terça-feira, 1 de janeiro de 2008

MAS AS CRIANÇAS

Retrato de Augusto Gil © IMC/DDF, Fotógrafo José Pessoa
Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) Segunda Década do Século XX Óleo s/ tela 68 x 56 cm Proveniência: Desconhecida Inventário: 1015

"Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!..."


Pois é...Ano Novo...e a vida de luta continua.

Sendo assim, não venha alguém acusar o O.L. de descurar os problemas do nosso Concelho, voltamos a um assunto que não pode deixar de tocar todos nós e que já foi muito bem referenciado no Público e aqui citado, no dia 30 do ano passado , pela cidadã atenta Maria Clotilde Moreira, sob o título HÁ FOME EM OEIRAS.

Sugiro a leitura do Relatório sobre um estudo recente feito à população escolar (4º ano), em baixo, de uma estagiária (técnica de Assistência Social) na Junta de Freguesia de Caxias, de que remetemos a seguir um excerto:

"Do total das crianças abordadas, 78% afirmaram fazer por dia quatro ou mais refeições, considerando o primeiro valor como o número de refeições ideal para que as crianças tenham um bom desenvolvimento. Relativamente às restantes crianças, 11 alegaram fazer três refeições diárias e 6 crianças disseram ainda que só comem duas vezes por dia. Estes últimos valores apesar de baixos são preocupantes uma vez que ainda há muitas crianças que fazem um número reduzido de refeições. Por muito ricas que sejam as refeições por eles consumidas, estas deveriam ser feitas com mais regularidade. Ainda relativamente a este assunto, consideramos importante referir que as crianças que afirmaram fazer apenas duas refeições diárias, não especificaram quais são. No caso das crianças cuja resposta foi três refeições, deparámo-nos com a inexistência ou do pequenoalmoço ou do jantar."

Relatório

Poema "Balada da Neve de Augusto Gil" com os agradecimentos a: http://fumacas.weblog.com.pt/
Com os agradecimentos ao sítio do Museu da Guarda:


3 comentários:

Unknown disse...

.

Caro Fernando,

Parabéns por este oportuno post.
Retrata uma realidade que persiste em ser escamoteada.

11%...
Não estamos a falar de uma ou duas excepções ou de meia dúzia de garotos dum bairro social. Trata-se de um valor que aplicado à população escolar do nosso concelho representa alguns milhares de crianças.
Além de que ao remeter para o 4º ano, se refere a crianças que rondam os 10 anos de idade, logo uma idade muito sensível no que respeita a alimentação saudável.

Não se fazem omeletes sem ovos e não há bom rendimento escolar com crianças mal nutridas.

Abraço

.

Fernando Lopes disse...

Caro José António

Nem que fosse uma criança apenas.
Não estamos, julgo eu, num país do Terceiro Mundo.
Esta técnica, que julgo não viu renovado o tempo de estágio, fez um excelente trabalho.
Se as pessoas se derem ao trabalho de lerem o Relatório (pequeno até)vão ver indícios de situações (comportamentos) tão ou mais graves que, muito bem, são levantadas.
Por outro lado, estamos a falar de uma população diferenciada.
Quantas situações haverá de pais que perdem o emprego, ficam doentes, etc...e não têm família por perto. E a pobreza envergonhada.
Um país não precisa ser rico. Apenas precisa ser organizado e justo. Onde pagar impostos deixe de ser apenas prós parvos e onde os corruptos de alto coturno passem a temer a justiça. Enfim, já me estou a passar...

Isabel Magalhães disse...

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças (...)

F.P.