domingo, 13 de janeiro de 2008

A Noruega e a Democracia Social

Paisagem típica da Noruega

(Monarquia Constitucional com Democracia Parlamentar)

"Na Noruega, o horário de trabalho começa cedo (às 8 horas) e acaba cedo (às 15.30). As mães e os pais noruegueses têm uma parte significativa dos seus dias para serem pais, para proporcionar aos filhos algo mais do que um serão de televisão ou videojogos. Têm um ano de licença de maternidade e nunca ouviram falar de despedimentos por gravidez. A riqueza que produzem nos seus trabalhos garante-lhes o maior nível salarial da Europa. Que é também, desculpem-me os menos sensíveis ao argumento, o mais igualitário. Todos descontam um IRS limpo e transparente que não é depois desbaratado em rotundas e estatuária kitsh, nem em auto-estradas (só têm 200 quilómetros dessas «alavancas de progresso»), nem em Expos e Euros. É tempo de os empresários portugueses constatarem que, na Noruega, a fuga ao fisco não é uma «vantagem competitiva». Ali, o cruzamento de dados «devassa» as contas bancárias, as apólices de seguros, as propriedades móveis e imóveis e as «ofertas» de património a familiares que, em Portugal, país de gentes inventivas, garantem anonimato aos crimes e «confundem» os poucos olhos que se dedicam ao combate à fraude económica. Mais do que os costumeiros «bons negócios», deviam os empresários portugueses pôr os olhos naquilo que a Noruega tem para nos ensinar. E, já agora, os políticos. Numa crónica inspirada, o correspondente da TSF naquele país, afiança que os ministros não se medem pelas gravatas, nem pela alta cilindrada das suas frotas. Pelo contrário, andam de metro, e não se ofendem quando os tratam por tu. Aqui, cada ministério faz uso de dezenas de carros topo de gama, comvidros fumados para não dar lastro às ideias de transparência dos cidadãos. Os ministros portugueses fazem-se preceder de batedores motorizados, poluem o ambiente, dão maus exemplos e gastam a rodos o dinheiro que escasseia para assuntos verdadeiramente importantes. Mais: os noruegueses sabem que não se «projecta o nome do país» com despesismos faraónicos, basta ser-se sensato e fazer da gestão das contas públicas um exercício de ética e responsabilidade. Arafat e Rabin assinaram um tratado de paz em Oslo. E, que se saiba, não foi preciso desbaratarem milhões de contos para que o nome da capital norueguesa corresse mundo por uma boa causa. Até os clubes de futebol noruegueses, que pedem meças aos seus congéneres lusos em competições internacionais, nunca precisaram de pagar aos seus jogadores 400 salários mínimos por mês para que estes joguem à bola. Nas gélidas terras dos vikings conheci empresários portugueses que ali montaram negócios florescentes. Um deles, isolado numa ilha acima do círculo polar Árctico, deixava elogios rasgados à «social-democracia nórdica». Ao tempo para viver e à segurança social. Ali, naquele país, também há patos-bravos. Mas para os vermos precisamos de apontar binóculos para o céu. Não andam de jipe e óculos escuros. Não clamam por messias nem por prebendas. Não se queixam do «excessivo peso do Estado» para depois exigirem isenções e subsídios. É tempo de aprendermos que os bárbaros somos nós! Seria meio caminho andado para nos civilizarmos"
...
De um texto e imagem recebidos por mail

8 comentários:

Ricardo Gomes da Silva disse...

E depois dizem que as monarquias são piores do que as republicas.

Os nossos politicos são é muito espertos e o povo é miope

bem haja

Isabel Magalhães disse...

Amigo Fernando Lopes;

Embora já conhecesse o texto sinto-me grata por ver que mais alguém defende aquilo em que acredito.

Não tenho espírito de emigrante e o clima nórdico também não me diz muito, - tirando aquele mês de Primavera que eles têm no Verão - mas confesso que me agrada a ideia de viver num país assim.

Anónimo disse...

Não acreditem em tudo o que lêem... não se esqueçam que esses senhores do Norte, quando vêm cá de férias ao Sul, vão para lá dizer aos amigos que Portugal e Espanha são países lindos, onde é tão bom viver.
Há coisas boas, muito melhores do que cá, é verdade, mas a Noruega, a Finlândia, a Suécia e todos esses países não são o Paraíso de que se fala, meus senhores...

Isabel Magalhães disse...

Há quem nunca tenha ido a 'Cacilhas' e depois 'diga' o que de seguida desdiz...

Problemas nos países nórdicos? Claro que sim! Quem lê, quem viaja, quem por motivos profissionais faz uma vivência mais próxima dos estrangeiros sabe isso. Sabe também que não é disso que o post do Fernando Lopes trata.

Portugal é muito bom para viver, em férias, com dinheiro 'vivo' ganho em países onde os ordenados são altos, onde há uma melhor redistribuição da riqueza, onde os aumentos salariais são superiores à inflação, onde há transparência nos impostos, onde o subsídio de desemprego é tal que permite viajar e fazer férias nos países pobres do sul da europa onde o clima e a alimentação mediterrânica são atractivos e funcionam como cartaz turístico.

É realmente 'tão bom viver aqui'... de férias e com dinheiro!

Fernando Lopes disse...

Confesso que não sei muito sobre a História da Noruega.
Mas tinha a ideia de que o séc XIX foi crucial para o desenvolvimento do ensino nos países nórdicos em geral (não esqueçamos que até meados do ses XX cerca de 50% da população portuguesa era iletrada). Tal na minha opinião vai marcar a diferença. Um povo cada vez mais instruído tende a ser cada vez mais livre e capaz de conquistas sociais perfeitamente compatíveis com o crescimento económico e o desenvolvimento.

Anónimo disse...

O Sr. quererá antes dizer que em 1974 67% dos portugueses era analfabetos...

Fernando Lopes disse...

Confesso que tinha de memória. Mas a ser assim será mais fácil compreender a realidade actual.
Obrigado pelo contributo ao anónimo.

Curiosidade. Hoje de madrugada, mos "Prós e Contras da RTP", a propósito do aeroporto em "ALCOCHETEJAMÉ", a comparação foi feita, precisamente com a Noruega. Porque será?

Anónimo disse...

Sem conhecer a Noruega, aposto que a esmagadora maioria da população daquele país tem uma coisa que cá pouca gente tem: orgulho do seu país e vontade de fazer cada vez melhor.
É essa a grande diferença entre os povos actuais no mundo. Quando nós, Portugueses, nos dedicámos à epopeia dos Descobrimentos, fomos a maior potência do mundo.
Depois caímos no marasmo em que outros cairão no futuro (EUA, países nórdicos, Canadá), por acharem que são os melhores.
A História é cíclica, e diz-nos que os povos resignados e pouco ambiciosos nunca foram muito longe.
Com a mentalidade que leio nestes textos, acho que Portugal está condenado a desaparecer, a não ser que venha outro Infante D. Henrique ou Marquês de Pombal para animar as hostes.