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Esta imagem é apenas uma curiosidade, que talvez suscite a reflexão e o debate, quem sabe?
Não é em Oeiras, mas bem poderia ser. Já por cá vimos coisas similares. A fotografia foi captada em 25 de Outubro de 2007 na Rua da Atalaia, no Bairro Alto lisboeta, e parece-me valer pelo picaresco e pelo que revela sobre determinada matriz cultural e mental portuguesa (popular?).
Não garanto, mas creio que se trata duma tasca - que já vi de porta aberta. Percebe-se um autocolante 'seven-up' na porta.
Como objecto comunicacional, na minha opinião, representa uma afirmação de propriedade. Uma espécie de grito "Esta é a minha casa".
No plano cromático é absolutamente siderante e mesmo hilariante. Um amigo meu chamar-lhe-ia "cor à peixeiro".
No que diz respeito a urbanismo, património, e por aí afora, parece-me uma clara demonstração do que acontece quando as autarquias não têm planos de salvaguarda de bairros históricos, pelo menos coerentes, funcionais e eficazes. Neste caso, no que se refere ao equilíbrio cromático das fachadas dos edifícios, o que permite que cada um faça o que lhe der na real gana.
Fica aqui a fotografia para quem se quiser debruçar sobre ela e especular, p.ex. em torno do título em epígrafe.
imagem: © josé antónio / comunicação visual - CLIQUE PARA AMPLIAR
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3 comentários:
J.;
Que posso dizer depois de tanto que disseste?
Que o país vive uma crise de autoridade a todos os níveis e que cada um faz o que lhe dá na real gana? (eu tb costumo dizer isso) :)
Que não há, ou não se aplica o plano de requalificação das zonas antigas/históricas?
Que por se tratar de uma zona 'marginal' há uma certa permissividade no que respeita à/s cor/es das fachadas?
Que a nossa cultura (aqui prefiro dizer falta dela) 'atira' um bocadinho para o mau gosto?
'Amarelo cor de peixeiro' nunca tinha ouvido dizer! Quando for comprar tintas a ver se não me esqueço de testar os conhecimentos do senhor da loja. :))))
Sempre a aprender! :)))
[]
I.
Até pode ser que o dono desta casa tivesse encontrado a tinta em saldo!...
"Amarelo cor de peixeiro"? Nunca tinha ouvido, na minha terra, esta cor era mais conhecida como "verde pirilim" mas não sei explicar porquê.
“A cultura é o produto do pensamento do Homem” (alguém disse e não foi o Só Crates)
Sem aprofundar esta ideia, sugerida pelo título dado ao artigo do José António, diria que cultura e mentalidade andam de par. Também sabemos que de todas as estruturas estas (mentalidades) são as que levam mais tempo a alterar. Fazem-se revoluções políticas, até económicas. Mas de mentalidades? Que o diga o 25 de Abril!
O emigrante constrói a sua "maison", porque o deixam construir. Ele não faz mais do que tentar reproduzir aquilo que viu fazer, ou que ajudou a fazer. Reboca-se uma casa de pedra na Beira Baixa e quando pergunto porquê, respondem-me “…porque assim é mais bonito!”.
Nós em Oeiras até temos um Plano de Salvaguarda que pretende proteger núcleos antigos, edifícios e monumentos notáveis. Não há muito, interpelei a responsável pelo Departamento da CMO sobre a circunstância da sua alteração, ou não, por via da revisão do PDM prevista para este ano. As respostas não foram concludentes. Parece-me que salvaguardada a boa vontade, o profissionalismo de alguns é limitado pela sacrossanta e poderosa “construção incivilizada”.
Quanto à foto e ao “significado da cor da pintura” é giro. Quero dizer a ideia não a cor.
Lembro-me, aqui há uns anos, de um amarelo “pudim”, com que pintaram a Cordoaria Nacional! Mas também me ocorre que o amarelo “canário” do Terreiro do Paço foi descoberto num quadro no Brasil há algum tempo atrás, sabiam? Bom, mas disto de arte e de pintura sabem os meus amigos muito mais que eu.
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