sábado, 19 de janeiro de 2008

nem uma gota se perdeu...

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ou... É TÃO GIRO VIVER EM OEIRAS !


Esta deliciosa história, garantiram-me que verídica, foi-me contada por quem a ela assistiu, e confirmada por outrem que também lá estava, no recente dia 9 de Janeiro de 2008.

Não sei há quanto tempo ocorreu, não terá sido há muito, nem conheço a identidade da actriz principal, aliás pormenor de somenos.
O local é o quiosque amarelo Inter Shop, logo à esquerda da saída do lado-mar da Estação de caminho-de-ferro de Oeiras. Quiosque que, a quem o conhece e frequenta, costumo designar por 'o quiosque da Graça' (esposa do dono).

Por não ter tido tempo para almoçar, parei no mencionado quiosque, pois eu ia apanhar o comboio para Lisboa para ir trabalhar, e precisava de comer uma bucha. Uma sandes de queijo, uma mini e uma bica, que não havia tempo para muito mais. Nota: porquê ali e não no café junto da minha casa? A resposta é simples e óbvia: Sou fumador, pois...

Além da D. Graça, estava lá um cliente habitual cujo nome desconheço, e que foi quem com imensa piada me contou o episódio a que tinha assistido, corroborado pela D. Graça.
Confesso que perdi a pressa e pedi mais uma mini, para curtir a história integralmente e não perder pitada. Ei-la:

A Amélia frequenta diariamente aquele quiosque em dias e horas regulares. Presumo que em passagem de ida e volta casa-trabalho ou outra actividade. Talvez seja utilizadora do comboio. Poderá morar na Medrosa, visto que utiliza a camioneta que penso seja a 471.
A D. Graça referiu mesmo que a determinada hora costuma ter já pronta a sandes que a Amélia come.
Naquele dia, como de costume (regresso?), a Amélia apareceu no quiosque para beber a bica habitual e depois apanhar a camioneta na paragem próxima, a uns 25 metros.
A D. Graça tirou a bica e colocou-a sobre o balcão à sua frente.
Amélia pegou no pires e na chávena, e preparava-se para beber a bica quando olhou na direcção da paragem da camioneta, viu que esta se aproximava e de súbito, sem dizer água vai, ante o olhar atónito, estupefacto, das pessoas que lá estavam, saiu a correr direita à camioneta de pires e chávena na mão!
Conseguiu chegar lá sem deixar cair a loiça e sem entornar uma gota sequer e entrou na camioneta. Sem pressa alguma sentou-se, ao mesmo tempo que a camioneta iniciava a marcha, e com a maior das calmas, cheia de prazer, bebeu a bica.
Voltou ao quiosque dois ou três dias depois para entregar o pires e a chávena!

nota: Amélia é nome fictício.

imagem: © josé antónio 2008 - CLIQUE PARA AMPLIAR
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5 comentários:

Isabel Magalhães disse...

Conclusão: a carreira supra citada deve ser pouco frequente. :)




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I.

Fernando Lopes disse...

Este instantâneo do quotidiano é delicioso como o café era de certeza para Amélia.
Já agora. A chávena não estaria escaldada? Se assim fora, está tudo justificado.
Um abraço José António

Unknown disse...

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Histórias picarescas e caricatas oiço todos os dias. É apenas questao de frequentar os sitios certos.
São 'instantes' da vida das pessoas, muitos dos quais revelam a mentalidade, a cultura e o ambiente social em que vivemos.
Sempre que consigo, procuro não me esquecer destas histórias e relatá-las.

Tenho uma 'alucinante' para a qual ainda não tive nem tempo nem espírito para a verter em prosa.
"Deus me ajude" (ou seja lá quem for) a consegui-lo um dia.

É verídica e assisti a ela.
Um sujeito, que talvez já nem exista, que frequentava o centro da vila nos idos 70's era tido por todos como 'maluquinho'.
Bem, que apresentava certo desiquilíbrio é verdade.
Pois um dia em que o encontrámos, ele estava dentro duma cabina telefónica no largo da vila a telefonar para a mãe (que já tinha morrido) e que segundo ele estava na LUA !!

Lá estava o pobre coitado dentro da cabina a telefonar para a Lua, de auscultador na orelha a FALAR com a mãe, e nós do lado de fora a gozar o prato...

instantes.

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Anónimo disse...

A Amélia teve sorte em não aparecer a ASAE senão tinha apreendido a chavena pois dentro da camioneta não é lugar para tomar a bica.

Clotilde Moreira

Laetitia disse...

Eu assisti a uma cena de uma colega que despejou o pacote de açúcar em cima da carteira e meteu a chávena dentro da mala.
Note-se que a chávena estava com o café ainda...