Neste caso, no que se refere ao equilíbrio cromático das fachadas dos edifícios, o que permite que cada um faça o que lhe der na real gana.

Fica aqui a fotografia para quem se quiser debruçar sobre ela e especular, p.ex. em torno do título em epígrafe.

imagem: © josé antónio / comunicação visual - CLIQUE PARA AMPLIAR

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3 comentários:

Isabel Magalhães disse...

J.;

Que posso dizer depois de tanto que disseste?

Que o país vive uma crise de autoridade a todos os níveis e que cada um faz o que lhe dá na real gana? (eu tb costumo dizer isso) :)

Que não há, ou não se aplica o plano de requalificação das zonas antigas/históricas?

Que por se tratar de uma zona 'marginal' há uma certa permissividade no que respeita à/s cor/es das fachadas?

Que a nossa cultura (aqui prefiro dizer falta dela) 'atira' um bocadinho para o mau gosto?

'Amarelo cor de peixeiro' nunca tinha ouvido dizer! Quando for comprar tintas a ver se não me esqueço de testar os conhecimentos do senhor da loja. :))))

Sempre a aprender! :)))

[]
I.

M.A.R. disse...

Até pode ser que o dono desta casa tivesse encontrado a tinta em saldo!...
"Amarelo cor de peixeiro"? Nunca tinha ouvido, na minha terra, esta cor era mais conhecida como "verde pirilim" mas não sei explicar porquê.

Fernando Lopes disse...

“A cultura é o produto do pensamento do Homem” (alguém disse e não foi o Só Crates)

Sem aprofundar esta ideia, sugerida pelo título dado ao artigo do José António, diria que cultura e mentalidade andam de par. Também sabemos que de todas as estruturas estas (mentalidades) são as que levam mais tempo a alterar. Fazem-se revoluções políticas, até económicas. Mas de mentalidades? Que o diga o 25 de Abril!
O emigrante constrói a sua "maison", porque o deixam construir. Ele não faz mais do que tentar reproduzir aquilo que viu fazer, ou que ajudou a fazer. Reboca-se uma casa de pedra na Beira Baixa e quando pergunto porquê, respondem-me “…porque assim é mais bonito!”.
Nós em Oeiras até temos um Plano de Salvaguarda que pretende proteger núcleos antigos, edifícios e monumentos notáveis. Não há muito, interpelei a responsável pelo Departamento da CMO sobre a circunstância da sua alteração, ou não, por via da revisão do PDM prevista para este ano. As respostas não foram concludentes. Parece-me que salvaguardada a boa vontade, o profissionalismo de alguns é limitado pela sacrossanta e poderosa “construção incivilizada”.
Quanto à foto e ao “significado da cor da pintura” é giro. Quero dizer a ideia não a cor.
Lembro-me, aqui há uns anos, de um amarelo “pudim”, com que pintaram a Cordoaria Nacional! Mas também me ocorre que o amarelo “canário” do Terreiro do Paço foi descoberto num quadro no Brasil há algum tempo atrás, sabiam? Bom, mas disto de arte e de pintura sabem os meus amigos muito mais que eu.